Para desenvolver a musculatura da saúde e da alegria.
Procurando seguir o que está na mente de Deus
relativamente ao Homem, o último dos artigos que tratam do tema “Corpo, Para
Quê?” terá de ser alegre. Embora pareça paradoxal, faz todo o sentido falar de
alegria e felicidade, sobretudo quando o corpo está a chegar ao final da sua
vida terrena. Bom, resta-nos agora apoiar-nos em quem sabe e manifesta a
verdade com ideias e exemplos de vida.
O único HOMEM em cuja palavra devemos acreditar totalmente
é Jesus Cristo por ser também Deus. O seu Corpo esteve presente na terra algo
mais de 30 anos, e alguns dos que conviveram com o Messias, há dois mil anos,
deixaram testemunho escrito do que viram. Refiro-me aos quatro evangelistas, particularmente
a S. João, pois foi o discípulo preferido do Salvador e o último apóstolo a
morrer. Por estas duas circunstâncias, S. João viu o Corpo de Cristo de quatro
modos diferentes, tal como S. Pedro e S. Tiago. E uma dessas formas é ainda
acessível a todas as pessoas de boa vontade.
A primeira forma de ver o Corpo de Cristo foi a normal
no convívio entre pessoas. Os seus conterrâneos e contemporâneos viram-No,
desde bebé até à sua morte, como um ser forte e saudável, capaz de suportar
longas caminhadas e noites de vigília em oração e depois, na sua Paixão,
atormentado de dores. A segunda forma de O ver foi admirável e restrita apenas
aos três apóstolos já referidos. Aconteceu no momento único da Transfiguração
no monte Tabor, onde se manifestou Manifestou-se cheio de glória na companhia
de Moisés e Elias. Na terceira forma, já na presença dos doze apóstolos,
antecipou o momento da Sua entrega e morte, afirmando e efetivando a Sua
presença divina no pão e no vinho da Última Ceia. É um mistério ao qual agora
todos os fiéis acedem se quiserem. Depois da ressurreição, Jesus apareceu a
várias pessoas, mas o seu corpo tinha algo de diferente. Mostrava-se com o Seu
próprio corpo, sim, ainda com as chagas da crucifixão e capaz de alimentar-se.
Cremos que, no final do mundo, os nossos corpos voltarão à vida, quando se
reunirem com as suas próprias almas e terão o aspecto e as propriedades do
corpo ressuscitado de Jesus: serão perfeitos, com marcas da sua fidelidade a
Deus, capazes de se deslocarem sem cansaço nem limitações de tempo ou espaço,
terão luminosidade e capacidade de comunicar diretamente com Deus, com os Anjos
e com todos os santos.
Porém, antes de chegar a esta plenitude de felicidade
que a todos nos espera, teremos de passar por uma prova: o nosso corpo deve ser
capaz de, em harmonia com a sua alma, viver segundo a vontade de seu Pai Deus.
Uma pessoa se destacou, no séc. XX, como exemplo de um “ginasta”, S. João Paulo
II; ele soube desenvolver harmoniosamente a sua musculatura. Foi um homem
saudável (de corpo forte, viril e belo) que soube manter-se em boa forma e usou
os seus sentidos (vista, ouvido, gosto, tacto...) para se instruir, formar e
santificar. Desde jovem Papa até à morte, era possível reconhecer no seu corpo,
nas expressões do seu rosto, no tom da sua voz, na firmeza ou tremura das suas
mãos a sua determinação em cumprir a vontade de Deus. Emagrecia pelos jejuns de
cada Quaresma, cantava e falava bem, e com boa dicção, e sobreviveu aos ferimentos
da pistola de Ali Acqa. Mas aquele seu corpo, quando já doente e idoso,
continuou a servir-lhe para amar a Deus e servir os homens. O seu corpo, à
imitação de Cristo, estava bem unido a uma alma que só queria fazer a vontade
de Deus, seu Criador e seu Pai.
Ter corpo é ter a graça de possuir a maior
oportunidade da vida. Basta saber usá-lo bem, respeitando-o e exigindo-lhe à
medida do amor de que é capaz.
Isabel Vasco Costa
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