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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Dar voz ao silêncio

A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal divulgou, durante a apresentação pública da equipa e plano de trabalho, os contactos para recolher denúncias e testemunhas de vítimas.

“Foi vítima de abusos sexuais durante a sua infância e adolescência (até aos 18 anos), praticados por membros da Igreja católica portuguesa ou pessoas que para ela trabalham? Dê o seu testemunho. Faça-o com total garantia do nosso sigilo profissional e do seu anonimato”, refere o organismo, na sua nova página online, https://darvozaosilencio.org/.

Os testemunhos podem também ser recolhidos num inquérito online, numa linha aberta (+351 917 110 000) ou por email (geral@darvozaosilencio.org), sendo possível agendar um encontro presencial com membros da comissão, mediante marcação prévia por contacto telefónico.

Pedro Strecht, coordenador do organismo, disse aos jornalistas que a comissão existe “para estar ao lado das pessoas, tem disponibilidade total para as escutar, a seu tempo e com tempo” - “Todas contam”, assinalou.

Também ontem, no Vaticano, o Papa afirmou a sua “firme vontade” de esclarecer os casos de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja ou em instituições católicas.

“Trata-se de crimes, sobre os quais deve haver uma firme vontade de esclarecer, examinando os casos individuais para apurar as responsabilidades, fazer justiça às vítimas e impedir que se repitam no futuro semelhantes atrocidades”, referiu, perante embaixadores dos cinco continentes, reunidos no Palácio Apostólico para o tradicional encontro de Ano Novo.

Um discurso do papa Francisco que denunciou a “indiferença” da comunidade internacional” perante “conflitos intermináveis” que decorrem em vários países.

“Não podemos esquecer o conflito no Iémen, uma tragédia humana que se desenrola há anos em silêncio, longe dos holofotes dos meios de comunicação e no meio duma certa indiferença da comunidade internacional, continuando a provocar numerosas vítimas civis, especialmente mulheres e crianças”, exemplificou.

O encontro anual decorreu na Sala das Bênçãos do Palácio Apostólico, onde Francisco apontou ao “diálogo e fraternidade” como “focos essenciais” para superar as crises da atualidade e encontrar “soluções para conflitos intermináveis, que por vezes assumem a fisionomia de verdadeiras e próprias guerras por procuração (proxy wars)”.

O Papa pediu “diálogo e fraternidade” para ultrapassar os conflitos.

Francisco afirmou ainda aos embaixadores, a necessidade de um esforço global no combate à pandemia de Covid-19, reforçando a necessidade de vacinação e de ajuda aos países mais carenciados e reconheceu que 2022 vai ser “desafiador”, neste campo, exigindo ainda “um esforço considerável” no combate à pandemia.

“É importante que se possa continuar o esforço por imunizar, no máximo possível, a população. Isto requer um múltiplo empenho a nível pessoal, político e da comunidade internacional”, sublinhou.

O Papa alertou também para a “desumanização dos migrantes”, evocando a sua recente viagem a Lesbos, onde se encontrou com refugiados.

“Diante destes rostos, não podemos permanecer indiferentes, nem se pode entrincheirar atrás de muros e arame farpado a pretexto de defender a segurança ou um estilo de vida”, advertiu, recordando a sua passagem pelo campo de refugiados da ilha grega, no último dia 5 de dezembro.

“Pude constatar a generosidade de quantos prestam a sua ação para oferecer acolhimento e ajuda aos migrantes, mas sobretudo vi os rostos de tantas crianças e adultos hóspedes dos centros de acolhimento”, referiu Francisco.

O Papa lamentou ainda a “crise de confiança” na diplomacia, pedindo uma aposta da comunidade internacional no multilateralismo.

“A diplomacia multilateral é chamada a ser verdadeiramente inclusiva, não eliminando, mas valorizando as diversidades e as sensibilidades históricas que caracterizam os vários povos. Recuperará, assim, credibilidade e eficácia para enfrentar os próximos desafios, que exigem que a humanidade se reúna como uma grande família”.

Um discurso que marca a visão do Papa Francisco com diversos desafios para a Igreja e para o mundo que vale a pena visitar e permanecer nele, em especial neste contexto português, em vésperas de eleições,. e quando questões laterais parecem querer tomar conta de debates que importam ter, tendo em vista o bem-comum e a construção social. 

Mas há mais para ler, ver e ouvir em agencia.ecclesia.pt

Encontramo-nos lá?

Tenha um excelente dia!

Lígia Silveira

 


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