De visita ao Brasil o bispo D. Ignatius Kaigama lançou um apelo à oração
pelas jovens moças sequestradas há precisamente dois anos pelo grupo
islamita
Bispo D. Ignatius Kaigama (Foto: AIS) |
De visita ao Brasil, onde se deslocou a convite da Fundação AIS para
falar sobre a perseguição religiosa no seu país, o bispo D. Ignatius
Kaigama, que é também presidente da Conferência Episcopal da Nigéria,
lançou um apelo à oração pelas cerca de três centenas de jovens moças de
uma escola em Chibok, sequestradas há precisamente dois anos pelo grupo
islamita Boko Haram.
Afirmando não ter qualquer notícia sobre o “paradeiro das meninas”, o
prelado pediu “um minuto de oração”, recordando que elas caíram nas
mãos de um grupo terrorista “que viola, tortura”, submete os seus
prisioneiros “à fome, ao isolamento, ao casamento forçado e à conversão
ao islão”. Por tudo isso, D. Ignatius pede que os cristãos em todo o
mundo “dediquem um minuto de oração” por estas moças.
Este apelo do presidente da Conferência Episcopal da Nigéria ocorre
precisamente no mesmo dia em que as Nações Unidas revelaram outro dado
inquietante: No último ano houve um aumento exponencial, de cerca de 11
vezes, de atentados suicida realizados por crianças a mando do Boko
Haram.
Estes atentados, que se têm verificado na Nigéria e em países
limítrofes também cenário de incursões do grupo islamita, como os
Camarões e o Chade, vêm recordar, de forma trágica, o sequestro referido
por D. Ignatius Kaigama, há dois anos, de quase três centenas de moças
de uma escola secundária em Chibok, no norte da Nigéria.
Aliás, nos últimos dias, o grupo islamita Boko Haram, que procura a
instauração de um califado nas regiões que controla no norte da Nigéria,
divulgou pela primeira vez um pedido de resgate de 50 milhões de euros
pela libertação destas moças.
Ninguém sabe ao certo, na verdade, quantas destas crianças e
adolescentes estarão ainda nas mãos deste grupo terrorista, sendo que,
na altura do ataque à escola, 14 de Abril de 2014, foram sequestradas
276 alunas.
Pouco tempo depois, 57 destas meninas conseguiram escapar, tendo
havido, desde então, alguns relatos não confirmados de outras fugas.
Calcula-se que, neste momento, 219 alunas de Chibok permanecem em lugar
incerto sob o controlo do Boko Haram.
O rapto destas meninas comoveu então o mundo e deu origem, até, a diversas campanhas internacionais pela sua libertação. #BringBackOurGirls
Na ocasião, o Papa Francisco apelou à oração dos cristãos pela
libertação destas jovens, tendo o porta-voz do Vaticano, padre Federico
Lombardi, classificado o sequestro como um acto de “terrorismo odioso”.
Desde então, calcula-se que mais de dois mil jovens – na sua maioria
do sexo feminino – tenham sido raptados por este grupo terrorista que
matou mais pessoas no ano de 2014 do que os jihadistas do
auto-proclamado “Estado Islâmico”.
Estas moças, depois de terem caído nas mãos do Boko Haram são
normalmente usadas como escravas sexuais, cozinheiras e até como
combatentes e bombistas suicidas.
Esta é uma situação alarmante, que ganha agora outra amplitude com a
confirmação, pelas Nações Unidas, que o número de crianças utilizadas em
ataques suicidas na Nigéria e nos países da região terá aumentado
exponencialmente desde 2014.
(Fundação AIS)
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