«A
legalização da eutanásia tem o efeito paradoxal de tornar os doentes
responsáveis pelo seu próprio sofrimento. Os outros (enfermeiros, médicos,
familiares) podem deixar de ver os doentes como vítimas da dor causada por uma
doença. Estando nas mãos da pessoa doente pôr fim a tal sofrimento com uma
simples injeção, se não o faz, é porque tomou a decisão de viver com a sua
própria dor. Logo, a responsabilidade é toda dele».
São palavras
de Ezequiel Emanuel, oncologista e especialista em bioética. Podem parecer
palavras exageradas, mas não deixam de ser reais.
Basta analisar
com calma os estudos realizados em países, como a Holanda e a Bélgica, que
foram pioneiros em aprovar esta lei. Aquilo que, no começo, era uma exceção
para casos contados e com muitas garantias, passou a ser uma regra em muitos
casos considerados como “perdidos”.
E o medo que
muitas pessoas mais velhas ou deficientes têm de ir parar ao hospital nesses
países é tudo menos um medo fictício. Além disso, os cuidados paliativos nesses
países não se desenvolveram como noutros países onde a lei da eutanásia não
existe.
Atribuir a
culpa ao paciente, evidentemente, reduz a motivação dos cuidadores para lhes
proporcionar todos os cuidados necessários. E alivia-lhes o sentimento de culpa
quando se dão conta de que esses cuidados são insuficientes.
A mera
possibilidade de eutanásia, defendida muitas vezes por pessoas de “boa-fé” como
forma de evitar o sofrimento dos doentes, pode aumentar esse mesmo sofrimento.
Se um idoso
doente tem a possibilidade de pedir a eutanásia, é muito provável que comece a
considerar-se como um peso para a sua família e como um “ato de egoísmo” o facto
de não pedir uma “solução” que evita imensos problemas aos seus filhos e netos.
E que alivia o trabalho de médicos e enfermeiros que têm muitos casos “não
perdidos” com que se preocupar.
A eutanásia
dá luz verde à desesperança e ao desamparo, promovendo o pedido da morte como resposta
para as dificuldades da vida. Pouco a pouco, o “direito” a morrer transforma-se
no “dever” de morrer.
“Nunca antes uma reflexão tão participada e sobre tantos aspetos relevantes da vida da Igreja e da sua relação com o mundo havia sido produzida e publicada em Portugal.” Foto: Direitos reservados.
O Relatório de Portugalpara o Sínodo 2021/2023, elaborado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) é um documento corajoso. Poucas instituições de importância significativa terão alguma vez, em Portugal, trazido a público uma imagem tão crítica, realçando tantos aspetos negativos de si próprias. Revela particular coragem ao nomear os seus agentes mais visíveis (bispos, padres e leigos “clericalizados”) como os principais responsáveis pela situação. Coragem para não se perder em referências a causas externas para explicar as dificuldades em que se encontra. Coragem por ter escolhido dar voz aos que anseiam pela renovação, mais do que àqueles para quem tudo o que está, está bem.
É também um texto inédito: nunca antes uma reflexão tão participada e sobre tantos aspetos relevantes da vida da Igreja e da sua relação com o mundo havia sido produzida e publicada em Portugal.
Análise crítica, coragem e novidade que traduzem confiança na capacidade das comunidades cristãs em “fazer florescer a esperança (…), ouvir uns dos outros e criar um imaginário positivo que ilumine as mentes, aqueça os corações e restitua força às mãos” e de nesse caminho serem assistidas pelo Espírito Santo.
A secularização levada a sério
Publicado num contexto em que muitas vozes católicas faziam ressoar uma espécie de “toque a reunir” para salvar a Igreja dos ataques dos seus inimigos sempre prontos a usarem factos poucos esclarecidos para contra ela lançarem anátemas definitivos, o contributo sinodal da CEP ganha ainda maior relevância. Nele supera-se uma visão da Igreja enquanto sociedade perfeita gerida por príncipes escolhidos por Deus que nenhuma prestação de contas devem aos crentes, aos cidadãos ou à sociedade, para se propor uma Igreja como uma instituição diferente de qualquer outra, mas, como todas as outras, sujeita não apenas ao princípio da prestação de contas, mas comprometida a responder a todas as questões que cidadãos, sociedade e Estado lhe coloquem.
Ainda que revelador de imenso sofrimento, o processo de investigação e identificação dos abusos sexuais contra menores ocorridos em contexto eclesial permitiu não só consolidar uma nova consciência sobre esta tenebrosa questão sistémica, sobre os conceitos e práticas de poder e autoridade clerical que lhe subjazem, mas também tomar consciência de que a Igreja tem de ser uma instituição transparente e escrutinada por todos. Não apenas, ou sobretudo, porque as leis do Estado democrático assim o impõem, mas mais do que isso e acima de tudo, porque nós, católicos, assim o desejamos por o termos aprendido de Jesus.
