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quarta-feira, 31 de março de 2021

Deixemos de viver para nós mesmos!


 MENSAGEM DA PÁSCOA

Diocese de Beja, 2021

Deixemos de viver para nós mesmos!

Queridos irmãos e amigos:

Também neste ano, a pandemia quase nos impede de celebrarmos as Solenidades Pascais. Mas vamos celebrá-las, pois, sem elas, não conseguimos viver bem. Sem elas, não podemos ver bem o chão que pisamos. Nelas resplandece a luz nova que dissipa as trevas do mundo. Nelas, mortos para o pecado, ressuscitamos com Cristo para a Vida nova do Espírito. Nelas, pela renovação das promessas do Batismo, é a nossa condição de filhos de Deus e herdeiros da Vida Eterna que se renova. Elas são a Fonte da Salvação da qual nos aproximamos para beber a água da Vida. E assim, com os condicionamentos deste tempo de pandemia, vamos celebrar a Páscoa, a festa das festas!

Desde os tempos mais remotos, tem sido celebrada na primeira lua cheia depois do equinócio da primavera, marcando assim o começo do novo ano. A imolação ritual de um cordeiro e os pães ázimos, sem fermento, que são comidos pelos israelitas durante a semana pascal, remontam a esses tempos longínquos. Para o povo de Israel, a Páscoa ganhou um sentido político, pois nela Deus passou no Egito para o libertar da escravidão e fez com ele uma aliança de amor, pela qual lhe assegurou a entrada e a posse da Terra que prometera a Abraão, a Isaac e a Jacob. Mas porque celebramos a Páscoa, nós que não somos judeus e vivemos no século XXI?

Deus criou-nos para sermos felizes. E somo-lo amando e sendo amados. Mas amar, mais do que cultivar e exprimir sentimentos de afeto, é morrermos para nós próprios, é darmos a vida por aqueles que amamos. Se somos escravos do medo de morrer, não podemos dar a nossa vida a ninguém: fechamo-nos em nós mesmos e tornamo-nos egoístas, ou seja, vivemos para nós próprios. E os nossos relacionamentos errados com os outros fazem das nossas vidas um inferno do qual não conseguimos libertar-nos, ainda que muito o desejemos, porque estamos escravos do medo de morrer. Dessa escravidão surgem as mentiras, os roubos, os adultérios, as guerras e todos os pecados que reduzem o mundo a um mar de sofrimentos, sobretudo para os mais fracos e pobres. E quem, e como, poderia modificar este estado de coisas?

A nossa Páscoa é Cristo. Morrendo, Ele destruiu a nossa morte, livrou-nos do medo de morrer e, ressuscitando, abriu para nós as portas da Vida Eterna. Em Jesus Nosso Senhor, a Páscoa adquiriu a sua dimensão plena, pois é universal a escravidão do medo de morrer. Se te reconheces pecador e indigno, caro irmão, vem celebrar a Páscoa connosco! Para ti, assim como és, assim como estás, o Senhor Jesus Cristo passa nestas celebrações para te ressuscitar e dar a vida. Quando, no dia da Ressurreição, apareceu vivo no meio dos seus discípulos, Jesus não os censurou por terem fugido e O terem negado. Saudou-os com estas palavras: a paz esteja convosco! Soprou sobre eles e disse-lhes: recebei o Espírito Santo! Os pecados ficarão perdoados àqueles a quem os perdoardes, e ficarão retidos àqueles a quem os retiverdes (Jo 20,22-23). Este remédio do perdão dos pecados, fruto da Páscoa de Jesus, é a semente que, germinando, tem ajudado a transformar o mundo.

A missão da Igreja consiste precisamente nisto: em anunciar o perdão dos pecados, dar o Espírito Santo e reconciliar as pessoas com Deus e com o próximo. A fé cristã, pela qual nos tornamos filhos adotivos de Deus é a base desta vida nova que se desenvolve na esperança e tem como fruto a comunhão fraterna. Querido irmão que lês esta mensagem, não fiques fechado com os teus problemas! Aproxima-te do médico, mostra-lhe as tuas feridas. Vem confessar os teus pecados. Na Igreja está ao teu alcance deixares a escravidão do pecado e viveres a vida nova de filho de Deus. 

