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sábado, 31 de março de 2018

A Oração Enquanto Alimento da Vida Interior

“São poucos os que rezam e os que rezam, rezam pouco”. Ouvi esta frase há alguns dias proferida por um sacerdote que acrescentou ainda uma frase de São Mateus: “Oração é amar o outro” e do Santo Padre: “O remédio doce da oração, da esmola e do jejum”. Bem, encontra-se lançado, se me permitem, o mote para mais um artigo. Contudo, a vida prega-nos partidas. Ao abrir o computador, deparei-me com uma informação que muito me sensibilizou e que me fez esquecer tudo o que tinha pensado anteriormente, priorizando este tema, ou seja, neste dia, (22 de Março de 2018), comemora-se o Dia Internacional do Síndrome de Down, decretado pela Assembleia Geral das Nações Unidas no ano 2011. Este ano encontra-se centrado no tema “Saúde e Bem-estar. Acesso e Igualdade para Todos”. O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na sua mensagem para este dia, dá enfase: ”Demasiadas vezes as pessoas com deficiência – incluindo aqueles com Síndrome de Down – enfrentam o estigma, a discriminação e a exclusão. A falta de participação plena e igualitária das pessoas com Síndrome de Down afeta não só os indivíduos e suas famílias, mas a sociedade em geral. Para as crianças e os adultos com Síndrome de Down, a igualdade de acesso aos serviços de saúde é fundamental para a sua autonomia e participação plena em consonância com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. A Agenda de Desenvolvimento Global Pós 2015 emergente, é uma oportunidade vital para construir uma vida digna para todos. Vamos tomar medidas concretas agora para a inclusão de todas as pessoas com deficiência, incluindo aqueles com Síndrome de Down”. Por outro lado, o Papa Francisco comentou: “Ninguém pode ser descartado, porque todos somos vulneráveis”.

Obviamente não podia deixar de referir este dia, pelo maior respeito, que não só os portadores do Síndrome de Down merecem, bem como, pela promoção da sua dignidade, bem como das suas famílias, pelos cuidadores e de todos os diferentes profissionais que no seu dia-a-dia, lidam com inúmeras dificuldades a vários níveis, no sentido de os apoiar e às suas famílias, que são de louvar, (há inúmeros testemunhos de sacrifícios, de entrega, de amor incondicional que o atestam e que vai para além do que possamos imaginar ou descrever), ajudando-os assim a levar a vida em frente, recriando a esperança num futuro com segurança, com os cuidados sociais e de saúde de que carecem, e merecem face à sua vulnerabilidade. Da minha parte um enorme bem-haja pelo seu espírito de entrega. Que Deus a todos cubra de bênçãos. Pedimos à Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido à sua proteção, implorado a sua assistência, reclamado o seu socorro, tivesse sido por Ela desamparado, rogue pelas intenções de quem precisa. Ajudando igualmente a interceder para que os bons propósitos expressos se venham a transformar numa realidade. Da nossa parte, fica a promessa de colocar todos os meios ao nosso alcance para ajudar a concretizar as diferentes necessidades existentes. E como nos encontramos no mês de Março, mês de São José, acrescento ainda, uma frase de Santa Teresa de Ávila: “No Céu é feito tudo o que S. José pede”.

Mudando de assunto. Alguém que conheço dizia: “Torna-se necessário possuir uma visão de futuro”. Mas o futuro a Deus pertence. É preciso ver os acontecimentos que nos preocupam com uma visão sobrenatural, com os pés assentes na terra e a cabeça no céu. Qual o valor das nossas obras, se não forem unidas a Deus? Na realidade, com o decorrer dos anos possuímos uma maior perceção dos problemas existentes ao nosso redor, com um sentimento de que a todos querermos apoiar, mas em termos humanos, não dispomos da capacidade, de tudo podermos solucionar. Mas nem por isso, devemos deixar de dar o nosso contributo, o que nos é possível levar a cabo, concretamente, nas nossas condições presentes. Há sempre algo que se pode fazer em prol do bem da sociedade. E se falharmos, qualquer falha existente na nossa vida, deve ser interpretada como uma lição, aprenderemos sempre algo útil e valioso para o futuro. Constitui unicamente mais uma aprendizagem no nosso caminhar terreno, em que, se possível, nos devemos rodear, de pessoas com as quais nos identificamos, que prossigam os mesmos objetivos, que nos possam apoiar durante o nosso percurso de vida. A solidão é terrível, em particular nas pessoas de mais idade, (hoje em dia, face à baixa taxa de natalidade e ao aumento da esperança média de vida, sabemos de idosos que tomam conta de idosos, ou a idosos isolados). Claro que todos somos diferentes, que todos nós temos as nossas particularidades e especificidades. Aprenderemos sempre, uns com os outros, com paciência, com humildade, com dedicação e organização, com o amor ao próximo, o espírito de entreajuda, com fé, não perdendo de vista o horizonte, os objetivos propostos. Há um ditado muito conhecido que diz: “Roma e Pavia, não se fizeram num só dia”.

Há alguns dias ouvi uma história contada com muita graça a propósito da fé, que passo a contar: “Uma pessoa que possuía uma fé enorme, tinha um monte na sua frente. Resolveu fechar os olhos e rezar para que Deus mudasse o monte de lugar, mais para a direita. Quando terminou de rezar, abriu os olhos e viu que o monte continuava em frente. Então exclamou muito feliz: “Obrigada Senhor, o monte já foi para a direita e já regressou ao lugar”.

Este artigo, “A Oração Enquanto Alimento da Vida Interior” já vai longo. Para concluir, refiro S. Josemaria. Este Santo escreveu uma frase, que espelha bem o significado deste título: “A oração é a caldeira da vida interior”.

Maria Helena Paes




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