Francisco proclama oficialmente santidade da religiosa, 19 após a sua morte
Cidade do Vaticano, 04 set 2016 (Ecclesia) - O Papa Francisco vai
presidir hoje no Vaticano à cerimónia de canonização de Madre Teresa de
Calcutá (1910-1997), 19 anos após a morte da religiosa que se distinguiu
pelo serviço aos pobres e recebeu o Nobel da Paz em 1979.
Centenas de milhares de pessoas são esperadas na Praça de São Pedro e
ruas adjacentes, para o maior evento do Jubileu da Misericórdia, o ano
santo extraordinário convocado pelo Papa.
A cerimónia vai misturar a tradição do rito em latim com a transmissão
em 4K (UltraHD) do Centro Televisivo do Vaticano para mais de 120 canais
de todo o mundo, incluindo Portugal.
Além do latim, a Missa vai ter orações em mais nove línguas, entre elas o albanês, o bengali, o e o chinês.
Em português, os participantes vão ser convidados a rezar pelos “pobres
e últimos da terra”: “Escutai, Senhor, o seu grito que sobe ate Vós: a
exemplo de Santa Teresa, impeli os cristãos à caridade operosa”.
A Missa presidida por Francisco, que se inicia pelas 10h30 (09h30 em Lisboa), inclui o rito de canonização propriamente dito.
“Declaramos e definimos como Santa a Beata Teresa de Calcutá,
inscrevemo-la no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja
ela sejam devotamente honrada entre os Santos”, refere a fórmula de
canonização, em latim, a ser proferida pelo Papa.
Em dezembro de 2015 foi anunciado que o Papa aprovou um milagre
atribuído à intercessão da Beata Teresa de Calcutá, último passo para a
canonização.
A Congregação para a Causa dos Santos (santa Sé) concluiu em julho de 2015 as investigações sobre a cura miraculosa,
em 2008, de um homem brasileiro, então com 35 anos, afetado por uma
doença no cérebro, que se curou de uma forma tida como inexplicável.
Ganxhe Bojaxhiu, a Madre Teresa, nasceu em Skopje (atual capital da
Macedónia), então sob domínio otomano, a 26 de agosto de 1910, no seio
de uma família católica que pertencia à minoria albanesa.
A 25 de dezembro de 1928 partiu de Skopje rumo a Rathfarnham, na
Irlanda, onde se situa a Casa Geral do Instituto da Beata Virgem Maria
(Irmãs do Loreto), para abraçar a Vida Religiosa, com o ideal de ser
missionária na Índia.
Acabou depois por embarcar rumo a Bengala, passando por Calcutá até
Dajeerling, numa casa da Congregação fundada pela missionária Mary Ward,
onde escolheu o nome de Teresa.
Madre Teresa absorveu o estilo de vida bengali e, posteriormente,
transmitiu-o às suas religiosas, quando fundou as Missionárias da
Caridade.
O seu trabalho nas ruas
de Calcutá centrou-se nos pobres da cidade que morriam todas as noites,
vestida com um sari branco, debruado de azul, a imagem com que o mundo
se habituou a vê-la.
A futura santa esteve em Portugal, a acompanhar os primeiros passos da Congregação das Missionárias da Caridade.
A religiosa faleceu a 5 de setembro de 1997, na casa geral da congregação que fundou, em Calcutá, aos 87 anos de idade.
Foi beatificada por João Paulo II a 19 de outubro de 2003, depois de o
Papa polaco ter autorizado que o processo decorresse sem esperar pelos
cinco anos após a morte exigidos pela lei canónica.
A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel
católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local)
e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
A festa litúrgica da nova santa vai ser celebrada pela primeira vez a 5 de setembro, dia da sua morte.
OC
in
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