Nesta linha, o documento da CEP exprime (mesmo que não seja essa a sua intenção primordial) a constatação de que a sociedade secularizada precisa cada vez menos da Igreja identitária, embora sejam em cada vez maior número os cidadãos e as cidadãs à procura de um verdadeiro encontro com Jesus Cristo. Encontro que só comunidades fraternas, alegres, adultas, democráticas e confiantes no amor misericordioso de Deus podem facilitar.
Pela primeira vez, um texto dos bispos portugueses reconhece (sem o explicitar, é certo) que as funções tradicionais do clero (administrar sacramentos, gerir instituições educativas, sociais, caritativas e outras, pregar a moral e presidir às celebrações festivas) perderam importância e significado numa sociedade secularizada que, ao invés, revaloriza o testemunho de fé individual e comunitário. Esses de que o documento releva o enorme défice.
E agora?
Cada leitor encontrará lacunas neste contributo dos bispos portugueses para o Sínodo 2021/2023. A começar pela ausência do compromisso na construção da paz e da justiça (Fratelli Tutti) e a acabar na falta de referências às questões do mundo do trabalho (ambas presentes em várias sínteses diocesanas). Mas este não é, nem podia ser, um texto suficiente, capaz de tudo abranger. Mas é, certamente, um documento singular que merece ser transformado em referência inaugural.
Referência para um caminho de renovação que não se obstine em aperfeiçoar o diagnóstico, mas antes em escolher prioridades, construir uma agenda, definir objetivos quantificados, prazos e calendários, produzir materiais que suportem a reflexão, a renovação do pensamento e das práticas que respondam aos pontos críticos detetados.
Nestas decisões tem especial importância a definição de etapas (e o modo de o fazer) para acolher os resultados da “vontade de uma caminhada em conjunto de forma regular e sistemática, através da criação de grupos formais e informais de diálogo dentro da Igreja e desta com o mundo, em especial as periferias”.
Entramos agora num tempo de expectativa, embora os responsáveis pelo Sínodo dos Bispos tenham convidado todas as Igrejas locais a incentivarem as suas comunidades a refletirem e agirem a partir do instrumentum laboris que o Vaticano divulgará em outubro, como síntese das mais de 100 contribuições nacionais recebidas [ver 7MARGENS].
Este é, por isso, um tempo de expectativa ativa, de participação e construção, de contribuição para que os resultados finais do Sínodo de 2023 sejam marcados pelo arrojo e pela novidade que são a marca do Espírito. Espírito que sempre, e agora de forma mais urgente, nos chama a renovarmos o modo de ser comunidade para podermos acolher “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo [as] dos pobres e de todos aqueles que sofrem” como sendo nossas.
Um grupo de 85 personalidades portuguesas, das mais diversas áreas de atuação, enviou esta segunda-feira, 29, uma carta aberta ao cônsul honorário da Nicarágua em Lisboa, onde apela ao governo daquele país para que “faça um caminho para o retorno rápido à democracia plena, ao estado de Direito, ao respeito pelos direitos humanos, e à liberdade nas suas várias expressões, incluindo a de expressão e religiosa”.
Na missiva, os signatários começam por referir que têm acompanhado “com tristeza e preocupação, pela comunicação social independente, a evolução da situação na Nicarágua, no que diz respeito à degradação da vida pública e do ambiente político, e em especial à recente escalada na tensão existente com a Igreja Católica que representa um caso de perseguição religiosa e atentado aos direitos humanos”.
São dados como exemplos o encerramento de rádios católicas e as perseguições a crentes, bem como o episódio recente do cerco policial à Cúria da diocese de Matagalpa, com a detenção do seu bispo Rolando Alvarez e de vários padres e leigos [ver 7MARGENS].
“Tais métodos, por demais conhecidos de todos, não configuram senão uma violação da liberdade e dos direitos humanos que a ninguém favorece, e confirmam a deriva ditatorial da Nicarágua, o que tanto nos entristece”, pode ler-se na mensagem, enviada com conhecimento à embaixadora da Nicarágua em Paris, à Nunciatura Apostólica em Lisboa e à Conferência Episcopal Portuguesa.
Entre os subscritores, incluem-se a escritora Alice Vieira, o economista e ex-ministro das Finanças António Bagão Félix, o presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado e antigo responsável nacional da Cáritas, Eugénio Fonseca, e a presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado.