 Vem celebrar a Páscoa connosco! Não é a mesma coisa estar sentado à mesa com os irmãos, ou vê-los no computador ou na televisão. O teu corpo que há-de morrer e ressuscitar precisa de ser alimentado com o corpo do Senhor, com o pão vivo descido do Céu. Vem participar nas celebrações de Quinta-feira e de Sexta-feira Santa, e, sobretudo, na Vigília Pascal e na missa do Domingo de Páscoa. Vem ver-te ao espelho contemplando Cristo crucificado por teu amor, e terás amor para dar. Vem receber a Vida de Cristo ressuscitado e poderás dar a tua vida e deixares de viver para ti! Cristo Jesus morreu e ressuscitou para que nós, os vivos, deixemos de viver para nós mesmos e vivamos para Ele que por nós morreu e ressuscitou (2Cor 5,15)!

Convido-vos a todos vós, batizados, a festejar a Páscoa nas paróquias e nas famílias. Desejo-vos a alegria de quem, ressuscitado com Cristo, deixou de viver para si mesmo. Nós sabemos que passamos da morte para a Vida porque amamos os irmãos (1Jo 3,14).

Para vós todos, irmãos e amigos, as minhas saudações cordiais e os meus ardentes votos de uma santa Páscoa. Rezai por mim.

+ J. Marcos, bispo de Beja



«Si no es por vosotras, nadie»: la impresionante labor de unas monjas de Oviedo en plena pandemia

Estas hijas de la Caridad han dado un claro ejemplo del papel que ha desempeñado la Iglesia durante la pandemia / Iglesia en Asturias



Dificilmente Poderemos Ser Felizes Sós


Dificilmente poderemos ser felizes sós. Precisamos de usufruir da companhia dos outros. A afetividade, o amor, o carinho, a atenção, importam e muito. Fomos criados para comunicar, para viver em comunidade, para construir, para partilhar os bons e maus momentos, para amar. Neste contexto, reveste-se da maior importância o papel aglutinador da família, ainda que não seja, às vezes, tão perfeita conforme gostaríamos. Contudo, é o local onde nos aceitam como somos, nos apoiam, nos ajudam a ir em frente, nos educam, nos ensinam as virtudes, os valores, a lutar pelos nossos projetos, a ser solidários, tudo isto nos diferentes ciclos que vivenciamos. A família é uma escola de vida, que nos dá as bases essenciais, preparando-nos assim para construirmos o nosso próprio caminho, segundo a nossa escolha, esperando-se que seja para o bem. Muitas vezes, quando tudo falha na vida, regressamos às origens, ou seja, à família, e quando esta já não existe, por qualquer motivo, falta-nos a segurança, a proteção, o aconchego do lar, a proteção familiar, sentimos um enorme vazio, parecendo que o chão falha debaixo dos nossos pés. Uns suportam o isolamento sentido, a saudade, melhor do que os outros. É a vida a passar com os seus momentos altos e baixos! Por outro lado, os amigos, a vivência em sociedade, a cultura, ajudam-nos a minimizar a solidão algumas vezes sentida.

Mais difícil se torna quando a idade avança. Olhamos à nossa volta e constatamos que até a maior parte dos nossos familiares amigos já partiram, provocando a sensação de nos encontrarmos privados de ligações humanas que tinham para nós um significado extremamente importante. Cada um de nós, lida com a solidão de um modo diferente. Uns, aceitam-na, procurando tornar-se mais independentes. Outos sentem-se mais desamparados. Para quem tem fé é mais fácil suportar esta realidade. Recordo a frase de Jesus: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. Com Deus a nosso lado torna-se mais fácil navegar pelas águas da solidão, encontrar descanso e paz. S. Josemaria escreveu no seu livro Sulco: “Fomenta na tua alma e no teu coração – na tua inteligência e no teu querer -, o espírito de confiança e de abandono na amorosa Vontade do Pai celeste… - Daí nasce a paz interior por que anseias”. Volto ao tema da solidão. Desta vez para dar alguns exemplos de como é possível ajudar a minimizá-la. Ao abrir hoje o computador deparei-me com várias mensagens. Uma amiga brasileira feliz, enviava-me um poema que tinha escrito sobre a pandemia. Apesar de se encontrar em confinamento, e já com mais de 80 anos, continuava a desenvolver a sua atividade intelectual. Outra amiga, também já com alguma idade, enviava fotografias das amoras deliciosas do seu quintal, referindo que ia fazer uma compota excelente para os sobrinhos. Um amigo bem mais jovem, comentava a sua nova realidade. Tinha concluído o curso de medicina e tinha iniciado a especialidade. Estava muito feliz! Outra amiga residente no estrangeiro chegava a Lisboa por pouco tempo. Convidava-me para tomar um café. E assim se ia ultrapassando alguma solidão.

