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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Corpo, para quê? III


Corpo para salvar a vida. Sim, também para isso serve o corpo, para dar a vida a outros (lá iremos noutro artigo) e salvar a vida dos outros, seja a vida natural ou a sobrenatural. Foram uns pastores  que salvaram a Sagrada Família da fome quando Jesus nasceu em Belém. Pouco tempo depois, José e Maria  tiveram de ir para o Egito para salvar a vida de Jesus da perseguição de Herodes. Foi graças  ao sacrifício do seu pai adoptivo que Jesus pôde chegar à idade adulta para, por sua vez, poder salvar a vida sobrenatural de toda a humanidade.

Como podemos saber que Cristo nos salvou mesmo do pecado? Esta é uma pergunta fundamental e a resposta passa pelo Seu corpo. Desde que Jesus regressa do Egito até ao início da sua vida pública, o Messias passa despercebido pela normalidade da vida que levou: estudo, trabalho, frequência da sinagoga, obediência aos pais, etc. Era um judeu normal, um homem normal que se servia do seu corpo conforme a sua consciência lhe pedia. E esta é a primeira lição: usar o corpo de acordo com a nossa consciência: trabalhar honestamente para servir os outros e preparar o futuro que, no seu caso, seria a sobrevivência de sua mãe, Maria. Era chegado o momento de cumprir os desígnios de seu Pai Deus. Antes de iniciar a sua missão, recolheu-se no deserto, durante 40 dias, onde jejuou e orou. Cristo recorria ao jejum e à oração como meio de preparação para tomar decisões, como a escolha dos apóstolos; ou ao prever trabalhos ou momentos particularmente importantes, como a sua paixão e morte. Toda a pessoa que procura fazer o bem - como escolher a sua profissão, o seu cônjuge, onde e como trabalhar, procurar a melhor escola para os filhos e, sobretudo, preparar a sua morte – deve preparar-se seguindo o exemplo de Jesus. “Não tenhais medo!” dizia o Papa João Paulo II. E tinha razão. Jesus foi confortado pelos Anjos, ao terminar aquele jejum, tal com nós nos sentimos fortalecidos depois de fazermos oração e penitência. Além disso, com estas ajudas, as nossas ações ganham eficácia porque não as fazemos a sós, mas com a ajuda divina.

É interessante notar que o primeiro ato de Jesus depois de sair do deserto foi fazer-se batizar pelo seu primo João. Este batismo ainda não era um sacramento, pois Jesus, sendo Deus, não necessitava dos sacramentos, mas quis dar o exemplo do que devemos fazer: pedir o batismo e batizar os outros. É de notar que Jesus não batizava, mas ordenou aos seus discípulos que o fizessem.

João também tinha discípulos. Ao batizar  Jesus, reconheceu que era Ele o Messias esperado e confidenciou isso a dois deles: a André, irmão de Simão Pedro, e a João, o futuro evangelista. Esta confidência, manifestação de amizade de João Baptista, é própria de quem tem oportunidade de se encontrar com Cristo; não consegue guardar só para si a sua alegria, necessita partilhá-la, fazer apostolado. Jacinta, a pequena vidente de Fátima, também não conseguiu calar o segredo. Para isso deve servir o que dizemos: dar boas notícias, anunciar que a salvação chegou para todos. Desde que o Messias veio à terra, todas as pessoas podem ser santas.

Isabel Vasco Costa




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