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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Recordando e promovendo o “Verdadeiro Feminismo”...

Celebramos trinta anos da Carta apostólica do Papa João Paulo II, “Mulieris Dignitatem (1988 – 2018). Nesta histórica exortação, João Paulo II defende um feminismo cristão que não é de ontem nem de hoje. Remonta ao tempo da Criação: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus: criou-os homem e mulher” (Gén. 1,27).

Deste modo, possuem igual dignidade. São regidos por uma lei universal, gravada no coração humano, a lei natural; um desafio a toda a lei positiva que não pode desconhecer, nem contradizer, essa lei fundamental impressa no mais íntimo de cada ser humano: homem e mulher.

Foram criados em perfeita igualdade enquanto pessoas no seu respetivo ser de homem e de mulher (Cat. da Igr. Católica). A mulher possui, com o mesmo título que o homem e no mesmo grau, a natureza de ser racional e livre. Foi a um e a outro que Deus atribuiu a missão de submeter a terra (Gén.1,28) e de trabalhar (Gén. 2,15).

Abstraindo-nos do relato da criação, vemo-nos na impossibilidade de penetrar o profundo sentido da personalidade da mulher, do que é a sua feminilidade e do papel insubstituível que é chamada a desempenhar na vida da humanidade.

A vocação da mulher não é uma vocação para a dependência mas para a alteridade, a complementaridade, na igualdade da natureza. A pessoa – homem e a pessoa – mulher, não podem realizar-se senão por um dom desinteressado de si porque, ser pessoa, significa tender à própria realização, explica João Paulo II.

Uma sadia interpretação do papel da mulher leva a reconhecer que ela é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de caraterístico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, generosidade incansável, o seu amor ao concreto, agudeza de engenho, capacidade de intuição, piedade profunda e simples, a sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida…

O desafio que se espera do verdadeiro feminismo é fazer com que a mulher seja verdadeiramente feliz, colocando-a no lugar que por direito divino lhe pertence: Mulher, Esposa e Mãe!

O Papa referiu que há lugares e culturas nos quais a mulher é discriminada e menosprezada só pelo facto de ser mulher, fazendo dela objeto de maus-tratos ou de abusos na publicidade e na indústria do consumo e da diversão…

Neste contexto, o Papa reivindicou o direito dos filhos “poderem contar com um pai e uma mãe para que cuidem deles e os acompanhem no seu crescimento. O Estado, pela sua parte, deve apoiar com políticas sociais adequadas, tudo o que promove a estabilidade e a unidade do matrimónio, a dignidade e a responsabilidade dos cônjuges, no seu direito e dever insubstituível de educadores dos filhos”. Por fim, exigir que se permita à mulher colaborar na construção da sociedade, valorizando o seu típico “génio feminino”.

Por outro lado, com uma clarividência maravilhosa e oportuna, reconheceu a necessidade de prevenir-nos contra o poder destruidor da ideologia do género, uma “revolução cultural em todos os âmbitos”, mais insidiosa e destruidora do que se possa pensar... o que determina que “Mulieris dignitatem” seja mais atual do que nunca porque, nesta carta, João Paulo II expressa “a verdade do homem, que é homem e mulher, e indica os seus princípios antropológicos”.

Recordou ainda que na ideologia do género, a sexualidade não se aceita “propriamente como constitutiva do homem” – mas “o ser humano seria o resultado do desejo de escolha”, de maneira que, “seja qual for o seu sexo físico” a pessoa -seja mulher ou homem –“poderia escolher o seu género” e modificar a sua opção, (antinatural!) quando quiser: homossexualidade, heterossexualidade, e outras coisas igualmente aberrantes…

Nesta pseudo revolução cultural, a sociedade perde-se e a pessoa reduz-se a indivíduo, ao mesmo tempo que se questiona a família e a sua verdade – o matrimónio entre um homem e uma mulher aberto à vida...    

Considerou ser urgente a promoção de um “Verdadeiro Feminismo” que reconheça o “génio feminino” e trabalhe pela superação da discriminação, já que todos os dias se assiste a uma rápida e profunda transformação dos modelos da identidade feminina e masculina, e da relação entre sexos.

Recordamos também que São João Paulo II animou e convidou os leigos “a tornarem-se promotores de um novo feminismo” que supõe reconhecer e expressar o verdadeiro génio feminino em todas as manifestações da convivência social e civil, trabalhando pela superação de toda a forma de exploração, reconhecendo que ser mulher é uma autêntica, sublime e insubstituível missão!

Maria Helena Marques



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