Todos fazem questão de juntar “a voz à do Secretário-geral da ONU, António Guterres”, e terminam com um apelo veemente “a que o governo da Nicarágua liberte todos os presos” que injustamente se encontrem privados da sua liberdade.
Ha muerto Mijail Gorbachov, último Secretario General del Partido Comunista de la Unión Soviética, gestor de la perestroika ("reestructuración") que acabaría llevando al hundimiento del imperio soviético. Ha fallecido este martes por la noche con 91 años, "después de una enfermedad grave y prolongada", según el escueto mensaje público del Hospital Clínico Central de Moscú.
El hombre sin fe que permitió la fe de muchos
Para muchos cristianos, su figura se parece a la del Rey Ciro de Persia, que sin creer en Dios, llevó a la libertad al pueblo de Dios al acabar con el exilio babilónico. Un instrumento inesperado en manos de Dios.
Después de visitar a San Juan Pablo II en 1989 -primera y única visita de un secretario del PCUS a un Papa- Gorbachov implantó la libertad religiosa en la URSS en 1990, en un territorio que abarcaba una sexta parte del planeta, 15 repúblicas y 290 millones de soviéticos. Al año siguiente la URSS se hundió, pero casi todas sus libertades religiosas se mantuvieron en esos países. Eso incluyó el reconocimiento legal de las iglesias grecocatólicas, que en zonas soviéticas habían sido disueltas (prohibidas, y sus bienes confiscados y entregados a veces a iglesias ortodoxas bien controladas y limitadas).
Con la caída de la URSS, el cristianismo vio un nuevo florecer en países como Letonia, Ucrania, Georgia, Moldavia o Armenia, mientras que en la misma Rusia, aunque nominalmente muchos rusos pasaron a declararse cristianos y hay libertad para la predicación y creación de comunidades, pocos fueron los que han adoptado una vida de fe consistente o con culto regular.
Pese a todas esas limitaciones, cuesta pensar en alguna personalidad histórica europea que haya logrado llevar la libertad religiosa a más personas que Gorbachov.
Familia de campesinos, abuela religiosa
En una entrevista radiofónica en el año 2000 con un predicador cristiano, explicó que "prácticamente toda" su familia estaba "formada por creyentes, y eso era importante". Él nació en 1931, en pleno estalinismo, y se crio en un pueblo campesino y una familia campesina ruso-ucraniana. De niño pasaba más tiempo con sus abuelos que con sus padres. De hecho, fue bautizado por su familia como ortodoxo cuando era un bebé.
Gorbachov detalló que su abuela rezaba ante los iconos religiosos, en la habitual "esquina hermosa" de los iconos de las casas rusas. Pero su abuelo, uno de los primeros comunistas del pueblo, tenía fotos de Lenin y Stalin en la mesa adyacente. "Así era en la vida real, la gente no abandonaba la fe y la fe no abandonaba a la gente", explicaba Gorbachov.
Gorbachov de niño en su familia campesina ruso-ucraniana; su abuelo era comunista, pero las mujeres eran creyentes.
Afirmó que el renacimiento de la Iglesia ortodoxa rusa desde la caída del comunismo es «una de las mayores ganancias de la Perestroika». «Respetamos a nuestro pueblo y muchos de ellos son creyentes. No puede haber libertad sin libertad espiritual, sin que los seres humanos puedan ser capaces de elegir», añadió.
Cuando el locutor Schuller le tanteó sobre una posible fe incipiente, Gorbachov lo desestimó sin concretar mucho: «He vivido durante mucho tiempo una vida complicada. Hubo un tiempo en el que nosotros podríamos haber hablado de esto con usted».
En 2008 se reafirmaba como ateo
En 2008 visitó la tumba de San Francisco en Asís, Italia, acompañado de su hija Irina, y allí pasó media hora en recogimiento. Eso disparó rumores de su posible religiosidad, pero él se apresuró a desmentirlos con claridad.
"Los últimos días hay medios que diseminan fantasías -no puedo usar otra palabra- sobre mi catolicismo secreto, citando mi visita al Sacro Convento donde están los restos de San Francisco de Asís", escribió en un artículo en Interfax. "Para evitar cualquier malentendido, déjenme decir que he sido y sigo siendo ateo", aclaró. Añadió que visitaba lugares sagrados por su interés cultural y que valoraba la aportación de la religión a las sociedades.
Entierro en el monasterio de Novodévichi
Se ha anunciado que Gorbachov será enterrado en el cementerio del complejo monástico moscovita de Novodévichi, donde descansa su esposa Raissa y muchas figuras importantes de la política rusa moderna. Raissa sí recibió en septiembre de 1999 un funeral cristiano ortodoxo, con responsos, clérigos y la tradicional venda ortodoxa en la frente con iconos y versículos. No se han dado más datos sobre el funeral de Gorbachov y los medios ortodoxos rusos no publican nada al respecto.
