Mensagem da Páscoa 2018 de D. João Marcos
Queridos irmãos e irmãs:
Chegou a Primavera, e a vida cresce nesta terra alentejana regada pela chuva abundante das últimas semanas. Com a Primavera chega também a festa da Páscoa. Para os povos primitivos, a Páscoa era a festa de Ano Novo marcada pela imolação do cordeiro pascal e pelo pão ázimo, sem fermento, com que se inaugurava um novo ciclo. Para o povo de Israel, a festa da Páscoa é o dia da primeira lua cheia da Primavera. Foi na Páscoa que Deus passou para libertar o Seu povo. Aliás, houve Êxodo porque Deus passou no Egito, e aquele povo de escravos saiu para a liberdade, atravessou o Mar Vermelho, tornou-se, pela Aliança no Sinai, o povo eleito de Deus e, apoiado no Senhor seu Deus, conquistou a Terra Prometida. Ao escolher e ao libertar um povo de escravos, o Senhor anunciava já a nova Páscoa, realizada no Sangue do Seu Filho, derramado como preço que liberta da escravidão do pecado a humanidade inteira.
Para nós católicos, a Páscoa é o domingo a seguir à primeira lua cheia da Primavera. O domingo é o dia do Senhor Ressuscitado. É o primeiro dia da semana no qual Deus criou a luz, e é também o oitavo dia, o dia da Vida Eterna, o dia que ultrapassa a medida do tempo presente e nos faz vislumbrar a luz verdadeira, fonte de toda a luz.
Celebrar a Páscoa de Jesus Cristo nosso Senhor é, antes de mais, recuperarmos a dignidade da nossa vida cristã recebendo o perdão dos nossos pecados numa Confissão bem-feita e renovando as promessas do Santo Batismo. É também vivermos o domingo como o dia do Senhor em que vamos à igreja participar na Eucaristia e cultivar a comunhão fraterna na mesma fé, esperança e caridade. Celebrarmos a Páscoa de Cristo é unirmo-nos a Ele como membros do Seu Corpo, pela renúncia ao demónio e pela profissão de fé em Deus, Pai, Filho, e Espírito Santo. É vermos os nossos pecados crucificados com Ele na Cruz e escutarmos o alegre anúncio de que todos foram perdoados para sempre. É considerarmo-nos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus (Cf. Rm 6,11).
Porque nascemos da Páscoa, não podemos viver sem a celebrarmos, sem nos alimentarmos dela. Em cada celebração da Eucaristia, memorial da Páscoa de Cristo, cantamos: anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus! É verdade que todas as dimensões da nossa existência, o passado, o presente e o futuro nela estão presentes e são redimensionadas. De facto, fazendo memorial da morte do Senhor e proclamando a Sua Ressurreição cresce em nossos corações o desejo da Sua última Vinda e da Páscoa definitiva.
É como Igreja que celebramos a Páscoa de Jesus Cristo. É como membros vivos do Seu Corpo que participamos da Sua vitória sobre a morte e o pecado. O ícone da Sua descida aos infernos visualiza muito bem esta dimensão comunitária da Ressurreição do Senhor: Ele introduz na festa Adão e Eva e todas as figuras do Antigo Testamento, fazendo sair cada qual, vivificado, do seu próprio túmulo. Convido-vos a celebrar a Páscoa, irmãos, convido-vos a sair da vossa morte para a vida em comunhão, para a vida em Igreja. Como lemos no Evangelho de S. Mateus (27,52-53), se ressuscitastes com Cristo, entrai na cidade santa, figura da Igreja, e aparecei a muitos. De facto, Cristo morreu e ressuscitou para que cada um de nós deixe de viver para si mesmo e aprenda a viver para Ele (Cf. 2Cor 5,15), ou seja, para os irmãos. Como podemos ler na 1ª Carta de S. João (3,14), nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Se a morte está vencida em nós, podemos dar a nossa vida, podemos amar também os nossos inimigos.
Vinde celebrar connosco a Ceia do Senhor em Quinta-feira Santa, vinde, em Sexta-feira Santa, viver connosco a Paixão do Senhor, vinde, na Vigília Pascal, participar da alegria dos que nela receberão os Sacramentos da Iniciação Cristã, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, e, morrendo e ressuscitando com Cristo Nosso Senhor, renovar a vossa Vida Cristã. Finalmente, vinde viver connosco o grande Dia da Páscoa e aprender a viver como filhos de Deus, aqui neste mundo. Irmãos e irmãs: Jesus Cristo, morrendo, destruiu a nossa morte. E agora vive para sempre, é fonte de Vida para quantos n’Ele acreditam: O Senhor Jesus ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente! Na Sua Igreja podes encontrar-te com Ele e receber d’Ele, no Espírito Santo, a Sua mesma Vida de filho de Deus!
Porque falamos do que sabemos e damos testemunho daquilo que vimos (Jo 3,11), convido-vos, queridos irmãos e irmãs que pela fé vos encontrastes com Cristo Ressuscitado, a que, à vossa volta, façais ressoar o anúncio da Sua vitória, pois esta é a boa notícia que todo o homem que vem a este mundo espera receber: Jesus Cristo morreu na cruz por nosso amor, e o Pai ressuscitou-O, glorificou-O e exaltou-O à Sua direita no Céu, onde exerce o Seu Sacerdócio Eterno, intercedendo por nós. Aqui na terra, é a Igreja que festeja e anuncia a Sua Páscoa. Somos nós cristãos que levamos por diante esta tarefa de levantar o Senhor Jesus perante o mundo anunciando o Evangelho e experimentando como continua a ser verdadeira esta palavra Sua: quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim (Jo 12,32).
A todos vós, amados irmãos e irmãs atraídos e seduzidos por Cristo nosso Cordeiro Pascal, desejo, do fundo do coração, uma celebração e uma vivência da Páscoa, não com o fermento da malícia e da perversidade, mas com os pães ázimos da pureza e da verdade (1Cor 5,8).
Ele vos abençoe, e aos vossos familiares!
+ J. Marcos
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