Entretanto, outra amiga referiu que ia haver no parque uma tarde musical dos anos 70, com o conjunto Lucky Duckies. Combinámos assistir. Foi muito bom e muito participado cumprindo todas as regras de segurança em vigor. Um verdadeiro bálsamo depois de tantos meses de confinamento. Os músicos estavam felizes e emocionados por terem público. Há seis meses que não tocavam com público a participar. Foi muito bom. Tantas famílias com crianças! Os mais resistentes foram os mais idosos, muito nostálgicos destes ritmos musicais. No dia seguinte, quando fui tomar café, deparei-me com um novo evento, dedicado ao Dia Mundial da Criança, denominado: “Magia no Parque Bensaúde”. Logo à entrada estavam duas mascotes, o Mickey e a Minnie, entre muitos balões coloridos que faziam o gáudio das crianças. Havia imensa animação no parque destacando o picadeiro com cavalos da Polícia Florestal. Havia filas de crianças, na companhia da família, ávidas por montar. E muito mais a que infelizmente não foi possível assistir porque o programa ocupava o dia todo.

Termino este artigo com parte da letra da música denominada: “What a Wonderful World” de Louis Amstrong, cantada na véspera pelo conjunto Lucky Duckies: “Eu vejo as árvores verdes, as rosas vermelhas a florescer para mim. O céu é azul, as nuvens brancas, o brilho abençoado do dia e a escuridão sagrada da noite, e penso, que mundo maravilhoso! Vejo amigos a apertar as mãos, a dizer como estás? Bebés a chorar, que vejo a crescer, aprenderão muito mais do que eu. Que mundo maravilhoso!” Concluo, referindo: “Dificilmente poderemos ser felizes sós!”.

Maria Helena Paes



E as Pessoas Deslocadas pela Crise Climática

Bom dia e paz e bem!

O Vaticano publicou um documento com orientações pastorais sobre as pessoas deslocadas pela crise climática, apresentando os recentes ciclones na Beira, em Moçambique, como exemplo da crise provocada por estas alterações.

“Ao contrário da pandemia, que nos atingiu subitamente, sem aviso, quase em toda a parte e afetando todos em simultâneo, a crise climática tem vindo a manifestar-se desde a Revolução Industrial”, escreveu o Papa Francisco no prefácio.

A ‘Secção Migrantes e Refugiados – Setor de Ecologia Integral’, do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), explica que são as comunidades pobres e vulneráveis do mundo inteiro “quem mais sofre com as crises ecológica e climática”.

Que tradições e celebrações pascais não vai viver em 2021, pelo segundo ano consecutivo?

O investigador António Catana explicou que no Concelho de Idanha-a-Nova gera “angústia e tristeza” na comunidade, apesar do recurso a propostas online.

Já o padre Ricardo Figueiredo, pároco de Óbidos, adiantou que a localidade vive com “intensidade” a preparação para a Páscoa, e destaca a importância do regresso da Missa com assembleia.

A não perder, informação e entrevista no Programa Ecclesia, pelas 15h00, na RTP2; e a Semana Santa na Arquidiocese de Braga, às 22h45, na rádio Antena 1.

Pelas 17h00, e ao longo da Semana Santa, a Agência ECCLESIA está a propor pequenas reflexões do padre Vasco Pinto Magalhães (Jesuíta) para encontrar a alegria nestes dias a partir dos gestos de Jesus.

“Quarta passada, semana acabada”, e também vai terminar mais um mês deste 2021, mas a Semana Maior continua e estamos cá todos os dias, em www.agencia.ecclesia.pt.

Cumprimentos,
Carlos Borges

 


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terça-feira, 30 de março de 2021

No existe el «karma» ni gobierna el mundo: las razones de Angelo Stagnaro, mentalista católico





Celebrar o 10 de Junho: patriotismo ou “nacionalismo”?

No dia 10 de junho celebra-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Este é considerado também o dia da Língua Portuguesa e do cidadão nacional.

Celebra-se, mas como? É que vivemos tempos conturbados pelas contínuas polémicas sobre reescrever a nossa história, destruir estátuas, apagar tradições culturais e até denegrir ou banir da memória coletiva personagens da nossa história e outras tantas ideias controversas como a de “modificar” a Língua para a tornar mais inclusiva. É enorme e destruidora a confusão entre patriotismo entendido como amor à Pátria e “nacionalismo” entendido como superioridade agressiva de uma nação em relação a outras.