En el vídeo, el entierro cristiano ortodoxo de Raissa Gorbacheva, esposa del político ex-soviético
Sus visitas a San Juan Pablo II
El 1 de diciembre de 1989 Gorbachov visitó con su esposa Raissa a Juan Pablo II en el Vaticano, la primera vez (y única) que un secretario general del PCUS, el mayor poder político ateo, visitaba a un Pontífice. Tres semanas antes se había hundido el Muro de Berlín y ya no había regímenes comunistas en Polonia, Hungría, Bulgaria y Checoslovaquia. Nadie lo sabía aún, pero el comunismo rumano caería 3 semanas después, cuando los trabajadores en rebelión mataran al dictador Ceaucescu.
En contraste, otros dictadores comunistas de Europa Oriental morirían en la cama y reconciliados con los sacramentos cristianos, como János Kádar(dictador comunista 30 años en Hungría, murió en junio de 1989) y Wojciech Jaruzelski, el general que impuso la cruel ley marcial en Polonia (murió en 2014 tras recibir los sacramentos; el líder democrático católico Lech Walesa, a quien él hizo perseguir y encarcelar, acudió al funeral y dio el saludo de la paz a la familia de su antiguo enemigo y perseguidor).
En la reunión en el Vaticano de 1989 -oficial pero no "de Estado" porque no existían aún relaciones diplomáticas oficiales-, Gorbachov aún pensaba salvar la URSS con una serie de reformas, incluyendo la libertad religiosa. Esa ley llegó el 1 de octubre de 1990 y el 18 de noviembre Gorbachov volvía al Vaticano a explicarla, junto con otras reformas.
Juan Pablo II en 1989 tomó a Gorbachov del brazo y lo llevó a su biblioteca particular donde hablaron a solas unos 5 minutos; después hablaron otros 75 minutos con la ayuda de intérpretes. Como anunció el servicio de prensa vaticano, la Santa Sede apoyaría los esfuerzos de reformas de Gorbachov y todo el trabajo a favor de la paz. Gorbachov hablaba esos días de una "casa común europea", tendiendo lazos con Europa Occidental. Pero Juan Pablo II tenía visiones más amplias y comentó: "la casa del Papa es la casa común de todos los representantes de los pueblos de la tierra".
Gorbachov, con Raissa, dijo a Juan Pablo II: "Somos conscientes de hallarnos en presencia de la más alta autoridad religiosa del mundo, y que además es eslavo". El Papa respondió: "Sí, sí, el primer Papa eslavo, y pienso que ha sido la providencia la que ha preparado el camino para que fuese posible este encuentro con el presidente Gorbachov". Después bromeando, añadió: "Bueno, y también con su esposa".
Raissa acudió vestida de rojo cereza y con la cabeza descubierta, no de negro como pide el protocolo, y Juan Pablo II le regaló un rosario de madreperla, objeto que ella no reconoció por lo que era. Los Gorbachov regalaron al Papa un libro del Salmos del año 1400.
A Gorbachov el Papa polaco le regaló una reproducción del mosaico que está en el altar sobre la tumba de San Pedro, que representa a Cristo y que dice: "Yo soy el camino, la verdad y la vida, y sólo quien cree en mí vivirá". ¿Habrán tocado estas palabras poderosas de Cristo la mete y el corazón del ex-político en días más tardíos?
Al final de su discurso, fuera del texto escrito, Gorbachov anunció ese 1989 que habían hablado "de una visita, en el futuro, del Papa romano a la URSS". Pero la URSS ya no existe, y aunque los Papas han visitado países de su antigua órbita nunca han llegado a Rusia.
Los límites del poder: «Putin se cree Dios»
Gorbachov dejó de ser político en activo, pero no analista y comentarista político. En 2014, aunque defendía la anexión de Crimea y criticaba los movimientos de EEUU en Ucrania, criticaba más a Putin. Al presentar su nuevo libro «Después del Kremlin» afirmó que Putin «sufre de lo mismo que yo en su momento, de excesiva seguridad en sí mismo. Él es Dios. O, en cualquier caso, el segundo de Dios», denunció en el acto de presentación.
«Veo en el comportamiento de Putin errores que yo cometí durante la Perestroika. No sean nunca presuntuosos. La presunción me perdió», añadió. Gorbachov criticó en varias ocasiones que Putin ha utilizado «métodos autoritarios». Proclamaba que «un Estado fuerte es un Estado democrático»... que era una forma de decir que al perderse niveles de democracia en Rusia se perdía fuerza.
