O presidente da Itália pronuncia-se na Jornada Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual
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RAI |
A Itália celebrou em 30 de Março a sua Jornada Nacional da Pessoa com
Deficiência Intelectual, em evento transmitido ao vivo pela televisão
estatal (RAI) e organizado em parceria por várias associações dedicadas
às pessoas com necessidades especiais.
Durante a cerimónia, foi lida a “Declaração de Roma para a promoção e apoio à auto-representação na Itália e na Europa”.
Entre os testemunhos pessoais e familiares, destacaram-se o de Agnese
Bucciarello, com a síndrome de Down, que estagiou em 2012 na Secretaria
Geral da Presidência da República; o de Sonia Zen, mãe de um menino com
deficiência intelectual grave; e o de Clara Sereni , escritora e também
mãe de um jovem deficiente. O jovem Gabriele Naretto, autista e
deficiente visual, executou no piano duas peças musicais de George
Gershwin.
No final do evento, o presidente italiano Sergio Mattarella fez um
discurso lembrando que, em 2007, o governo italiano assinou a Convenção
da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e observou que
aquelas disposições integram hoje a nossa ordem jurídica, “estabelecendo
para todos nós, como pessoas e como comunidade, objetivos mais elevados
em termos de civilização, de igualdade de oportunidades, de
desenvolvimento das relações humanas e, portanto, de bem-estar social,
que nunca se mede apenas com números e quantidades”.
“O respeito pela integridade da pessoa e o combate a todas as formas
de discriminação fazem crescer a qualidade de vida de cada um, o que se
reflecte em todas as esferas, incluindo a económica”.
“A deficiência não é doença, nem um problema a ser carregado no
indivíduo e em seus parentes. As condições de deficiência se tornam
graves se o mundo ao redor não leva em conta a diversidade e transforma
as diferenças em factor de exclusão. As barreiras são criadas, acima de
tudo, pelos limites da nossa organização social e pelas nossas
deficiências culturais, começando pelos lentos reflexos diante dos
obstáculos que impedem a plena expressão da personalidade”.
“A Itália democrática e a União Europeia nasceram para derrubar os
muros de toda espécie, para remover o arame farpado, para construir um
mundo de pessoas livres e iguais na sua diversidade, um mundo que será
tanto mais avançado quanto menos condicionar o exercício dos direitos e a
distribuição de oportunidades a privilégios económicos ou de aspecto
físico”.
“Esta é uma meta sempre viva à qual devemos aspirar. É a essência da
civilização europeia, que nos chama sempre a defender o valor da vida e
da convivência – hoje, também contra o terrorismo”.
O presidente italiano recordou que a deficiência intelectual é uma
fonte particularmente insidiosa de sofrimento e marginalização. Ela
compreende 65% das deficiências, reforça preconceitos e torna
problemáticos, muitas vezes, os diagnósticos e tratamentos. Contra isso,
“a inclusão de quem enfrenta dificuldades é um multiplicador de força
social. Vencer o isolamento é o primeiro passo no caminho da inclusão.
Estamos falando de cidadãos, não de pacientes”.
Mattarella salientou, portanto, que a atenção em saúde deve ser
integrada “com a solidariedade e sensibilidade dos órgãos sociais e das
estruturas das várias instituições, afirmando a dignidade de todo ser
humano e o seu direito à vida”.
Em conclusão, o presidente da Itália declarou que “um país é mais
rico quando entende a diversidade como factor de riqueza. É mais pobre
quando comprime a liberdade de alguns fazendo-os sentir-se
marginalizados e limitando as suas possibilidades e talentos. É preciso
ter a coragem de sentir-se cidadãos e trabalhar por um país melhor”.
in
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