Chegados a este ponto – que, de resto, não é exclusivo da Pátria Portuguesa - parece ser indispensável parar para pensar o qual o real significado de pátria, nação ou nacionalidade versos “nacionalismos”, “totalitarismos” ou “fundamentalismos”. Lê-se no memorável discurso de João Paulo II nas nações Unidas em 5 de Outubro de 1995: «A natureza comum move homens e mulheres a sentirem-se, tal como são, membros de uma única grande família. Mas devido à historicidade concreta desta mesma natureza, estão necessariamente ligados de forma mais intensa a grupos humanos concretos: primeiro a família, depois os vários grupos de pertença, até ao conjunto do respectivo grupo étnico-cultural, que, não por acaso, indicado pelo termo "nação" evoca "nascimento", enquanto que indicado pelo termo "pátria" ("fatherland"), evoca a realidade da mesma família.[...] O problema das nacionalidades situa-se hoje num novo horizonte mundial, caracterizado por uma forte "mobilidade", que torna cada vez menos definidas as fronteiras etno-culturais dos vários povos, devido ao impulso de múltiplas dinâmicas como as migrações, os meios de comunicação social e a globalização da economia.[...] Neste contexto é necessário esclarecer a diferença essencial entre uma forma perigosa de nacionalismo, que prega o desprezo por outras nações ou culturas, e o patriotismo, que é em vez disso um amor justo pelo próprio país de origem. O verdadeiro patriotismo nunca procura promover o bem da própria nação em detrimento dos outros. O nacionalismo, especialmente nas suas expressões mais radicais, opõe-se, portanto, ao verdadeiro patriotismo, e hoje temos de nos esforçar por assegurar que o nacionalismo exacerbado não continue a propor as aberrações do totalitarismo sob novas formas. Este é um compromisso que é obviamente válido mesmo quando assume, como fundamento do nacionalismo, o mesmo princípio religioso, como infelizmente acontece em certas manifestações do chamado "fundamentalismo".»

Por mim, não tenho medo nem vergonha de afirmar que é humano e é bom ser patriota, amar a Pátria, com a sua cultura própria, como família. E por esta razão amo também a Pátria do outro, do estrangeiro, daquele que é diferente de mim e ama a sua Pátria, a sua cultura como família. E mais, é bem-vindo aquele que quiser adotar a minha pátria como sua, trazendo-me algo da sua cultura e recebendo da minha porque assim seremos ambos mais ricos. Seremos, então, verdadeiros cidadãos da pátria Portuguesa com os mesmos direitos e deveres!

Rosa Ventura
professora


Mais uma etapa… Aproxima-se a Festa Pascal

Olá Bom Dia

Estamos na Semana Santa… Hoje, terça-feira vive-se mais uma etapa rumo à grande festa dos cristãos. De norte a sul do país, incluindo as ilhas, as vivências estão centradas na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A pandemia obriga a contingências e não permite grandes aglomerados de pessoas, todavia não se deixa de celebrar a Páscoa. Redescobrir novas modalidades de participação nestas celebrações exige criatividade e as transmissões online ajudam a viver a festa da luz.

Estas imagens podem ajudar a preparar a Páscoa…

Propostas para hoje… No entanto não esqueça de ver o programa ECCLESIA na RTP2, pelas 15h00, e sintonizar a Antena 1, pelas 22h45.

Já sabe que pode acompanhar toda a atualidade religiosa, em Portugal e no mundo, no site www.agencia.ecclesia.pt/portal/

Cumprimentos

Luis Filipe Santos

 


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segunda-feira, 29 de março de 2021

Homilia de Domingo de Ramos



28 DE MARÇO DE 2021

Sé de Beja

 

1 - O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo (…); o Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti, nem recuei um passo

 

Queridos irmãos e irmãs:

Ouvíamos na primeira leitura do livro do profeta Isaías, estas palavras do III Cântico do Servo de Deus, palavras que nos dão o retrato espiritual de Jesus, ao entrar na sua Paixão: o Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo (…) manhã após manhã Ele desperta os meus ouvidos para eu escutar como escutam os discípulos (…) o Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti, nem recuei um passo

            Meditemos brevemente estas palavras olhando para o Senhor Jesus Cristo, Discípulo do Pai. Que significa esta expressão: o Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo? Não é Ele o Senhor? O que é falar como um discípulo?

