Foto: Lusa |
Francisco apresenta religiosa como «modelo de santidade» para o mundo de hoje
Cidade do Vaticano, 04 set 2016 (Ecclesia) – O Papa canonizou hoje no
Vaticano a Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), que apresentou no
Vaticano como missionária das “periferias” e “modelo de santidade” para o
mundo atual.
“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais
permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de
Deus junto dos mais pobres entre os pobres”, declarou, na homilia da
Missa a que presidiu na Praça de São Pedro, completamente lotada.
Francisco falou da nova santa como um sinal da “misericórdia divina”
que se fez sentir a todos, “através do acolhimento e da defesa da vida
humana”, desde os bebés por nascer aos “abandonados e descartados”.
“[Madre Teresa] comprometeu-se na defesa da vida, proclamando
incessantemente que «quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o
mais miserável»”, sublinhou, numa referencias às posições da religiosa
contra o aborto.
O Papa elogiou depois o trabalho de Teresa de Calcutá em favor das
“pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada”, uma das
imagens mais emblemáticas da primeira santa católica que foi distinguida
com o Nobel da Paz (1979).
“Não existe alternativa à caridade”, advertiu.
Francisco recordou que a religiosa levou a defesa da “dignidade” de
todas as pessoas, “sem distinção de língua, cultura, raça ou religião”,
até aos “poderosos da terra”, para que estes “reconhecessem a sua culpa
diante dos crimes da pobreza criada por eles mesmos”.
Centenas de milhares de pessoas marcaram presença na Praça de São Pedro
e ruas adjacentes para o maior evento do Jubileu da Misericórdia, o ano
santo extraordinário convocado pelo Papa.
Francisco sublinhou que a misericórdia foi o “sal” da vida de Santa
Teresa de Calcutá e a luz que iluminava a “escuridão de todos aqueles
que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar, para chorar pela sua
pobreza e sofrimento”.
A cerimónia contou com a presença de milhares de voluntários e
trabalhadores de organizações solidárias e Misericórdias de todo o
mundo, entre eles pelo menos 400 portugueses.
“Hoje entrego a todo o mundo do voluntariado esta figura emblemática de
mulher e de consagrada: que ela seja o vosso modelo de santidade”,
disse-lhes o Papa.
O pontífice argentino admitiu que para muitos será difícil deixar de
chamar “Madre Teresa” à nova santa, falando numa santidade “muito
próxima”, muito “terna e fecunda”.
Francisco defendeu que a nova santa, “incansável agente de
misericórdia”, deve ajudar todos a entender cada vez melhor que o único
“critério de ação” é o “amor gratuito, livre de qualquer ideologia”.
“Levemos no coração o seu sorriso e o ofereçamo-lo a quem encontrarmos
no nosso caminho, especialmente àqueles que sofrem. Assim abriremos
horizontes de alegria e de esperança numa humanidade tão desesperançada e
necessitada de compreensão e ternura”, apelou.
Além de evocar a fundadora da Congregação das Missionárias da Caridade,
Francisco quis deixar uma reflexão sobre o serviço solidário dos
cristãos, que deve ser mais do que “simples ajuda oferecida nos momentos
de necessidade”.
O Papa agradeceu ainda aos representes do “vasto mundo do
voluntariado”, reunido no Vaticano por ocasião do Jubileu da
Misericórdia.
“Onde quer que haja uma mão estendida pedindo ajuda para levantar-se,
ali deve estar a nossa presença e a presença da Igreja, que apoia e dá
esperança”, declarou.
Francisco apontou como prioridade “aqueles que perderam a fé ou vivem
como se Deus não existisse”, os jovens “sem valores e ideais”, as
famílias em crise, os doentes e presos, os refugiados e imigrantes, os
menores “abandonados à própria sorte” e os idosos “deixados sozinhos”.
O Papa proclamou oficialmente como santa a Madre Teresa de Calcutá, um
dia antes do 19.º aniversário da morte da religiosa, numa cerimónia com
transmissão em 4K (UltraHD) do Centro Televisivo do Vaticano para mais
de 120 canais de todo o mundo, incluindo Portugal.
in
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