Páginas

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Amoris laetitia. Schönborn: “O Papa é um bom pastor, sabe do que fala”

De acordo com o arcebispo de Viena, a exortação apostólica é um documento que pode ser uma boa ajuda para todas as famílias


Foto: ZENIT
Para o cardeal Christoph Schönborn, a Amoris Laetitia é uma grande catequese sobre o amor conjugal e familiar.

Em uma conversa com ZENIT e outros jornais, após a apresentação do documento, que teve lugar na Sala de Imprensa do Vaticano na sexta-feira, 8, o arcebispo de Viena falou da exortação apostólica do Papa Francisco sobre a alegria do amor na família e da sua convicção de que os pastores possam utilizar este documento para ajudar famílias.

O cardeal austríaco também expressou suas esperanças em relação ao documento de 263 páginas, o seu apreço pela inclusão que o Pontífice fez da colaboração dos bispos durante os sínodos, e de como Francisco reafirma o ensinamento da Igreja sobre matrimónio tradicional.

Além disso, o cardeal Schönborn reconhece os perigos naturais que subsistem com relação à implementação da Amoris Laetitia e aplaude o exemplo de “bom pastor” do Santo Padre, que conhece bem a correta ‘arte’ de acompanhar as pessoas, não sendo muito duro, mas também sem fazer concessões.

***

Eminência, qual é a sua esperança pessoal sobre o auxílio que a exortação apostólica Amoris laetitia pode dar às famílias?
Estou convencido de que a exortação do Papa Francisco possa ser de grande ajuda. Vale a pena fazer o esforço de lê-la, porque uma exortação pode ajudar somente se for conhecida. É útil conhecer este documento. É muito rico e posso somente incentivar os nossos pastores e as nossas comunidades a trabalhar nisso, estuda-lo, lê-lo e experimentar a alegria deste belo trabalho.

Há partes da relatio final do Sínodo que não foram aceitas pelo Papa em seu documento?
O Papa Francisco citou numerosos textos dos documentos de ambos os sínodos. Não pegou todos, naturalmente, uma vez que os dois determinaram outras matérias, que não abordou na sua Exortação. Mas é interessante ver o quanto o papa Francisco tenha se baseado no trabalho dos bispos nos Sínodos.

Como pode um pastor comunicar eficazmente aos fiéis os conteúdos deste documento, visto que, sendo mais de 200 páginas, nem todo mundo será capaz de lê-lo?
Sim. Acho que nossos pastores podem pegar, por exemplo, o quarto capítulo, Como viver o amor. É uma grande catequese. Pode-se pegar capítulo por capítulo, passagem por passagem, e trabalhar sobre a exortação na paróquia, nas comunidades. É uma grande catequese sobre o amor conjugal e familiar. E penso que, como pastores, podemos usá-la para o nosso trabalho pastoral.

O Santo Padre afirmou o ensinamento da Igreja sobre o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo mas, como fez no passado, incentivou a acolhida nas paróquias daqueles que experimentam atracção pelo mesmo sexo. Na prática o que significa?
Em um só ponto da exortação apostólica Amoris Laetitia, o Papa Francisco fala de tendências homossexuais. Como fez no último sínodo, o Papa fala da questão de como lidar com a situação quando, em família, um membro descobre que tem essa tendência homossexual. Essa é a única passagem na qual toca este tema.

Há um outro ponto que é muito claro: sem falar de casais gays ou homossexuais, o Papa reitera claramente que só a união entre homem e mulher, aberta à nova vida, em princípio, pode ser chamada matrimónio. E fico muito feliz de que ele tenha esclarecido isso, porque as outras situações podem ser parcerias ou relacionamentos, mas certamente não matrimónio.

Quanto à questão de discernimento, o Papa Francisco falou sobre como ajudar os casais em situações “irregulares” para discernir o seu caminho em direcção ao que é o ideal proposto pelo Evangelho. Há, talvez, algum perigo de que pastores ou casais possam ser guiados de mofo não muito correto?
Sim, é claro que há esse perigo. Mas esse perigo sempre existiu, desde o início da Igreja, porque os pastores podem induzir ao erro, podem ser muito duros ou muito inclinados à transigência, mas a arte da qual o Papa fala é precisamente a arte de acompanhar as pessoas. Esta é a correta capacidade de um bom pastor. E penso que o papa Francisco seja um bom pastor e tenha grande experiência no seguir as pessoas nas situações de alegria, como naquelas de desconforto, e ele sabe do que está falando, quando se fala de como acompanhar as famílias nas suas vidas rumo à alegria e ao amor.


in


Sem comentários:

Enviar um comentário