Ese año de 2014, cuando tenía 83 años, declaraba: «Les invitaré a mi 90 cumpleaños. Estoy seguro de que lo habrá». Aseguraba que ya le habían enterrado más de diez veces. Efectivamente, celebró los 90 y los 91. Ahora se enfrentará no sólo al juicio de la Historia, sino al de Dios.
La vida de Gorbachov en fechas
1931: Nació en la localidad de Privólnoye, en una familia campesina ruso-ucraniana
1955: Se graduó de la Facultad de Derecho de la Universidad Estatal de Moscú y se hizo miembro del Partido Comunista
1980: Llega a ser miembro titular del Politburó comunista soviético
1985: El Politburo lo elige Secretario General del Partido Comunista
1987-1989: Impulsa las reformas conocidas como "glasnost" (apertura) y "perestroika" (reestructuración)
1987: Firma un tratado de desarme nuclear con Estados Unidos
1989: Caída del Muro de Berlín, visita al Vaticano
1990: Apoya la reunificación de Alemania tras la caída del Muro de Berlín en 1989. Recibe el Nobel de la Paz.
1991: En agosto es detenido durante el golpe abortado por los radicales rusos en agosto, luego renuncia a la presidencia en diciembre.
1996: Presentó su candidatura a presidente de la Federación Rusa: sólo 386.000 personas (0,51%) votaron por él.
Cumplidos 6 meses de guerra en Ucrania a causa de la invasión rusa, Cáritas Polonia ha realizado un análisis del enorme esfuerzo que los católicos polacos están realizando para ayudar a los ucranianos desplazados en su país y también a los que se han quedado en Ucrania, tanto en zonas de guerra como de retaguardia.
En este medio año, Cáritas Polonia ha recaudado 100 millones de eslotis (21 millones de euros) en donativos en parroquias, a través de donaciones online y en una multitud de actividades para recaudar fondos para ayudar a los ucranianos golpeados por la guerra.
La mitad de ese dinero se ha transferido a las Cáritas diocesanas polacas que atienden a los refugiados. Una parte menor (420.000 euros) se ha entregado a la Conferencia que coordina a las congregaciones religiosas en Polonia (aunque muchos religiosos trabajan directamente como voluntarios o responsables en sedes locales o regionales de Cáritas).
Una primera entrega urgente fue la de 134.000 euros para Cáritas Ucrania y Cáritas Spes (más pequeña, de los católicos de rito latino), que operan en el país en guerra.
Cáritas también coordinó la recogida y envío de todo tipo de materiales en especie: alimentos y suministros de higiene, suministros médicos, incluidos medicamentos, sillas de ruedas, generadores de energía... Se calcula que lo repartido en especie así valdría unos 30 millones de euros (unos 140 millones de eslotis).
Cáritas en Polonia repartió a los refugiados ucranianos:
- unas 2.700 tarjetas para comprar en supermercados diversos(por valor de 512.000 euros)
- unos 20.600 códigos electrónicos para comprar alimentos en la cadena de tiendas Biedronka (por valor de 285.000 euros)
- 3.000 tarjetas de supermercados SODEXO, por valor de 810.000 euros
Para agilizar el envío de ayudas, Cáritas Lublin se hizo con un almacén de 3.000 m2 cerca de la frontera para realizar tareas de almacenamiento, papeleo de aduanas y coordinación con las dos Cáritas ucraniana, la latina y la grecocatólica.
Cáritas también fomentó la campaña "Paquete para Ucrania": las parroquias y escuelas prepararon paquetes de cartón llenos de materiales útiles, sobre todo de comida y sanitarios, listos para repartir en Ucrania. Se repartieron 30.000 de estos paquetes en Lvov, Chernigov, Bucha, Ivano-Frankivsk y otras zonas de Ucrania. Así, las ayudas espontáneas (gente que llevaba a las parroquias latas y productos) tomaban una forma fácil de almacenarse y reenviarse a las zonas necesitadas.
Uno de los paquetes de ayuda de Cáritas Polonia que llega a personas necesitadas en Ucrania.
Una ventaja que Cáritas Polonia tuvo en esta emergencia es que en otoño de 2021 ya desarrolló experiencia y recursos en la emergencia de migrantes en la frontera entre Polonia y Bielorrusia.
En los primeros meses de guerra, Cáritas se esforzó en ofrecer comidas a los refugiados que cruzaban las fronteras. La Cáritas de la archidiócesis de Przemyśl, que atendía la estación de tren de Przemyśl, preparaba 30.000 bocadillos al día.
En total, Caritas Polonia calcula que entregó más de 1,5 millones de comidas a personas que venían de Ucrania, 19.500 personas se beneficiaron de la asistencia de Cáritas en forma de transporte y más de 8.300 familias fueron recibidas en sus centros.
