O Papa Francisco tem feito algumas advertências a quem
busca conhecer o futuro e os desígnios de Deus através de horóscopos ou falsos
pregadores, exortando a que não se deixem enganar pelos pregadores
apocalíticos. Quem segue Jesus não presta ouvidos aos profetas da desgraça, à
futilidade dos horóscopos, às previsões que amedrontam, distraindo daquilo que
conta. O Senhor convida a distinguir, entre as muitas vozes que se ouvem,
aquilo que vem d’Ele e o que vem do falso espírito.
É importante distinguir entre o sábio convite que Deus
nos dirige cada dia e o clamor de quem se serve do Seu nome para assustar,
sustentando divisões e medos.
Assim como Jesus, o Santo Padre convidou a “não temer
perante os cataclismos de cada época”, porque Ele “pede para perseverar no bem
e colocar plena confiança em Deus, que não desilude”.
“Sempre somos impelidos pela curiosidade: quer-se
saber quando será, como será e receber sinais do que acontecerá. Esta
curiosidade, porém, não agrada a Jesus”.
Leiamos este trecho, interrogando-nos
sobre as formas que assumem os falsos profetas?
«Uns assemelham-se a «encantadores de
serpentes», ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as
pessoas e levá-las para onde eles querem. Quantos filhos de Deus acabam
encandeados pelas adulações dum prazer de poucos instantes que se confunde com
a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do
dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de
interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e caem
vítimas da solidão!
Outros
falsos profetas são aqueles «charlatães» que oferecem soluções simples e
imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente
ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações
passageiras, de lucros fáceis mas desonestos! Quantos acabam enredados numa
vida completamente virtual, onde as relações parecem mais simples e ágeis, mas
depois revelam-se dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo
que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a
dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos
leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e, do
ridículo, não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demónio, que é
«mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44), apresenta o mal como bem e
o falso como verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um
de nós é chamado a discernir, no seu coração, e verificar se está ameaçado
pelas mentiras destes falsos profetas. É preciso aprender a não se deter no
nível imediato, superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um rasto
bom e mais duradouro, porque vem de Deus e visa verdadeiramente o nosso bem».
Num tempo em que mais se
recorre ao esoterismo e na banalização ou relativização de práticas integradas
em alguns fenómenos culturais, bem ao jeito de superstições, falsos conceitos
religiosos e distorções espirituais, urge que neste Tempo Pascal se leia, releia
e medite na passagem supra, retirada da mensagem do Papa Francisco para esta
Quaresma de 2018.
Feliciano do Rosário
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