Vaticano
Do encontro à porta fechada entre o Papa e os cardeais de todo o mundo, a decorrer no Vaticano entre esta segunda e terça-feira (29 e 30 de agosto), pouco se sabe ainda. Convocada por Francisco com o objetivo de aprofundar aspetos da Praedicate Evangelium (a constituição apostólica em vigor desde 5 de junho passado), a reunião é a mais participada de sempre desde o início do pontificado e alguns cardeais deixaram já entrever que o diálogo tem sido “aberto e intenso”, num “clima fraterno”, em que todos manifestam vontade de aprender e aproveitar para conhecer-se melhor.
São 197 os cardeais, do total de 226 do colégio, que se deslocaram a Roma e aos quais foi dada nas últimas semanas uma agenda para indicar temas e perguntas sobre diferentes aspetos relacionados com a mais recente constituição. O primeiro dia de encontro foi marcado pelos debates em pequenos grupos e segue-se, na manhã desta terça-feira, a discussão plenária.
A primeira sessão da manhã de segunda-feira “ocorreu num clima muito fraterno”, disse ao Vatican News o cardeal Enrico Feroci, pároco de Santa Maria del Divino Amore, em Castel di Leva. Depois da oração inicial, Francisco abriu o encontro com algumas palavras, convidando todos a darem o seu contributo ao longo dos dois dias de reflexão. Os cardeais abordaram dois temas principais: o da comunhão e testemunho do amor recíproco entre os cristãos, e o da dificuldade por parte da sociedade atual em abrir-se à mensagem do Evangelho, bem como as formas de superar essas dificuldades.
O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, destacou por sua vez a grande adesão dos cardeais ao encontro, com um “diálogo aberto e intenso”, em especial na perspectiva missionária que traça a nova Constituição apostólica e a necessidade de foco no anúncio do maior mandamento, o da caridade.
Para o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, na Amazônia, as diferenças já se fazem sentir. “Agora, já não se vem a Roma para dizer o que fizemos, agora vem-se para aprender, mas a Cúria também sabe aprender de uma maneira diferente. Percebe-se melhor quem está ao serviço do Santo Padre, ao serviço dos bispos, e esta é uma esperança de ser uma Igreja mais fraterna em que se ouve, onde se vive e assume a diversidade cultural”, sublinhou em declarações ao Vatican News.
As perguntas sobre as quais refletir são muitas, recorda o novo cardeal Arthur Roche, prefeito do Dicastério para o Culto Divino: a colaboração entre a Cúria e os episcopados, a presença dos leigos em papéis de responsabilidade, a “missionariedade” e a “conversão da Igreja”. Em particular, os dois últimos “são elementos muito importantes”, considera o cardeal inglês. “A Praedicate Evangelium não é apenas algo para a reforma da Cúria, é também para as relações entre todas as Conferências Episcopais e a Santa Sé. Missão e conversão envolvem todos num processo quase sinodal. Podemos dizer que somos uma Igreja em peregrinação”.
E o cardeal colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal conclui: “O Consistório e o encontro com o Papa ajudam-nos a conhecer-nos um pouco, a sentirmo-nos mais conscientes e a prepararmo-nos para o futuro”.
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