O evangelho do 2º. Domingo da Páscoa diz-nos que Jesus Ressuscitado apareceu no meio dos discípulos que estavam fechados em casa, com medo. Nada, como o medo, nos condiciona tão negativamente. Não por acaso, lemos na Carta aos Hebreus que o Filho de Deus se fez homem para destruir na sua morte o senhor da morte, o diabo, e libertar os que passam a vida inteira escravos do medo de morrer (2, 14-15).
Escravos do medo de morrer. O medo é fruto do pecado que nos separa de Deus, e a escravidão do medo leva à mentira, ao roubo, ao egoísmo e à violência, numa palavra, ao pecado que destrói os fundamentos da nossa relação justa com os outros e com as coisas. O medo é simultaneamente consequência e causa do pecado.
Escravos do medo de morrer. O medo é fruto do pecado que nos separa de Deus, e a escravidão do medo leva à mentira, ao roubo, ao egoísmo e à violência, numa palavra, ao pecado que destrói os fundamentos da nossa relação justa com os outros e com as coisas. O medo é simultaneamente consequência e causa do pecado.
Para enganar o medo, porque não é fácil enfrentar lucidamente a morte e a destruição não apenas do corpo, mas de tudo aquilo que constitui a nossa pessoa, inventámos mil e uma formas de iludir a evidência de que havemos de morrer. Mas trata-se apenas de esconder a cabeça na areia como a avestruz, pois a experiência mostra que, por nós próprios, somos incapazes de nos libertar desse medo e dessa escravidão.
É por isso que nós cristãos proclamamos a Boa Notícia que todo o homem, no mais íntimo de si próprio, espera receber: a morte foi vencida! Jesus de Nazaré, o Filho de Deus feito homem, verdadeiro Deus e homem verdadeiro que morreu na Cruz por nosso amor carregando com os pecados do mundo inteiro, ressuscitou, venceu a morte! Aos seus discípulos, também eles paralisados pelo medo, apareceu vivo, não uma mas várias vezes e em circunstâncias diversas. A Ressurreição de Jesus, a sua vitória sobre a morte é um acontecimento real, não é uma fantasia. Na visão inicial do livro do Apocalipse que escutamos na segunda leitura deste domingo, Ele diz ao apóstolo João e a cada um de nós: Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive. Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e da morada dos mortos! (Ap.1,17-18)
Tu que lês agora estas palavras, seja qual for a situação em que te encontras, recebe-as deste único Senhor que vive eternamente, que te conhece melhor que ninguém e que veio ao mundo para te libertar do medo de morrer e te fazer participante da sua vitória: Não temas, não tenhas medo! Ele tem poder sobre tudo aquilo que te destrói! Acredita n’Ele e serás salvo! Em Cristo, a tua vida ganha dimensão de eternidade: na estreiteza da nossa existência terrena manifesta-se a Vida Eterna, a própria Vida de Deus oferecida aos que n’Ele acreditam. Não há obra de misericórdia maior do que esta realizada por Deus em nosso favor. Por ela passamos da morte para a Vida, do desespero para a esperança e do egoísmo para o amor, deixando de ser escravos para nos tornarmos seus filhos e herdeiros. Acreditas nisto?
Pensam alguns que a boa notícia é uma piedosa mentira ou uma droga para suavizar a vida dos que não conseguem alcançar neste mundo uma existência minimamente satisfatória. Uma coisa é certa: os que, na soberba da sua ilusória autossuficiência desprezam o Evangelho ficam prisioneiros do seu egoísmo, incapazes de amar.
A esperança não engana, escreveu S. Paulo, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5, 5). Os frutos da vida de Deus em nós manifestam-se já neste mundo. O que crê em Jesus venceu a morte e pode, por isso mesmo, amar os inimigos, perdoar as ofensas, pagar o mal com o bem e manifestar ao mundo a misericórdia de Deus. E a sua vida transforma-se num hino de amor e gratidão a Cristo e ao Pai.
Jesus manifestou-Se ressuscitado a pessoas individuais como Maria Madalena e Simão Pedro, mas a experiência da sua ressurreição consolida-se no coração dos discípulos quando aparece no meio deles e lhes dá a sua paz. Ainda hoje é assim, segundo a sua promessa: onde dois ou três se reunirem em meu nome, Eu estarei no meio deles (Mat. 18,20). É em Igreja, nas nossas paróquias e comunidades, assim como são, que podemos celebrar e viver a Páscoa e experimentar a presença de Cristo glorioso que nos pacifica e envia como anunciadores da sua vitória. A Igreja é o corpo visível do Senhor ressuscitado e sem este corpo não é possível ouvirmos, vermos e tocarmos a Vida nova que Ele nos trouxe do Pai e nos oferece. Sem a Igreja, Cristo é apenas um mito, uma memória longínqua incapaz de transformar seja o que for. Sejamos Igreja, cultivemos a comunhão fraterna e experimentaremos o poder da Ressurreição do Senhor, fonte de Vida e de Salvação para nós e para o mundo. E porque o experimentamos poderemos anunciá-lo com a firmeza e o desassombro próprios de quem fala do que sabe e dá testemunho do que viu.
O Senhor ressuscitou verdadeiramente!
Vivamos a Páscoa! Acolhamos a misericórdia do Senhor! Levemos o anúncio da paz e da alegria de Cristo Ressuscitado a tanta gente ainda escrava do medo de morrer e fechada numa vida sem horizontes, à espera.
+ J. Marcos
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