No Evangelho de S. João, ao dizer as Suas palavras mais importantes, Jesus introdu-las com esta expressão: ÁMEN, ÁMEN: Eu vos digo, que habitualmente se traduz por em verdade, em verdade, vos digo. Dizem alguns especialistas que este duplo Ámen manifesta a aceitação, por parte de Jesus, da palavra que Pai lhe inspira para comunicar aos discípulos, naquele momento. Falar como um discípulo, é repetir as palavras do Mestre. É fazer sua a mensagem recebida, é aceitar a ordem, o querer do Pai. É ter o ouvido aberto! É obedecer! Esta palavra “obedecer”, vem do latim “ob-audire”; que quer dizer: ouvir, escutar atentamente. Ou seja, pôr em prática essa palavra que escutámos.

2 - Estranharam algumas pessoas que eu tenha afirmado ser necessário deixarmos o Senhor abrir os ouvidos a quantos, nesta diocese, se dizem cristãos mas estão surdos e se escutam apenas a si mesmos, a quantos estão incapazes de ouvir os filhos, a mulher, os colegas de trabalho, incapazes, em última análise, de escutar Deus. Não podemos ser cristãos autênticos se somos espiritualmente surdos, e corremos atrás, não da Verdade que nos liberta, mas de palavras simpáticas e mentirosas que nos fecham em nós próprios.

            O Senhor abriu-me os ouvidos. Este abrir dos ouvidos realiza-se, concretamente, onde? Qual é a instância que a Igreja tem para que o Senhor nos abra os ouvidos? É a Iniciação Cristã, o Batismo, e concretamente o Catecumenado batismal. Aí encontramos o rito do Effethá, por meio do qual se recorda a cura que Jesus fez de um surdo-mudo. Quem não escuta a Palavra de Deus, como pode obedecer-lhe, como pode anunciá-la?

3 – Na segunda leitura, foi-nos proclamado o Hino impressionante da Carta aos Filipenses. Em breves versículos, S. Paulo resume o percurso de Cristo, que sendo Deus se fez Homem e Servo obediente até à morte, e morte de cruz. Servo obediente. A obediência é a atitude constante de toda a sua vida. Em Nazaré, durante trinta anos, foi submisso a Maria e a José. Ou seja, obedecia ao Pai do Céu quando era submisso àqueles a quem estava sujeito na terra. E por obediência a Seu Pai e por Amor a todos nós, aceitou descer ao último lugar da humanidade e morreu crucificado. Fez-se pecado por nós, carregou com os nossos pecados no Seu Corpo, e desceu aos infernos. Por isso Deus O exaltou e lhe deu o Nome mais alto que existe.

4 – Queridos irmãos e irmãs, o percurso da nossa vida de discípulos é, necessariamente, o mesmo da vida do Senhor Jesus. É um percurso de descida até à morte e morte de cruz, até ao óbito, quer dizer, até ao encontro com Ele. A Paixão segundo S. Marcos que acaba de ser proclamada ensina-nos a seguir os passos de Jesus. As figuras que nela intervêm, retratam este mundo em que vivemos. Espero que vos tenhais revisto em alguma, ou em algumas dessas figuras. Além de Pilatos e dos Sumos-Sacerdotes, além do povo que pedia a Sua condenação, há também Simão de Cirene, há Pedro e Judas e os outros discípulos que o abandonaram, há os dois ladrões, há as mulheres, há o centurião, e há também José de Arimateia.

 No breve silêncio que faremos agora, unamo-nos a Cristo Nosso Senhor. Peçamos-lhe as graças que mais precisamos neste momento para vivermos como Seus discípulos a Semana Santa iniciada nesta celebração.

+ J. Marcos



El cardenal Sako critica al «débil» Occidente cristiano que «no hizo sentir su voz» por Santa Sofía

Erdogan anunció a la nación que el 24 de julio será la primera oración islámica en Santa Sofía



Que pensas tu?

No âmbito da disciplina de Religião do Colégio Mira Rio, em Lisboa, várias alunas do 10º ano, escreveram comentários a diferentes frases que se encontram na conta do Instagram “Queima-te”: «Fizemos um post sobre o amor»; «Santos, não impecáveis», «Já não mudo. Não vale a pena», «Não há corações vazios», «Há muitas razões para não aceitar ajuda. Uma delas é o orgulho».

Aqui ficam alguns textos que queremos partilhar com os leitores do Jornal.

