O Papa Francisco na sua recente
Exortação Apostólica sobre a chamada à santidade no mundo actual - GAUDETE ET
EXSULTATE – ALEGRAI-VOS E EXULTAI - recorda-nos que “Deus nos quer santos e
espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa” e
impele-nos a “fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando
encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades,
porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua
presença, no amor”. (…)
“Gosto de ver a santidade no
povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos
homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes,
nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a
caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas
vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo
da presença de Deus” (…)
“Tudo isto é importante. Mas, o
que quero recordar com esta Exortação é sobretudo a chamada à santidade que o
Senhor faz a cada um de nós, a chamada que dirige também a ti: sede santos,
porque Eu sou santo”. (…)
“Para um cristão, não é possível imaginar a
própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade, porque
«esta é, na verdade, a vontade de Deus: a [nossa] santificação». Cada santo é
uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento
determinado da história, um aspeto do Evangelho”. (…)
“Cada cristão, quanto mais se
santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo. Não tenhas medo de apontar
para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te
deixares guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano,
porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça”.
No dia 26 de Junho,
a Igreja celebra S. Josemaria Escrivá, a quem João Paulo II chamou o
“santo do quotidiano”. Em 1928, Deus fez-lhe ver que deveria fundar o Opus Dei
para que o trabalho profissional e os deveres do cristão pudessem ser o caminho
para a santidade.
Caminho
amplo que a todos acolhe para, no espaço vital do seu labor, com alegria e
simplicidade, conduzir o homem a Deus e iluminar os caminhos da terra com a luz
da fé e do amor.
Trabalho, família e filiação
divina é o cerne do segredo e o fundamento do espírito destes cristãos que,
livremente, o são por paixão e vocação.
Porém, esta perspectiva está
longe de ser uma novidade ou algo de estranho no seio da Igreja, pois o
cristianismo, desde sempre, assentou neste tríplice alicerce.
Coerência entre vida de oração,
sociedade e profissão, amor ao mundo e à Igreja é um apanágio dos cristãos
desde os tempos mais remotos, onde se encontra o princípio desta religião.
A partir do Concílio Vaticano II
acentuou-se a tendência da possibilidade de todos os fiéis leigos poderem ser
chamados à missão da procura e da concretização da sua santidade através da
vida comum do ser humano.
Sagrado e profano coabitam no
coração do homem, mas poder transformar em divino o humano, reconhecer a
presença de Deus amando-O e, por Ele, a todas as coisas, amar apaixonadamente o
mundo sem ser mundano, é um apelo que a Igreja dirige a todos sem excepção.
Esta verdade tão simples,
reiterada pelo Santo Padre, só por si torna os nossos dias mais felizes,
facilita a vida e poderá ser um caminho alegre e simples de salvação.
Maria Susana Mexia |
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