Celebramos
trinta anos da Carta apostólica do Papa João Paulo II, “Mulieris Dignitatem
(1988 – 2018). Nesta histórica exortação, João Paulo II defende um feminismo
cristão que não é de ontem nem de hoje. Remonta ao tempo da Criação: “Deus
criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus: criou-os homem e mulher”
(Gén. 1,27).
Deste
modo, possuem igual dignidade. São regidos por uma lei universal, gravada no
coração humano, a lei natural; um desafio a toda a lei positiva que não pode
desconhecer, nem contradizer, essa lei fundamental impressa no mais íntimo de
cada ser humano: homem e mulher.
Foram
criados em perfeita igualdade enquanto pessoas no seu respetivo ser de homem e
de mulher (Cat. da Igr. Católica). A mulher possui, com o mesmo título que o
homem e no mesmo grau, a natureza de ser racional e livre. Foi a um e a outro que
Deus atribuiu a missão de submeter a terra (Gén.1,28) e de trabalhar (Gén.
2,15).
Abstraindo-nos
do relato da criação, vemo-nos na impossibilidade de penetrar o profundo
sentido da personalidade da mulher, do que é a sua feminilidade e do papel insubstituível
que é chamada a desempenhar na vida da humanidade.
A
vocação da mulher não é uma vocação para a dependência mas para a alteridade, a
complementaridade, na igualdade da natureza. A pessoa – homem e a pessoa –
mulher, não podem realizar-se senão por um dom desinteressado de si porque, ser
pessoa, significa tender à própria realização, explica João Paulo II.
Uma
sadia interpretação do papel da mulher leva a reconhecer que ela é chamada a
levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de caraterístico,
que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, generosidade
incansável, o seu amor ao concreto, agudeza de engenho, capacidade de intuição,
piedade profunda e simples, a sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica
se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a
incorpora na própria vida…
O
desafio que se espera do verdadeiro feminismo é fazer com que a mulher seja
verdadeiramente feliz, colocando-a no lugar que por direito divino lhe
pertence: Mulher, Esposa e Mãe!
O Papa
referiu que há lugares e culturas nos quais a mulher é discriminada e
menosprezada só pelo facto de ser mulher, fazendo dela objeto de maus-tratos ou
de abusos na publicidade e na indústria do consumo e da diversão…
Neste
contexto, o Papa reivindicou o direito dos filhos “poderem contar com um pai e
uma mãe para que cuidem deles e os acompanhem no seu crescimento. O Estado,
pela sua parte, deve apoiar com políticas sociais adequadas, tudo o que promove
a estabilidade e a unidade do matrimónio, a dignidade e a responsabilidade dos
cônjuges, no seu direito e dever insubstituível de educadores dos filhos”. Por
fim, exigir que se permita à mulher colaborar na construção da sociedade,
valorizando o seu típico “génio feminino”.
Por
outro lado, com uma clarividência maravilhosa e oportuna, reconheceu a
necessidade de prevenir-nos contra o poder destruidor da ideologia do género,
uma “revolução cultural em todos os âmbitos”, mais insidiosa e destruidora do
que se possa pensar... o que determina que “Mulieris dignitatem” seja mais
atual do que nunca porque, nesta carta, João Paulo II expressa “a verdade do
homem, que é homem e mulher, e indica os seus princípios antropológicos”.
Recordou
ainda que na ideologia do género, a sexualidade não se aceita “propriamente
como constitutiva do homem” – mas “o ser humano seria o resultado do desejo de
escolha”, de maneira que, “seja qual for o seu sexo físico” a pessoa -seja
mulher ou homem –“poderia escolher o seu género” e modificar a sua opção,
(antinatural!) quando quiser: homossexualidade, heterossexualidade, e outras
coisas igualmente aberrantes…
Nesta
pseudo revolução cultural, a sociedade perde-se e a pessoa reduz-se a
indivíduo, ao mesmo tempo que se questiona a família e a sua verdade – o
matrimónio entre um homem e uma mulher aberto à vida...
Considerou
ser urgente a promoção de um “Verdadeiro Feminismo” que reconheça o “génio
feminino” e trabalhe pela superação da discriminação, já que todos os dias se
assiste a uma rápida e profunda transformação dos modelos da identidade
feminina e masculina, e da relação entre sexos.
Recordamos
também que São João Paulo II animou e convidou os leigos “a tornarem-se
promotores de um novo feminismo” que supõe reconhecer e expressar o verdadeiro
génio feminino em todas as manifestações da convivência social e civil,
trabalhando pela superação de toda a forma de exploração, reconhecendo que ser
mulher é uma autêntica, sublime e insubstituível missão!
Maria Helena Marques |
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