1 - ”Há muitas razões para não aceitar ajuda. Uma delas é o orgulho.”

Somos levados, desde sempre, a acreditar na nossa autossuficiência. Pretendemos que a nossa opinião prevaleça porque está certa, tomamos decisões porque sabemos o que é melhor para nós. Queremos mostrar uma armadura dura, resplandecente, sem falhas nem fendas por onde possa sair fragilidade. Escondemos as nossas incertezas e inseguranças por trás de uma fachada que erguemos para o nosso próprio bem. Se formos completamente independentes, podemos ter completa responsabilidade pelas nossas ações, ter todo o mérito pelo nosso sucesso, sentar-nos sozinhos no pedestal das nossas vitórias.

É-nos difícil admitir que não sabemos, ou que outros sabem mais do que nós. Pedir ajuda é aceitar descer alguns degraus, conformar-nos com a falibilidade e ignorância que nos caracteriza. Pedir ajuda é conceder ao outro mais poder. Aceitar o auxílio de um amigo numa sala em que estamos apenas nós os dois pode ser árduo, para muitos. Aceitar a ajuda de um professor em frente a toda a turma significa admitir perante todos que não sabemos, o que se torna mais difícil ainda. Pode parecer uma derrota conceder aos outros a noção de que eles sabem mais do que nós, e são por isso mais inteligentes, mais conhecedores, mais aptos para o sucesso na vida que se estende à sua frente. No entanto, ao deixar-nos silenciar pelo nosso orgulho, ficamos parados a observar o desenrolar da vida à nossa volta.

Pedir ajuda é aceitar perante nós próprios e os outros que não temos toda a sabedoria. E pedir ajuda a Deus também.

A presença de Deus na nossa vida implica aceitar que há “alguém” que sabe mais do que nós e é capaz de tudo. Alguns ateus argumentam que como não se pode ver nem falar diretamente com Deus, Ele não existe. Pode ser difícil aceitar como guia da nossa vida alguém que não vemos, e passar para as Suas mãos o poder de nos conduzir. É necessário deixar de lado o orgulho para aceitar a Sua ajuda e deixar que Deus pegue na nossa mão e nos guie pelo melhor caminho.

Podemos ser levados a pensar que conseguimos carregar o peso da nossa vida sozinhos, sem precisar de alguém que nos torne mais leves e melhores. Contudo, a nossa altivez apenas nos deixa mais sós e perdidos.

O orgulho é difícil de deixar de lado. Pode parecer que, quando a vida nos rebaixa, é o orgulho e a confiança que temos em nós próprios que nos traz de volta à superfície, dando-nos a força para acreditarmos nas nossas capacidades. No entanto, em vez de aceitarmos a mão incerta e fria do orgulho, podemos aceitar levar-nos pela mão amiga e forte de Deus, que nos leva aonde queremos chegar.

Maria Sykes, 10-A

2- ”Já não mudo. Não vale a pena.”

Mudar pode ser difícil, mas nunca é tarde demais para o fazer. E porque é que já não vale a pena? Quem te disse tal coisa? Só porque já ninguém te vê, desistes? Não deixes de ser tu mesmo só porque outros ficaram cegos. Não deixes de ser quem és e muda. Tem coragem para mudar. Muda para melhor, pois só assim encontrarás a felicidade. Vira-te para o que é bom. Vira-te para Deus e nunca te arrependerás, porque, para Ele, jamais será tarde e valerá sempre a pena mudar. Muda. Valerá sempre a pena.

3 - “Não há corações vazios.”

Todos nós acreditamos em alguma coisa, mesmo quando não conseguimos ver a luz do sol porque tudo são nuvens negras. Há sempre algo ou alguém que nos faz acreditar noutro algo ou alguém. Nunca deixamos de acreditar em, pelo menos, uma coisa. Por isso, não há corações vazios, pois existe sempre algo a preenchê-los. Deixa Deus preencher o teu coração para que este nunca fique vazio e preencherás o d´Ele.

Sofia Camões, 10-A

4 - “Fizemos um post sobre o amor”

O amor é o que faz com que fiquemos sensíveis aos sentimentos dos outros, com que tenhamos compaixão, empatia e sejamos recíprocos. Só o amor tem a capacidade/o dom de nos trazer a paz, de nos afastar da negatividade que nos diminui enquanto pessoas.

