Páginas

domingo, 2 de agosto de 2015

A revolta e a ingratidão

Conta-se que uma jovem cega vivia revoltada, detestando-se a si própria por ser cega. Apenas gostava do seu namorado que a protegia com toda a dedicação.

Um dia disse-lhe que se casaria com ele se pudesse ficar curada, se pudesse ter olhos para ver o mundo. Como alguém lhos doou, ela repudiou o namorado quando viu que também era cego; ela não sabia, que os olhos que agora tinha, primeiro foram dele, que num sublime acto de amor lhos tinha doado. Parece ser muitas vezes assim, o comportamento humano que se revolta e não percebe os benefícios de sermos gratos; quando as situações mudam esquecemo-nos rapidamente do que prometemos, do que devemos, dos amigos… e principalmente de que a vida é o maior dom que possuímos.

Quando vociferamos pensamos porventura que há quem não possa falar?

Quando não gostamos da comida pensamos que há quem não tenha nada para comer?

Quando alguém próximo nos aborrece pensamos nos que não têm ninguém?

Quando nos queixamos do trabalho pensamos nos que não o têm?

Quando estragamos ou poluímos, quando desperdiçamos, sejam coisas, seja a natureza, o campo ou o mar, pensamos nos que não podem ver a beleza duma seara ou a imensidão do oceano? Nos que não podem ouvir a voz do vento ou o sibilar do riacho, o canto dos passarinhos?

Diz o Papa na encíclica “Laudato si” para nos determos a pensar no que está a acontecer à nossa casa comum a Terra e é fantástico como expõe de um modo simples tantos problemas ecológicos que nos afectam.

E quando nos queixamos da vida, da velhice, da dor e da doença, pensamos naqueles que morreram na flor da juventude?

É provável que facilmente se esqueça; no fundo somos todos um pouco assim, mas também é verdade que todos estamos a tempo de melhorar. 

Diz-nos também o Papa na encíclica “Lumen Fidei” que “A luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo. Os que sofrem foram mediadores de luz para tantos homens e mulheres de fé; O leproso para S Francisco de Assis, os pobres para a beata Teresa de Calcutá… A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz”.

 








Maria Teresa Conceição, professora aposentada




Sem comentários:

Enviar um comentário