O presidente da Comissão Episcopal responsável pelos Media
lamentou
hoje a falta de atenção aos “problemas mais cruciais” da sociedade
portuguesa, durante a campanha para as legislativas do próximo domingo. “Foi com muita pena
que, até à data, não vi, a nível dos candidatos a estarem à frente das nossas
instituições públicas, de maior relevo, como o Governo, a Assembleia e outras
instâncias, terem debatido os problemas mais cruciais da nossa sociedade”,
referiu D. João Lavrador aos jornalistas. O responsável
católico deu como exemplo as questões da família, da natalidade, da violência
doméstica e das desigualdades sociais no que “elas têm de mais profundo”:
“Passou tudo pela rama, a estes níveis, focou-se muito no problema de uma
economia mais assente neste ou naquele aspeto”, indicou. O bispo de Viana do
Castelo aludiu ainda a temas como a educação, a saúde e “problemas cruciais
de civilização” que são colocados na agenda política “à socapa”, em
particular a intenção de legalizar a eutanásia. As declarações
aconteceram à margem da apresentação da mensagem do Papa para o 56.º Dia
Mundial das Comunicações Sociais, que decorreu no edifício da Reitoria do
Santuário de Cristo Rei, Almada, que foi hoje divulgada pelo Vaticano,
assinada pelo Papa Francisco o dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos
jornalistas. O Papa alertou
para uma “infodemia” que desvaloriza o papel da imprensa, apelando à
valorização da “escuta”, que acrescenta “credibilidade e seriedade” à
informação. “A capacidade de
escutar a sociedade é ainda mais preciosa neste tempo ferido pela longa
pandemia. A grande desconfiança que anteriormente se foi acumulando
relativamente à ‘informação oficial’, causou também uma espécie de
‘infodemia’ dentro da qual é cada vez mais difícil tornar credível e
transparente o mundo da informação”, refere, na mensagem, divulgada pelo
Vaticano, com o título ‘Escutar com o ouvido do coração’. “É preciso inclinar o
ouvido e escutar em profundidade, sobretudo o mal-estar social agravado pelo
abrandamento ou cessação de muitas atividades económicas”, acrescenta. Francisco destacou, a
este respeito, o papel da escuta na superação dos preconceitos contra os
migrantes, convidando todos a “ouvir as suas histórias” de pessoas concretas. “Dar um nome e uma
história a cada um deles. Há muitos bons jornalistas que já o fazem; e muitos
outros gostariam de o fazer, se pudessem. Encorajemo-los! Escutemos estas
histórias”, apela. O presidente da Comissão
Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, disse hoje que o
jornalismo deve promover
a “escuta da realidade” e a “história” de cada pessoa, rejeitando o
sensacionalismo. “O tema deste ano,
convidando à escuta, inscreve-se nas preocupações do Papa Francisco, para que
a comunicação social se torne próxima da pessoa e junto dela apreenda as suas
preocupações, sem ceder à tentação de uma comunicação de gabinete, de
sensacionalismo, de opinião ou de redes sociais”, disse D. João Lavrador. Se não teve ocasião
de ver a entrevista ao diretor do Centro de Estudos Aplicados da Universidade
Católica Portuguesa (UCP), vale a pena deter-se uns minutos sobre o olhar de
Ricardo Reis sobre o impacto
da pandemia nas eleições legislativas, a análise sobre a participação cívica
dos portugueses e o seu “desencanto, não com os programas, mas com as
personalidades que têm à sua frente como opção”. Deixo-lhe ainda
notícia sobre a declaração
conjunta dos bispos católicos da Polónia e da Ucrânia a respeito da crise
deste último país com a Rússia, pedindo a intervenção da comunidade
internacional para travar um conflito militar. As conferências
episcopais assumem a sua “preocupação” com o falhanço das negociações entre a
Rússia e o Ocidente, denunciando a “crescente pressão”de Moscovo contra a
Ucrânia”. “A busca de métodos
alternativos à guerra para resolver conflitos internacionais tornou-se hoje
uma necessidade urgente, pois o poder aterrador dos instrumentos de
destruição disponíveis, até mesmo para as médias e pequenas potências, e os
laços cada vez mais fortes existentes entre nações do mundo inteiro tornam
difícil ou até praticamente impossível limitar os efeitos do conflito”,
advertem os bispos, numa posição divulgada pelo portal de notícias do
Vaticano. O Papa convocou para
quarta-feira uma jornada de oração pela paz, face ao agravamento da crise na
Ucrânia, iniciativa a que se associou hoje a Conferência Episcopal
Portuguesa. Mas há mais para ver,
ler e ouvir em agencia.ecclesia.pt Encontramo-nos lá? Tenha um excelente
dia! |
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