De acordo com o arcebispo de Viena, a exortação apostólica é um documento que pode ser uma boa ajuda para todas as famílias
Foto: ZENIT |
Para o cardeal Christoph Schönborn, a Amoris Laetitia é uma grande catequese sobre o amor conjugal e familiar.
Em uma conversa com ZENIT e outros jornais, após a apresentação do
documento, que teve lugar na Sala de Imprensa do Vaticano na
sexta-feira, 8, o arcebispo de Viena falou da exortação apostólica do
Papa Francisco sobre a alegria do amor na família e da sua convicção de
que os pastores possam utilizar este documento para ajudar famílias.
O cardeal austríaco também expressou suas esperanças em relação ao
documento de 263 páginas, o seu apreço pela inclusão que o Pontífice fez
da colaboração dos bispos durante os sínodos, e de como Francisco
reafirma o ensinamento da Igreja sobre matrimónio tradicional.
Além disso, o cardeal Schönborn reconhece os perigos naturais que
subsistem com relação à implementação da Amoris Laetitia e aplaude o
exemplo de “bom pastor” do Santo Padre, que conhece bem a correta ‘arte’
de acompanhar as pessoas, não sendo muito duro, mas também sem fazer
concessões.
***
Eminência, qual é a sua esperança pessoal sobre o auxílio que a exortação apostólica Amoris laetitia pode dar às famílias?
Estou convencido de que a exortação do Papa Francisco possa ser de
grande ajuda. Vale a pena fazer o esforço de lê-la, porque uma exortação
pode ajudar somente se for conhecida. É útil conhecer este documento. É
muito rico e posso somente incentivar os nossos pastores e as nossas
comunidades a trabalhar nisso, estuda-lo, lê-lo e experimentar a alegria
deste belo trabalho.
Há partes da relatio final do Sínodo que não foram aceitas pelo Papa em seu documento?
O Papa Francisco citou numerosos textos dos documentos de ambos os
sínodos. Não pegou todos, naturalmente, uma vez que os dois determinaram
outras matérias, que não abordou na sua Exortação. Mas é interessante
ver o quanto o papa Francisco tenha se baseado no trabalho dos bispos
nos Sínodos.
Como pode um pastor comunicar eficazmente aos fiéis os
conteúdos deste documento, visto que, sendo mais de 200 páginas, nem
todo mundo será capaz de lê-lo?
Sim. Acho que nossos pastores podem pegar, por exemplo, o quarto
capítulo, Como viver o amor. É uma grande catequese. Pode-se pegar
capítulo por capítulo, passagem por passagem, e trabalhar sobre a
exortação na paróquia, nas comunidades. É uma grande catequese sobre o
amor conjugal e familiar. E penso que, como pastores, podemos usá-la
para o nosso trabalho pastoral.
O Santo Padre afirmou o ensinamento da Igreja sobre o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo mas, como fez no passado,
incentivou a acolhida nas paróquias daqueles que experimentam atracção
pelo mesmo sexo. Na prática o que significa?
Em um só ponto da exortação apostólica Amoris Laetitia, o Papa
Francisco fala de tendências homossexuais. Como fez no último sínodo, o
Papa fala da questão de como lidar com a situação quando, em família, um
membro descobre que tem essa tendência homossexual. Essa é a única
passagem na qual toca este tema.
Há um outro ponto que é muito claro: sem falar de casais gays ou
homossexuais, o Papa reitera claramente que só a união entre homem e
mulher, aberta à nova vida, em princípio, pode ser chamada matrimónio. E
fico muito feliz de que ele tenha esclarecido isso, porque as outras
situações podem ser parcerias ou relacionamentos, mas certamente não matrimónio.
Quanto à questão de discernimento, o Papa Francisco falou
sobre como ajudar os casais em situações “irregulares” para discernir o
seu caminho em direcção ao que é o ideal proposto pelo Evangelho. Há,
talvez, algum perigo de que pastores ou casais possam ser guiados de
mofo não muito correto?
Sim, é claro que há esse perigo. Mas esse perigo sempre existiu,
desde o início da Igreja, porque os pastores podem induzir ao erro,
podem ser muito duros ou muito inclinados à transigência, mas a arte da
qual o Papa fala é precisamente a arte de acompanhar as pessoas. Esta é a
correta capacidade de um bom pastor. E penso que o papa Francisco seja
um bom pastor e tenha grande experiência no seguir as pessoas nas
situações de alegria, como naquelas de desconforto, e ele sabe do que
está falando, quando se fala de como acompanhar as famílias nas suas
vidas rumo à alegria e ao amor.
in
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