Otra forma de ayuda importante se dio en el apoyo a madres refugiadas que llegaban con sus hijos mientras los varones eran retenidos en Ucrania para la defensa del país. Cáritas empezó con zonas de guardería y de acogida para madres en la estación de tren de Przemyśl y la del Este de Varsovia. Después hubo que esforzarse en ofrecer apoyo psicológico a refugiados, por el que pasaron unas 5.000 personas.
En el vídeo, el obispo auxiliar de Lvov, en Ucrania, comenta la entrega de mochilas llegadas desde Polonia, de Cáritas Przemyśl, para niños ucranianos desplazados por la guerra que empiezan el nuevo curso el 1 de septiembre, a veces muy lejos de su hogar. Otros 900.000 niños ucranianos empezarán el curso como refugiados en países extranjeros.
Cáritas Polonia se esforzó especialmente en los niños y jóvenes discapacitados y con necesidades especiales, junto con sus cuidadores: 2.500 pasaron por sus centros y unos 700 siguen en ellos. Otros se reubicaron en centros estatales polacos o pasaron a entidades ligadas a Cáritas en Alemania.
Cáritas en Polonia abrió 30 centros en distintas ciudades para ayuda a migrantes y refugiados, repitiendo el modelo que empezó Cáritas en Varsovia: son centros de apoyo psicológico y legal, con zonas de juegos para niños, clases de polaco y ayuda para encontrar trabajo.
Pasados seis meses de guerra, las necesidades ya no se centran solo en las 4 diócesis fronterizas, sino en atender a los refugiados repartidos por toda Polonia y a los desplazados que sufren en Ucrania. Para ello, Cáritas Polonia colabora especialmente con CRS (Caritas USA), Caritas Alemania, Caritas Suiza y Cafod (la agencia católica inglesa y galesa, similar a Manos Unidas).
La guerra en Ucrania, al superar ya los 6 meses a finales de agosto, acumula 5.600 civiles muertos y otros 7.900 heridos, según datos del Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Derechos Humanos.
Para ayudar a las víctimas de la guerra en Ucrania, Cáritas Española ha abierto esta web de donativos y la cuenta Caixabank ES31 2100 5731 7502 0026 6218. Tras 6 meses de guerra y con millones de desplazados, las necesidades se acumulan.
Do encontro à porta fechada entre o Papa e os cardeais de todo o mundo, a decorrer no Vaticano entre esta segunda e terça-feira (29 e 30 de agosto), pouco se sabe ainda. Convocada por Francisco com o objetivo de aprofundar aspetos da Praedicate Evangelium (a constituição apostólica em vigor desde 5 de junho passado), a reunião é a mais participada de sempre desde o início do pontificado e alguns cardeais deixaram já entrever que o diálogo tem sido “aberto e intenso”, num “clima fraterno”, em que todos manifestam vontade de aprender e aproveitar para conhecer-se melhor.
São 197 os cardeais, do total de 226 do colégio, que se deslocaram a Roma e aos quais foi dada nas últimas semanas uma agenda para indicar temas e perguntas sobre diferentes aspetos relacionados com a mais recente constituição. O primeiro dia de encontro foi marcado pelos debates em pequenos grupos e segue-se, na manhã desta terça-feira, a discussão plenária.
A primeira sessão da manhã de segunda-feira “ocorreu num clima muito fraterno”, disse ao Vatican News o cardeal Enrico Feroci, pároco de Santa Maria del Divino Amore, em Castel di Leva. Depois da oração inicial, Francisco abriu o encontro com algumas palavras, convidando todos a darem o seu contributo ao longo dos dois dias de reflexão. Os cardeais abordaram dois temas principais: o da comunhão e testemunho do amor recíproco entre os cristãos, e o da dificuldade por parte da sociedade atual em abrir-se à mensagem do Evangelho, bem como as formas de superar essas dificuldades.
O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, destacou por sua vez a grande adesão dos cardeais ao encontro, com um “diálogo aberto e intenso”, em especial na perspectiva missionária que traça a nova Constituição apostólica e a necessidade de foco no anúncio do maior mandamento, o da caridade.
Para o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, na Amazônia, as diferenças já se fazem sentir. “Agora, já não se vem a Roma para dizer o que fizemos, agora vem-se para aprender, mas a Cúria também sabe aprender de uma maneira diferente. Percebe-se melhor quem está ao serviço do Santo Padre, ao serviço dos bispos, e esta é uma esperança de ser uma Igreja mais fraterna em que se ouve, onde se vive e assume a diversidade cultural”, sublinhou em declarações ao Vatican News.
