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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Amor e Verdade versus Inveja e Ódio

Qual será a obra-prima da nossa vida? Durante largos anos trabalhámos, enfrentámos tempestades, dias de bonança, fomos construindo o futuro no dia-a-dia, com muito trabalho, esforço, empenho e esperança. O que somos hoje é o produto final de todas as nossas vivências e experiências, muitas vezes cimentadas na dúvida, na incerteza mas sempre com os olhos colocados no céu, nos dias vindouros, em que se tornava necessário plantar para mais tarde colher, mesmo quando não entendíamos os acontecimentos em curso, mas colocando-os nas mãos de Deus, que é Pai e certamente ambiciona o melhor para nós. Quantas vezes teremos questionado o porquê dos acontecimentos?

Como fazer um balanço dos anos decorridos? Como não temer o futuro? São questões que, na realidade, nos acompanham permanentemente. O que é hoje uma realidade, amanhã já se encontra ultrapassado. O mundo encontra-se em constante mutação. As novas tecnologias vieram dar um impulso enorme ao conhecimento e ao acompanhamento in loco das situações que ocorrem em qualquer parte do mundo. Vive-se numa corrida vertiginosa. O tempo é curto! As distâncias quase não existem. Tudo é global e está ligado quer seja pelos meios de comunicação social ou de locomoção, cada vez mais velozes. Recordo que há muitos anos atrás, ouvi uma pessoa (que vivia pacatamente numa pequena cidade do interior, casada, mãe de vários filhos, sem preocupações económicas, com ajuda doméstica, enfim uma vida tranquila, sem sobressaltos, orientando o lar, os filhos, acompanhar o marido, participar nos eventos sociais) referir: “Não me arrependo de nada do que fiz ao longo da minha vida, voltava a fazer tudo igual”. Essa exclamação perseguiu-me ao longo dos anos. Como gostaria de um dia poder fazer esse balanço positivo! Mas não, não é possível fazê-lo. Resta-me aceitá-lo e integrá-lo na vida presente e, se possível, tentar de algum modo, procurar fazer algo ainda concretizável, que ambicionava fazer outrora, e que por algum motivo não foi então exequível. Mas será que o que não foi possível concretizar, ainda faz sentido realizar? Questiono-me interiormente. A resposta é negativa. Não sou a mesma pessoa. A sociedade com todos os seus contributos positivos e negativos modificou-me. As aspirações, os sonhos, os projetos, os ideais já não são os mesmos. Tudo tem um tempo… Hoje, existe algo chamado “maturidade” que me ajuda a ponderar e a refletir sobre as decisões a tomar. Vive-se mais depressa, com um grau de exigência e de conhecimento maior a diferentes níveis (estudo, trabalho, família, sociedade). Na realidade, fazemos um esforço quase diário por acompanharmos a evolução dos tempos. Não queremos de todo ser info-excluídos. Talvez os nossos sonhos e projetos sejam outros. Queremos acompanhar os acontecimentos que se encontram na ordem do dia. Pasmamos com as fake news. A inveja, o ódio, a rivalidade, a má língua, o denegrir a imagem de uma pessoa, o deturpar os acontecimentos, constituem uma realidade. Às vezes sentimos uma enorme injustiça relativamente às afirmações que se fazem e que não correspondem de todo à realidade. O que fazer nestes casos? Há alguns dias, alguém comentou que nessa situação devemos permanecer tranquilos. Não nos perturbarmos. Um dia vindouro, o Amor e a Verdade triunfarão sobre a Inveja e o Ódio. Façamos então um balanço, apesar de todos os acontecimentos, positivo: serviu para adquirimos experiência. Perspetivemos positivamente o futuro, que a Deus pertence.

Termino citando Santa Teresa d´Ávila: “Nada te perturbe, nada te amedronte. Tudo passa, a paciência tudo alcança. A quem tem Deus nada falta. Por nada te angusties. E venha o que vier, nada te espante, só Deus basta”.

Maria Helena Paes

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