Mais do que a nossa satisfação, o “amor” que apenas e só nos traz felicidade a nós, “fácil”, é um “amor” egoísta. Não é amar de verdade uma pessoa é gostar da maneira como a pessoa nos faz sentir connosco mesmos, o que pode levar à instrumentalização.

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.” (1 Coríntios, 13, 4-8)

Amor é algo que para além de nos fazer feliz é algo que custa, são necessários alguns sacrifícios e não é por isso que se desiste à primeira oportunidade. Amor é quando os dois fazem um todo.

Amor é como o que Deus tem por nós, o que Jesus fez por nós na cruz, o que os santos fizeram para chegarem ao céu.

“Deus amou de tal modo o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nele crer não se perca, mas tenha a vida eterna.” (João 3,16)

Leonor Costa, 10-A

5 - “Santos, não impecáveis!”

Têm-se muito a ideia de que ser santo significa ser-se perfeito, não ter pecados, alguém imaculado. Na verdade, só existiu alguém na terra com tais características: Nossa Senhora! Portanto, se assim fosse não poderíamos nomear santos todos aqueles que atualmente são reconhecidos como tal.

O que significa ser santo? Se ser santo significar levar uma vida sem cometer nenhuma falta, sem matar uma mosca, sem ter preguiça de acordar de manhã, sem deixar os trabalhos de casa para o último minuto, se ser santo significar ser impecável, então todos os nossos esforços por alcançar a santidade são inúteis, porque pelo pecado original isso é humanamente impossível.

Se por outro lado, o nosso modelo de um santo for outro, as perspetivas são mais animadoras. Eu, que acordo rabugenta de manhã e bato com a porta ao sair de casa; que passo por uma amiga e finjo que não a conheço porque não me apetece falar; que não faço a cama de manhã; e que passo dias sem me lembrar de Jesus. Eu também posso ser santa, mesmo não sendo impecável!

Ao pensar em santidade devíamos lembrar-nos de São Pedro, o primeiro papa, que negou Jesus três vezes fingindo que não o conhecia; de Santo Agostinho que levou uma vida cheia de erros antes de deixar tudo para seguir Jesus; e também de São Mateus, cobrador de impostos, a quem Jesus chamou para Si. Estes e outros exemplos de pessoas que cometeram faltas mas que se arrependeram dá-nos a certeza de que também nós, com todas as nossas fraquezas, podemos, se quisermos, vir a ser santos.

Rita Aidos, 10-A


Como viver a Semana Santa?

Olá bom dia!

Vivemos a Semana Santa, sem expressões públicas da paixão, morte e ressurreição de Cristo, com celebrações a observar medidas sanitárias e de segurança e sem encontros que expressam a alegria pascal. Sendo assim, como viver esta Semana Santa? O Papa Francisco explicou, este domingo: 

Entramos na Semana Santa. Pela segunda vez, vivemo-la no contexto de pandemia. No ano passado ficámos mais chocados, este ano estamos mais provados. E a crise económica tornou-se pesada.

Nesta situação histórica e social, o que faz Deus? Ele pega na cruz. Jesus pega na cruz, ou seja, assume o mal que esta realidade acarreta, o mal físico, psicológico e sobretudo espiritual, porque o maligno aproveita as crises para semear desconfiança, desespero e discórdia.

E nós, o que devemos fazer? É Virgem Maria, Mãe de Jesus que é também a Sua primeira discípula, que no-lo mostra. Ela seguiu o seu Filho. Assumiu a sua parte do sofrimento, de obscuridade, desconcerto e percorreu o caminho da paixão, com a lâmpada da fé acesa no seu coração. Com a graça de Deus, nós também podemos fazer este caminho. E, ao longo da via sacra diária, encontramos os rostos de muitos irmãos e irmãs em dificuldade: não passemos ao largo, deixemos que o coração se mova com compaixão e aproximemo-nos.

Neste momento, como o Cireneu, podemos pensar: Porquê eu? Mas descobriremos de imediato o dom que, sem o merecer, nos foi concedido.

(Papa Francisco, mensagem na oração do ângelus do dia 28 de março)

 

Um itinerário a seguir, nestes dias! Também através das notícias que encontra no portal da Agência Ecclesia e no programa que passa na RTP2, pelas 15h00, onde o padre Joaquim Ganhão, da Diocese de Santarém, se refere às celebrações de cada um destes dias da Semana Santa; mais tarde, às 22h45 na Antena 1, o cónego José Paulo Abreu recorda os dias da Semana Santa na Arquidiocese de Braga.