As perguntas sobre as quais refletir são muitas, recorda o novo cardeal Arthur Roche, prefeito do Dicastério para o Culto Divino: a colaboração entre a Cúria e os episcopados, a presença dos leigos em papéis de responsabilidade, a “missionariedade” e a “conversão da Igreja”. Em particular, os dois últimos “são elementos muito importantes”, considera o cardeal inglês. “A Praedicate Evangelium não é apenas algo para a reforma da Cúria, é também para as relações entre todas as Conferências Episcopais e a Santa Sé. Missão e conversão envolvem todos num processo quase sinodal. Podemos dizer que somos uma Igreja em peregrinação”.
E o cardeal colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal conclui: “O Consistório e o encontro com o Papa ajudam-nos a conhecer-nos um pouco, a sentirmo-nos mais conscientes e a prepararmo-nos para o futuro”.
“Pelo mal que causa às pessoas e à comunidade”, cada caso de abuso de crianças “é também um sofrimento e uma derrota para toda a Igreja. Por isso, não pode haver tolerância nem encobrimento de casos destes”. A afirmação foi feita esta segunda-feira, 29, em Fátima, pelo bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), na abertura do 10º Simpósio do Clero. Trata-se de uma iniciativa da comissão especializada da CEP, que se prolonga por quatro dias.
O responsável da Igreja Católica dedicou praticamente a totalidade do discurso à problemática dos abusos, numa das intervenções mais claras e assertivas feitas entre nós. Como sublinhou na altura, ele quis que este “significativo tópico do ‘hoje’ da realidade da Igreja e do mundo” não estivesse ausente da reflexão destes dias. E de facto, ele não figura, de forma expressa, nos temas das intervenções anunciadas no programa do Simpósio, o que torna a iniciativa de José Ornelas ainda mais significativa. “Sobretudo, esclareceu ele, porque os crimes de abuso de crianças na Igreja são frequentemente vistos como o exemplo de uma atitude demasiado hierárquica, clerical, resistente à mudança e ao tema deste Simpósio que é justamente “A identidade relacional e do ministério sinodal do presbítero”.
Aceitar a debilidade da Igreja como oportunidade para melhorar
Porque é que não se pode deixar de abordar este problema? Porque é importante “desde logo pela existência de abusos, pelo drama inesquecível das vítimas, pelo que isso significa para a vida da Igreja e para a sua missão, pela perceção social da gravidade de tais crimes que nos envergonham, pelo destaque que tem nos meios de comunicação, pelos desafios que coloca a todos nós”.
“Para todos, reconhecer a existência destes comportamentos graves e de dramáticas consequências é doloroso e enche-nos mesmo de vergonha e pesar. Mas é um passo fundamental para aceitar a nossa debilidade como oportunidade para crescer e melhorar”, afirmou José Ornelas.
Justificando a iniciativa tomada pela Conferência Episcopal de criar uma Comissão Independente, o bispo de Leiria-Fátima referiu que “a verdade é libertadora para todos”. E concretizou: “Tentar esconder esta realidade, para além de contrariar os princípios elementares da justiça para com as vítimas e impedir o seu necessário tratamento, não ajuda ao esforço de erradicação destes males”. Em contrapartida, “muitos ou poucos que sejam os abusos, lançar luz sobre essa realidade, dar voz e acolhimento às vítimas e estudar os contornos destas anomalias é um ato de justiça e de libertação”.
Gratidão às pessoas que denunciam e à Comissão Independente
Neste contexto, entendeu manifestar “profunda gratidão” para com as pessoas que, na sua infância ou adolescência, foram vítimas de abusos por membros da Igreja e tiveram a coragem de denunciar e de falar disso. “Essa voz, disse, despertou e vai despertando o coração das pessoas de bem para que o sofrimento não seja silenciado nem esquecido e seja feita justiça à dignidade que foi calcada aos pés, para que se possam encontrar caminhos possíveis de futuro”.
O presidente da CEP manifestou ainda “grande confiança e gratidão” para com as pessoas que, com o Dr. Pedro Strecht [coordenador da Comissão Independente], “estão a levar por diante esta tarefa” que “está a ser conduzida com independência, competência e credibilidade”.
E como que a tranquilizar acrescentou: “Não se trata de nenhuma ‘caça às bruxas’ nem de uma campanha contra ninguém, mas de um caminho necessário de identificação de males que existiram e continuam presentes, para que possamos assumi-los na sua realidade dolorosa, como processo de conversão e de libertação para todos”.
