A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais
contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal divulgou, durante a
apresentação pública da equipa e plano de trabalho, os contactos para
recolher denúncias e testemunhas de vítimas. “Foi vítima de abusos
sexuais durante a sua infância e adolescência (até aos 18 anos), praticados
por membros da Igreja católica portuguesa ou pessoas que para ela trabalham?
Dê o seu testemunho. Faça-o com total garantia do nosso sigilo profissional e
do seu anonimato”, refere o organismo, na sua nova página online, https://darvozaosilencio.org/. Os testemunhos podem
também ser recolhidos num inquérito online, numa linha aberta (+351 917 110
000) ou por email (geral@darvozaosilencio.org),
sendo possível agendar um encontro presencial com membros da comissão,
mediante marcação prévia por contacto telefónico. Pedro Strecht,
coordenador do organismo, disse aos jornalistas que a comissão existe “para
estar ao lado das pessoas, tem disponibilidade total para as escutar, a seu
tempo e com tempo” - “Todas contam”, assinalou. Também ontem, no
Vaticano, o Papa afirmou
a sua “firme vontade” de esclarecer os casos de abusos sexuais cometidos por
membros da Igreja ou em instituições católicas. “Trata-se de crimes,
sobre os quais deve haver uma firme vontade de esclarecer, examinando os
casos individuais para apurar as responsabilidades, fazer justiça às vítimas
e impedir que se repitam no futuro semelhantes atrocidades”, referiu, perante
embaixadores dos cinco continentes, reunidos no Palácio Apostólico para o
tradicional encontro de Ano Novo. Um discurso do papa
Francisco que denunciou
a “indiferença” da comunidade internacional” perante “conflitos
intermináveis” que decorrem em vários países. “Não podemos esquecer
o conflito no Iémen, uma tragédia humana que se desenrola há anos em
silêncio, longe dos holofotes dos meios de comunicação e no meio duma certa
indiferença da comunidade internacional, continuando a provocar numerosas
vítimas civis, especialmente mulheres e crianças”, exemplificou. O encontro anual
decorreu na Sala das Bênçãos do Palácio Apostólico, onde Francisco apontou ao
“diálogo e fraternidade” como “focos essenciais” para superar as crises da
atualidade e encontrar “soluções para conflitos intermináveis, que por vezes
assumem a fisionomia de verdadeiras e próprias guerras por procuração (proxy
wars)”. O Papa pediu “diálogo
e fraternidade” para ultrapassar os conflitos. Francisco afirmou
ainda aos embaixadores, a necessidade de um esforço global no combate à
pandemia de Covid-19, reforçando a necessidade de vacinação
e de ajuda aos países mais carenciados e reconheceu que 2022 vai ser
“desafiador”, neste campo, exigindo ainda “um esforço considerável” no
combate à pandemia. “É importante que se
possa continuar o esforço por imunizar, no máximo possível, a população. Isto
requer um múltiplo empenho a nível pessoal, político e da comunidade
internacional”, sublinhou. O Papa alertou também
para a “desumanização dos migrantes”, evocando a sua recente viagem a Lesbos,
onde se encontrou com refugiados. “Diante destes rostos,
não podemos permanecer indiferentes, nem se pode entrincheirar atrás de muros
e arame farpado a pretexto de defender a segurança ou um estilo de vida”, advertiu,
recordando a sua passagem pelo campo de refugiados da ilha grega, no último
dia 5 de dezembro. “Pude constatar a
generosidade de quantos prestam a sua ação para oferecer acolhimento e ajuda
aos migrantes, mas sobretudo vi os rostos de tantas crianças e adultos
hóspedes dos centros de acolhimento”, referiu Francisco. O Papa lamentou ainda
a “crise de confiança” na
diplomacia, pedindo uma aposta da comunidade internacional no
multilateralismo. “A diplomacia
multilateral é chamada a ser verdadeiramente inclusiva, não eliminando, mas
valorizando as diversidades e as sensibilidades históricas que caracterizam
os vários povos. Recuperará, assim, credibilidade e eficácia para enfrentar
os próximos desafios, que exigem que a humanidade se reúna como uma grande
família”. Um discurso que marca
a visão do Papa Francisco com diversos desafios para a Igreja e para o mundo
que vale a pena visitar e permanecer nele, em especial neste contexto
português, em vésperas de eleições,. e quando questões laterais parecem
querer tomar conta de debates que importam ter, tendo em vista o bem-comum e
a construção social. Mas há mais para ler,
ver e ouvir em agencia.ecclesia.pt Encontramo-nos lá? Tenha um excelente
dia! |
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