Maria do Carmo, coordenadora, destaca a preocupação com os números e as novas valências de acompanhamento
Beja, 18 nov 2022 (Ecclesia) – A coordenadora do Projeto ‘Estou tão perto que não me vês’, da Cáritas Diocesana de Beja, destaca as “respostas inovadoras” que a organização católica criou, face ao “aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo” no concelho alentejano
“O objetivo do nosso projeto também é muito dar visibilidade a estas pessoas, uma cara, um rosto, sensibilizar os serviços públicos, quer a sociedade civil, quer os serviços, e para o tipo de intervenção a ser feita”, disse hoje Maria do Carmo à Agência ECCLESIA.
A coordenadora começou por contextualizar que os projetos surgiram de “uma necessidade” identificada pela Cáritas Diocesana de Beja quando viu o número de pessoas em situação de sem-abrigo neste concelho alentejano, através do inquérito da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, realizado em 2020, e “no concelho de Beja existiam 9,72 por cada mil habitantes”.
Maria do Carmo acrescenta que concluíram que a Cáritas acompanhava “88 pessoas”, através de dados dos vários serviços internos, mas, agora, em 2022, “a realidade em Beja alterou bastante, não só migrantes mas também a população portuguesa”, e contabilizaram “até agora 279 pessoas”.
A entrevistada lembra que a instituição da Igreja Católica “trabalha com pessoas com vulnerabilidade social”, e têm uma série de serviços, mas “havia necessidade” de ser mais focalizado e inovador, nomeadamente com a “constituição de uma equipa de rua e de um drop-in”, espaço de capacitação que estas pessoas possam frequentar.
“No tempo que estão no ‘Espaço Estórias’, em que reduzem os consumos, são feitas atividades para desenvolvimento de competências individuais e sociais, para a capacitação. Daqui são encaminhados para todos os serviços necessário às situações que precisam de tratar”, explica.
Maria do Carmo assinala a importância de “uma relação de proximidade” com os parceiros para que essas questões sejam resolvidas “de forma mais célere, tendo em conta as dificuldades, vulnerabilidades e precariedade que estas pessoas têm”.
Neste novo espaço, na Casa do Estudante, que está a funcionar desde janeiro deste ano, quando começou o projeto, prestam “cuidamos básicos”, têm banco de roupa, e dinamizam “uma série de atividades a nível de artes, para desenvolvimento de competências, apoio psicossocial”, entre as 09h00 e as 17h00.
“Sinalizamos 279 pessoas, já atendemos 252, atualmente, temos em acompanhamento permanente 68 pessoas. E todas as outras foram encaminhadas para parceiros, outras são migrantes já saíram da cidade, outras já foram integradas”, adianta.
Já a equipa de rua, que surgiu com o ‘Estou tão perto que não me vês’, sinaliza e referencia, a cidade de Beja foi mapeada e marcaram “alguns locais em que os giros diários devem acontecer”, com a equipa que vai ter com as pessoas, “ver quais são as necessidades que têm, escutam, e vão criando uma relação de proximidade e confiança” para darem outros passos, e não levam alimentação porque sinalizam “para as respostas da Cáritas, o refeitório e cantina”.
A psicóloga clínica trabalha há 22 anos na Cáritas Diocesana de Beja e não se recorda de uma situação com estes números, observando que a sociedade local “não estava a despertar” para este problema.
CB/OC
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