Àquele que nos ama e pelo Seu Sangue nos libertou do pecado e fez de nós um Reino de Sacerdotes para Deus Seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos! Ei-l’O que vem entre as nuvens e todos os olhos O verão, também aqueles que O trespassaram.
Senhor Vigário-Geral, Excelentíssimos Senhores
Cónegos, reverendos Presbíteros e Diáconos, caros Seminaristas, estimados Religiosos
e Religiosas, caríssimos fiéis leigos e leigas:
1 - Com estas palavras que escutámos na segunda leitura, tirada do Apocalipse de S. João, quero saudar, neste dia, a todos vós, como membros do Reino de Sacerdotes fundado por Cristo para servirmos a Deus nosso Pai. Somos membros deste Reino de Sacerdotes porque fomos escolhidos por Jesus Cristo, por Aquele que nos ama. A missão à qual fomos destinados pela Sua Eleição consiste precisamente, e antes de tudo o mais, em darmos testemunho do Seu Amor para connosco. Sim! É verdade que Ele nos ama, também e sobretudo quando, pelas nossas infidelidades, não O sabemos amar e O servimos tão mal. Somos membros que participamos do Seu Corpo e da Sua missão profética, sacerdotal e real. Revestidos de fraqueza, levamos este tesouro espiritual em vasos de barro, para servirmos os nossos irmãos e irmãs na fé e os ajudarmos a ser e a agir como verdadeiros filhos de Deus.
Esta pequena e imensa leitura do livro do Apocalipse que hoje escutámos renova em nosso espírito a consciência da dignidade de membros da família de Deus. Quem somos nós, caros irmãos e irmãs, que somos chamados a constituir este Reino de Sacerdotes?
2 – Pelo Seu Sangue, Cristo libertou-nos dos nossos pecados. A vida cristã outra coisa não é senão a Páscoa, a passagem de uma vida de pecado e de escravidão para a vida da graça própria dos filhos de Deus. Porque Ele é a nossa Páscoa, essa passagem é feita por Cristo, com Cristo e em Cristo. É unindo-nos a Ele, Filho de Deus, comungando o Seu Corpo e o Seu Sangue, que aprendemos a ser e a viver como verdadeiros cristãos.
Se reparamos bem, nesta frase do livro do Apocalipse em que se fala de que Cristo fez de nós um Reino de Sacerdotes, vemos que antes está escrito que Ele nos libertou dos nossos pecados. Estar libertos do pecado é, caros irmãos, condição para podermos exercer o Sacerdócio de Cristo. Mas se somos pecadores e pecamos diariamente, como podemos afirmar que estamos libertos dos nossos pecados? A Igreja convida-nos diariamente a confessarmos que somos pecadores, ou seja, a desligarmo-nos, pela confissão, das nossas más ações. Como sabeis, uma coisa é sermos pecadores por debilidade, da qual nos levantamos apoiados na misericórdia do Senhor, outra coisa é sermos pecadores inveterados que se justificam a si mesmos e aos seus pecados.
Peçamos ao Senhor, caros padres e diáconos, a graça de sempre nos levantarmos das nossas quedas, para que em nós se manifeste o poder de Deus que nos livra dos nossos pecados e nos concede o Seu Espírito. Assim poderemos realizar a missão grandiosa que o Senhor nos atribui como Seus sacerdotes, missão referida pelas palavras seguintes: Ei-l’O que vem entre as nuvens e todos os olhos O verão, também aqueles que O trespassaram.
1 - Com estas palavras que escutámos na segunda leitura, tirada do Apocalipse de S. João, quero saudar, neste dia, a todos vós, como membros do Reino de Sacerdotes fundado por Cristo para servirmos a Deus nosso Pai. Somos membros deste Reino de Sacerdotes porque fomos escolhidos por Jesus Cristo, por Aquele que nos ama. A missão à qual fomos destinados pela Sua Eleição consiste precisamente, e antes de tudo o mais, em darmos testemunho do Seu Amor para connosco. Sim! É verdade que Ele nos ama, também e sobretudo quando, pelas nossas infidelidades, não O sabemos amar e O servimos tão mal. Somos membros que participamos do Seu Corpo e da Sua missão profética, sacerdotal e real. Revestidos de fraqueza, levamos este tesouro espiritual em vasos de barro, para servirmos os nossos irmãos e irmãs na fé e os ajudarmos a ser e a agir como verdadeiros filhos de Deus.
