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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Assassinato de jovem cristão no Paquistão soma-se a dezenas de casos de discriminação religiosa

Comunidade "em choque"

 | 7 Jan 2025

Funeral de cristão baleado no Paquistao. Foto ACN

A comunidade cristã de Gujranwala no funeral do jovem baleado. Foto © ACN

Suleman Masih, 24 anos, cristão, é a mais recente vítima de perseguição religiosa no Paquistão. A sua morte – foi baleado no estômago e sucumbiu aos ferimentos – deixou a comunidade cristã de Gujranwala “em choque” e ainda mais receosa de que novos ataques possam vir a ocorrer, noticia a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) esta terça-feira, 7 de janeiro.

Segundo informações fornecidas à Fundação AIS pelo padre paquistanês Lazar Aslam OFM, Suleman Masih era um jovem trabalhador e empreendedor. Começou por recolher materiais de desperdício, tendo conseguido mais tarde adquirir maquinaria agrícola para trabalhar em campos de trigo e arroz. No último ano, havia alcançado um sucesso considerável, gerindo cerca de dez hectares de terra e possuindo um veículo. Mas “o seu sucesso tornou-o alvo de hostilidade devido à inveja” e, ao longo de seis meses, “Suleman sofreu ameaças, ataques e assédio, incluindo danos intencionais na sua maquinaria e a destruição das suas colheitas”.

Apesar de o jovem ter denunciado estes incidentes às autoridades, “pouco ou nada foi feito”, o que o deixou vulnerável a mais violência, explicou o padre Aslam à AIS. No passado dia 29 de dezembro, Suleman acabou por ser brutalmente atacado e baleado, tendo sofrido graves lesões renais. Morreu a 1 de janeiro.

Até à data, quatro dos cinco atacantes foram detidos, mas o principal autor do crime continua a monte. O padre Lazar Aslam e a família de Suleman pedem justiça e exortam as autoridades locais e internacionais a tomarem medidas decisivas para proteger as minorias religiosas e evitar mais atos de violência e discriminação social e religiosa. A Comissão (Nacional) Católica para a Justiça e a Paz (NCJP), parceira de projetos da AIS, visitou a família da vítima após o incidente e participou na cerimónia fúnebre de 4 de Janeiro. Após ter efetuado uma missão de apuramento dos factos, a NCJP concluiu que se tratou de mais “um caso de discriminação religiosa”.

Alongo do último ano, foi registado um aumento dos ataques contra os cristãos no país, desencadeados na maioria das vezes por acusações de blasfémia. O mais grave ocorreu em maio, em que milhares de pessoas queimaram e saquearam pelo menosr 26 igrejas e 85 casas de cristãos e que culminou na morte por espancamento de Nazi Masih [ver 7MARGENS].



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