Qual será a obra-prima da nossa
vida? Durante largos anos trabalhámos, enfrentámos tempestades, dias de
bonança, fomos construindo o futuro no dia-a-dia, com muito trabalho, esforço, empenho
e esperança. O que somos hoje é o produto final de todas as nossas vivências e
experiências, muitas vezes cimentadas na dúvida, na incerteza mas sempre com os
olhos colocados no céu, nos dias vindouros, em que se tornava necessário
plantar para mais tarde colher, mesmo quando não entendíamos os acontecimentos
em curso, mas colocando-os nas mãos de Deus, que é Pai e certamente ambiciona o
melhor para nós. Quantas vezes teremos questionado o porquê dos acontecimentos?
Como fazer um balanço dos anos
decorridos? Como não temer o futuro? São questões que, na realidade, nos
acompanham permanentemente. O que é hoje uma realidade, amanhã já se encontra
ultrapassado. O mundo encontra-se em constante mutação. As novas tecnologias
vieram dar um impulso enorme ao conhecimento e ao acompanhamento in loco das situações que ocorrem em
qualquer parte do mundo. Vive-se numa corrida vertiginosa. O tempo é curto! As
distâncias quase não existem. Tudo é global e está ligado quer seja pelos meios
de comunicação social ou de locomoção, cada vez mais velozes. Recordo que há
muitos anos atrás, ouvi uma pessoa (que vivia pacatamente numa pequena cidade
do interior, casada, mãe de vários filhos, sem preocupações económicas, com
ajuda doméstica, enfim uma vida tranquila, sem sobressaltos, orientando o lar,
os filhos, acompanhar o marido, participar nos eventos sociais) referir: “Não
me arrependo de nada do que fiz ao longo da minha vida, voltava a fazer tudo
igual”. Essa exclamação perseguiu-me ao longo dos anos. Como gostaria de um dia
poder fazer esse balanço positivo! Mas não, não é possível fazê-lo. Resta-me
aceitá-lo e integrá-lo na vida presente e, se possível, tentar de algum modo,
procurar fazer algo ainda concretizável, que ambicionava fazer outrora, e que
por algum motivo não foi então exequível. Mas será que o que não foi possível
concretizar, ainda faz sentido realizar? Questiono-me interiormente. A resposta
é negativa. Não sou a mesma pessoa. A sociedade com todos os seus contributos
positivos e negativos modificou-me. As aspirações, os sonhos, os projetos, os
ideais já não são os mesmos. Tudo tem um tempo… Hoje, existe algo chamado
“maturidade” que me ajuda a ponderar e a refletir sobre as decisões a tomar.
Vive-se mais depressa, com um grau de exigência e de conhecimento maior a
diferentes níveis (estudo, trabalho, família, sociedade). Na realidade, fazemos
um esforço quase diário por acompanharmos a evolução dos tempos. Não queremos
de todo ser info-excluídos. Talvez os nossos sonhos e projetos sejam outros. Queremos
acompanhar os acontecimentos que se encontram na ordem do dia. Pasmamos com as fake news. A inveja, o ódio, a
rivalidade, a má língua, o denegrir a imagem de uma pessoa, o deturpar os
acontecimentos, constituem uma realidade. Às vezes sentimos uma enorme
injustiça relativamente às afirmações que se fazem e que não correspondem de
todo à realidade. O que fazer nestes casos? Há alguns dias, alguém comentou que
nessa situação devemos permanecer tranquilos. Não nos perturbarmos. Um dia
vindouro, o Amor e a Verdade triunfarão sobre a Inveja e o Ódio. Façamos então
um balanço, apesar de todos os acontecimentos, positivo: serviu para adquirimos
experiência. Perspetivemos positivamente o futuro, que a Deus pertence.
Termino citando Santa Teresa
d´Ávila: “Nada te perturbe, nada te amedronte. Tudo passa, a paciência tudo
alcança. A quem tem Deus nada falta. Por nada te angusties. E venha o que vier,
nada te espante, só Deus basta”.
Maria Helena Paes |
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