Corpo para salvar a vida. Sim, também para isso serve
o corpo, para dar a vida a outros (lá iremos noutro artigo) e salvar a vida dos
outros, seja a vida natural ou a sobrenatural. Foram uns pastores que salvaram a Sagrada Família da fome quando
Jesus nasceu em Belém. Pouco tempo depois, José e Maria tiveram de ir para o Egito para salvar a vida
de Jesus da perseguição de Herodes. Foi graças
ao sacrifício do seu pai adoptivo que Jesus pôde chegar à idade adulta para,
por sua vez, poder salvar a vida sobrenatural de toda a humanidade.
Como podemos saber que Cristo nos salvou mesmo do
pecado? Esta é uma pergunta fundamental e a resposta passa pelo Seu corpo.
Desde que Jesus regressa do Egito até ao início da sua vida pública, o Messias
passa despercebido pela normalidade da vida que levou: estudo, trabalho,
frequência da sinagoga, obediência aos pais, etc. Era um judeu normal, um homem
normal que se servia do seu corpo conforme a sua consciência lhe pedia. E esta é
a primeira lição: usar o corpo de acordo com a nossa consciência: trabalhar
honestamente para servir os outros e preparar o futuro que, no seu caso, seria
a sobrevivência de sua mãe, Maria. Era chegado o momento de cumprir os
desígnios de seu Pai Deus. Antes de iniciar a sua missão, recolheu-se no
deserto, durante 40 dias, onde jejuou e orou. Cristo recorria ao jejum e à
oração como meio de preparação para tomar decisões, como a escolha dos
apóstolos; ou ao prever trabalhos ou momentos particularmente importantes, como
a sua paixão e morte. Toda a pessoa que procura fazer o bem - como escolher a
sua profissão, o seu cônjuge, onde e como trabalhar, procurar a melhor escola
para os filhos e, sobretudo, preparar a sua morte – deve preparar-se seguindo o
exemplo de Jesus. “Não tenhais medo!”
dizia o Papa João Paulo II. E tinha razão. Jesus foi confortado pelos Anjos, ao
terminar aquele jejum, tal com nós nos sentimos fortalecidos depois de fazermos
oração e penitência. Além disso, com estas ajudas, as nossas ações ganham
eficácia porque não as fazemos a sós, mas com a ajuda divina.
É interessante notar que o primeiro ato de Jesus
depois de sair do deserto foi fazer-se batizar pelo seu primo João. Este batismo
ainda não era um sacramento, pois Jesus, sendo Deus, não necessitava dos
sacramentos, mas quis dar o exemplo do que devemos fazer: pedir o batismo e
batizar os outros. É de notar que Jesus não batizava, mas ordenou aos seus
discípulos que o fizessem.
João também tinha discípulos. Ao batizar Jesus, reconheceu que era Ele o Messias
esperado e confidenciou isso a dois deles: a André, irmão de Simão Pedro, e a
João, o futuro evangelista. Esta confidência, manifestação de amizade de João
Baptista, é própria de quem tem oportunidade de se encontrar com Cristo; não
consegue guardar só para si a sua alegria, necessita partilhá-la, fazer
apostolado. Jacinta, a pequena vidente de Fátima, também não conseguiu calar o
segredo. Para isso deve servir o que dizemos: dar boas notícias, anunciar que a
salvação chegou para todos. Desde que o Messias veio à terra, todas as pessoas
podem ser santas.
Isabel Vasco Costa
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