X Curso de formação decorre em Fátima com declaração nula do matrimónio em agenda
Fátima, Santarém, 10 set 2016 (Ecclesia) – Os canonistas portugueses
querem dar respostas de “justiça e misericórdia” a quem procura auxílio
junto dos Tribunais Eclesiásticos para ultrapassar casos “muitas vezes
de injustiça” em situação de nulidade matrimonial.
“Mais do que o sacramento, refletimos sobre a consciência de o
celebrar. Ao mesmo tempo queremos dar uma resposta a estes casos que
acontecem e a esta gente que sofre injustiças”, explicou hoje à Agência
ECCLESIA o padre Manuel Joaquim Rocha, Presidente da Associação
Portuguesa de Canonistas (APC), reunida em Fátima para um curso de
formação para juristas com a declaração nula dos matrimónios como um dos
temas em agenda.
Em ano de Misericórdia, convocado pelo papa Francisco, o responsável afirma que lei e compaixão são concomitantes.
“Não pode haver justiça sem misericórdia. Não quero com isto dizer que a
Igreja tenha a resposta que a pessoa deseja, mas pode ajudá-la a
compreender a situação, abrir perspetivas e caminhos para que ela
encontre, na sua situação concreta, o seu lugar na Igreja. Penso ser um
caminho de justiça e misericórdia.”
A exortação apostólica «A alegria do amor», escrita pelo papa
Francisco, decorrente da realização dos Sínodos dedicados à Família,
lançou desafios aos canonistas, em especial de “aprofundamento”.
“O direito canónico nunca esteve hermeticamente fechado. Tem a sua
relação com o direito civil, mas abriu-se mais agora devido aos casos de
nulidade matrimonial, pois apareceram com mais frequência.”
O padre Manuel Joaquim Rocha regista o aumento de especialistas nesta área.
“Aos padres juntaram-se muitos advogados, gente leiga que se dedicou a esta área e que ajuda nos tribunais.”
As questões fiscais tiveram ainda lugar nesta formação
com uma conferência que falou sobre os bens públicos dos fiéis e os
bens da Igreja, sem uma “abordagem direta ao imposto sobre imóveis”,
explica o responsável.
“Há uma Concordata assinada entre o Estado português e a Santa Sé, há
legislação, por isso que se cumpra a lei. Se não estamos de acordo então
vamos pedir uma revisão. Mas se ela existe e está regulamentada, então
que se cumpra.”
O padre Manuel Joaquim Rocha indica que poderá haver algum caso onde exista maior dúvida.
“Isto não é branco ou preto. Nesse caso merece interpretação. Com calma
e ponderação todos seremos capazes de o resolver mas com coração aberto
para resolver e não para complicar.”
HM/LS
in
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