Esta pequena e imensa leitura do livro do Apocalipse que hoje escutámos renova em nosso espírito a consciência da dignidade de membros da família de Deus. Quem somos nós, caros irmãos e irmãs, que somos chamados a constituir este Reino de Sacerdotes?
2 – Pelo Seu Sangue, Cristo libertou-nos dos nossos pecados. A vida cristã outra coisa não é senão a Páscoa, a passagem de uma vida de pecado e de escravidão para a vida da graça própria dos filhos de Deus. Porque Ele é a nossa Páscoa, essa passagem é feita por Cristo, com Cristo e em Cristo. É unindo-nos a Ele, Filho de Deus, comungando o Seu Corpo e o Seu Sangue, que aprendemos a ser e a viver como verdadeiros cristãos.
Se reparamos bem, nesta frase do livro do Apocalipse em que se fala de que Cristo fez de nós um Reino de Sacerdotes, vemos que antes está escrito que Ele nos libertou dos nossos pecados. Estar libertos do pecado é, caros irmãos, condição para podermos exercer o Sacerdócio de Cristo. Mas se somos pecadores e pecamos diariamente, como podemos afirmar que estamos libertos dos nossos pecados? A Igreja convida-nos diariamente a confessarmos que somos pecadores, ou seja, a desligarmo-nos, pela confissão, das nossas más ações. Como sabeis, uma coisa é sermos pecadores por debilidade, da qual nos levantamos apoiados na misericórdia do Senhor, outra coisa é sermos pecadores inveterados que se justificam a si mesmos e aos seus pecados.
Peçamos ao Senhor, caros padres e diáconos, a graça de sempre nos levantarmos das nossas quedas, para que em nós se manifeste o poder de Deus que nos livra dos nossos pecados e nos concede o Seu Espírito. Assim poderemos realizar a missão grandiosa que o Senhor nos atribui como Seus sacerdotes, missão referida pelas palavras seguintes: Ei-l’O que vem entre as nuvens e todos os olhos O verão, também aqueles que O trespassaram.
3 - Queridos irmãos e irmãs, esperamos a vinda do Senhor: Ele virá um dia, para julgar os vivos e os mortos. Mas o texto que escutámos há momentos, diz-nos que Ele vem, no presente. E que vem entre as nuvens. Certamente sabeis que na interpretação simbólica da Escritura, as nuvens que trazem a chuva são os Apóstolos que, com a sua pregação, alimentam a vida espiritual dos fiéis, fazendo Cristo crescer, florescer e frutificar nas suas vidas. Hoje Cristo chega à vida das pessoas, por meio da Palavra, dos Sacramentos e do testemunho de vida que nós – bispos, padres e diáconos – lhes ministramos, e também por meio do bom testemunho e das palavras de todos os fiéis batizados. Somos embaixadores de Cristo, como afirma São Paulo e assim não vivemos para nós mesmos, mas para o Senhor e para os nossos irmãos. Todos O verão, glorioso ou desfigurado, engrandecido ou diminuído, derrotado ou vitorioso. Em grande parte depende de mim e de vós, caros padres e diáconos, que Cristo se manifeste hoje de uma ou de outra maneira. Depende do modo como o vivemos e celebramos, do modo como o anunciamos. Não vivemos tempos fáceis, mas a fé leva-nos a ver e a viver Cristo como Aquele que venceu a morte, a nossa morte, e nos dá a própria vida no Seu Sangue derramado. Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Não podemos ser sacerdotes, nem cristãos, se não testemunhamos aos irmãos este Amor característico de quem, pela fé em Cristo, já venceu a morte.