Desejo-lhe uma ótima jornada, no percurso que o Papa sugere para a Semana Santa!

Paulo Rocha

 


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domingo, 28 de março de 2021

La vidente Sor Lucía y la Virgen del Carmen: «El escapulario y el rosario son inseparables»

Sor Lucía pidió propagar el uso del escapulario




5 de junho - Dia Mundial do Ambiente

“Aconfessionalismo. Neutralidade...”: Como cuidar o Ambiente Humano?

Sempre tão atual o Caminho de S. Josemaria! Ler um ou outro Ponto é um hábito antigo, sei que sempre encontro algo novo, como se fosse a primeira vez que leio essa frase em concreto. E escrita para hoje! Porque cada Ponto do Caminho é para ser lido como escrito justamente para cada um, para cada ocasião, por isso, são tantas as leituras quantas as pessoas nas suas circunstâncias: na profissão, na sociedade.

E hoje, Dia Mundial do Ambiente, encho-me de alegria ao considerar a preocupação de tantos por um ambiente mais saudável, por uma terra e um mar limpos e fecundos e, também – muito importante – pelas nossas ações na preservação deste belo planeta onde nos foi concedido viver. Mas, no meio da alegria surgem também as sombras da tristeza: e o Ambiente Humano, quem cuida dele? E como? Esta é uma enorme responsabilidade – se não a primeira – que não podemos descurar!

Releio o Ponto 353 da minha inquietação permanente: «Aconfessionalismo. Neutralidade. - Velhos mitos que tentam sempre remoçar. Tens-te dado ao trabalho de meditar no absurdo que é deixar de ser católico ao entrar na Universidade ou na Associação profissional, ou na sábia Assembleia, ou no Parlamento, como quem deixa o chapéu à porta?»

Nestas palavras acutilantes vemos com clareza meridiana o que não pode ser a atitude de um católico. E, no entanto, sabemos que muitas convicções são “deixadas à porta” ou, pior, substituídas por “velhos mitos” sempre prontos a “remoçar”.

Porquê? Tantas razões quantas as pessoas, bem sabemos, mas talvez uma delas seja a de que não é fácil ter bem claras e sempre presentes as razões da fé.

No mesmo “capítulo” do Caminho que por uma coincidência fantástica se chama Estudo, parece-me que encontrei, senão a resposta, pelo menos algumas boas pistas.

No Ponto 340 «Estuda. - Estuda com empenho. - Se tens de ser sal e luz, necessitas de ciência, de idoneidade. Ou julgas que, por seres cábula e comodista, hás-de receber ciência infusa?» Estudo, é isso! Uma atitude estudiosa perante a vida, ter atenção às causas e aos efeitos das opiniões. Rejeitar a atitude “comodista” que se limita a receber a “ciência” das frases mil vezes ouvidas sobre neutralidade e tolerância. E, para bem terminar o Ponto 333 «Estudo. - Obediência: "Non multa, sed multum” - Não muitas coisas, mas algo de importante.»

Assim, teremos um pouco mais de Sal e Luz na nossa sociedade.

Rosa Ventura
Professora



Ramos de esperança

Bom dia e um santo domingo para si, neste início de Semana Santa.

Em dia de Ramos, lembro a mensagem de esperança que a Conferência Episcopal quis deixar para a Páscoa de 2021, marcada pela pandemia, pelo segundo ano consecutivo: “Cristo ressuscitado e glorioso é a fonte profunda da nossa esperança viva”. Um estímulo para esta longa peregrinação, muitas vezes sem fim à vista.

Com a Covid-19 ainda presente, recordo as orientações dos bispos portugueses para este dia: “Evitem-se os ajuntamentos dos fiéis; os ministros e os fiéis tenham nas mãos o ramo de oliveira ou a palma que trazem consigo; de nenhum modo seja permitido a entrega ou a troca de ramos”.

As celebrações comunitárias estão de regresso, ainda sem procissões. Muitas das manifestações tradicionais desta Semana “passam” para a internet, como acontece em Santa Maria da Feira com o Grupo Gólgota, cujo coordenador é o convidado da entrevista conjunta Renascença/Ecclesia, que pode ler a partir das 09h30 - já no horário de verão.

Pelas 17h30, levamo-lo a uma viagem pelas tradições da Beira Baixa, no programa 70x7 (RTP 2). Não perca.

Despeço-me com votos de boas notícias, sempre,

Octávio Carmo

 


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