4 – O nosso trabalho de pastores, de pastores de almas tem como objetivo edificar a Igreja. Trata-se de formar cristãos que se vejam a si mesmos como transeuntes, como peregrinos em terra estranha, em busca da Cidade Eterna. De pouco vale uma fé que não se abre ao dinamismo da esperança sobrenatural, da esperança no cumprimento das promessas de Cristo. Só o Amor é digno de fé, só o Amor semeado em nossos corações, que tem dinamismo para se desenvolver e frutificar, deve ser o objeto da nossa fé e da nossa esperança. Trata-se de realidades sobrenaturais, divinas, que não podemos substituir por outras realidades terrenas, por deslumbrantes que se nos apresentem. A vida eterna que Jesus nos promete e nos oferece deve ser anunciada corajosamente por nós. Religiões há muitas, e todas elas, bem praticadas, oferecem coisas boas aos seus fiéis. Mas o cristianismo, mais do que uma religião, é a irrupção da vida de Jesus, o Filho de Deus, em nossas vidas, é o aparecimento da eternidade no tempo presente, é a experiência concreta de que o Amor fraterno é possível. O Amor é o futuro da humanidade. Se temos tanto para anunciar, porque falamos tão pouco? Porque fazemos tão pouco? Porque damos tão pouco e tão mal? Caros padres e diáconos: perdoai-me que vos fale assim. Creio que a débil situação presente da Igreja no Baixo Alentejo não é fruto apenas do atual processo histórico da Igreja na Europa. É-o, certamente, mas todos nós, a começar por mim, temos as nossas culpas. Convertamo-nos, irmãos, convertamo-nos ao Senhor, nosso Deus. Como podemos ler nos Padres da Igreja Antiga, apaixonemo-nos por Cristo Nosso Senhor, e grandes multidões nos seguirão. Demos a Deus o que é de Deus, ofereçamos-Lhe diariamente a oração, nossa e do povo que nos foi confiado. Alimentemo-nos diariamente com o pão vivo descido do Céu, que é o Corpo do Seu Filho inteiramente entregue por nós, fazendo a vontade do Pai. Não nos contentemos com realizar os Sacramentos, mas preparemo-los bem, tendo em vista o bem espiritual dos fiéis. Sejamos pastores com o cheiro das ovelhas, porque vivemos com elas e para elas, e com elas caminhamos, na presença do Senhor, para o redil do Reino dos Céus.
Sem esta vivência da Fé em comunidades vivas, não podemos testemunhar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo a estas multidões de ovelhas sem pastor que habitam a nossa diocese. A Igreja que foi delineada no Concílio Segundo do Vaticano e que nos cabe a nós edificar, é uma realidade sinodal, não clerical. O clericalismo, de que o Concílio de Trento se serviu para a renovação da Igreja nos séculos XVI e seguintes, é hoje uma perigosa doença, contra a qual os papas, desde São João XXIII e São Paulo VI até ao atual papa Francisco, têm lutado corajosamente. Apesar das dificuldades da nossa formação, caros padres, não sejamos clericais. Nas nossas paróquias tenhamos muito cuidado em evitar atitudes de clericalismo e promovamos a vida comunitária por meio da qual a Igreja se pode afirmar como um povo que caminhando junto para a Pátria Celeste, se assume novamente como vanguarda da humanidade.
5 – Caros presbíteros, ireis fazer já de seguida a renovação anual das vossas promessas sacerdotais. Ponde toda a vossa alma nesta renovação, para que, por meio dela, o Senhor vos ajude nas vossas dificuldades e fraquezas. Abri os vossos corações ao Seu Espírito Santificador. Apoiados n’Ele, não desistais, não desistamos de ser santos. Ele, Cristo, é o Alfa e o Ómega, Aquele que é, que era e que há-de vir. A Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen.
+ J. Marcos, bispo de Beja
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