Antecipando, de algum modo, as responsabilidades que advirão dos resultados, conclusões e recomendações da Comissão Independente, assumiu que “será necessário rever e adaptar as medidas de prevenção e formação, particularmente das pessoas que se ocupam dos jovens, a fim de promover uma cultura mais bem capacitada para cuidar do seu desenvolvimento pessoal, social e na fé”, revendo as orientações existentes onde se afigurar necessário. Sem esquecer que “se impõe um caminho claro no interior da Igreja e uma colaboração com as autoridades competentes para averiguar quaisquer ocorrências, segundo os processos legais do país, com as medidas legais e penais previstas na Igreja e no ordenamento jurídico civil”.
A finalizar, fez uma profissão de fé: “Somos uma Igreja pecadora, mas que não se resigna nem acomoda às suas limitações; Igreja que reconhece erros e luta por renovar-se; Igreja que, na grande maioria do seu clero, reconhece e sofre com as suas limitações, mas procura continuar fiel ao seu Senhor, no serviço ao seu povo e no anúncio alegre do Evangelho”, incluindo na procura de “caminhos, linguagem e atitudes mais renovados no acompanhamento das crianças, adolescentes e jovens”.
De Mao a Jesús. Este es el título del libro y también el resumen de la vida que ha hecho público Pierre-Alban Delannoy, un veterano activista de la extrema izquierda más violenta en Francia, un activo militante en el Mayo del 68 que acabó en la cárcel por sus actos violentos, y que quería imponer en Francia el modelo comunista chino.
Tras una experiencia mística, este antiguo profesor universitario ha cambiado a Mao por San Bernardo de Claraval, el Libro Rojo por la Regla de San Benito. Y la comuna por el ora et labora junto a una abadía. Y así es como desde su conversión vive a apenas 500 metros del lugar fundado por San Bernardo, se dedica a dar a conocer la obra de este santo y vive su fe en un grupo de laicos que lleva una vida de tipo monástica.
Este doctor en Ciencias de la Información y profesor en la Universidad de Lille nació en 1948 y creció en un ambiente católico, aunque ya desde su adolescencia entró en contacto con grupos católicos que acabaron politizándose hacia la izquierda radical. “Hubo una gran confusión en la JOC (Juventud Obrera Cristiana) entre el mensaje del Evangelio y la acción política”, asegura. Creían que el mensaje de Jesús sólo se podía poner en práctica a través de esta acción social.
Miembro de grupos maoístas violentos
El siguiente paso fue con apenas 20 años entrar directamente en la lucha política a través de grupos de extrema izquierda maoístas como Gauche Proletarienne, un grupo que acabó derivando en acciones violentas e incluso terroristas.
En esta apuesta por la lucha directa y por la imposición del maoísmo, Pierre se infiltró de manera organizada en fábricas como un obrero más para provocar huelgas brutales, incidentes y levantar a los trabajadores contra los empresarios, a los que luego su grupo atacaba.
Al final este joven extremista acabó en la cárcel por todos los actos violentos y de ataque al Estado que había provocado. “Trabajar en las fábricas nos cambió, pero esto no cambió el mundo. La idea era responder a un eslogan: ‘servir a la gente’”. Sin embargo, con el paso del tiempo tanto él como otros miembros de su grupo se dieron cuenta que estaban fuera de la realidad “y que los trabajadores no nos necesitaban para sus luchas porque nos habíamos convertido en un grupo terrorista”.
Los actos violentos, "grietas en su corazón"
Así en 1973 dejó el grupo, completó los estudios que había abandonado para dedicarse a esta causa y empezó a ejercer como profesor aunque siempre desde una activa militancia izquierdista, en este caso la acción sindical.
Pero poco a poco algunos interrogantes llegaban a él sobre las causas que había defendido: “La violencia había sido legitimada por la acción colectiva, por la necesidad de cambiar la sociedad”. Pero empezaba a arrepentirse de sus acciones. “Me entristecían estos actos, estas acciones causaron grietas en mi corazón y con el tiempo se fueron haciendo más grandes”, explica.
Poco a poco el corazón de Pierre-Alban Delannoy se fue transformando aunque aún le quedaba mucho para su conversión. Sin embargo, Dios le iba a ir preparando poco a poco para aquel momento.
Tres elementos que le fueron llevando a Cristo
Debido a sus estudios investigó el Holocausto contra los judíos. Esto le fue acercando a la espiritualidad del judaísmo, a estudiar hebreo y a empezar a leer la Escritura.
La experiencia en la cárcel le había marcado. Y como consecuencia de esto se produjo otro hecho que le fue acercando poco a poco al cristianismo sin saberlo. Pierre mantuvo correspondencia con un condenado a muerte, y en estas cartas hablaban largamente sobre Dios.
Él mismo afirma que fueron tres cosas las que le hicieron “vulnerable” a la llamada de Cristo: “Un estado de salud deplorable es una escuela de humildad; el conocimiento del Holocausto a través de mi trabajo; y el contacto regular con presos estadounidenses condenados a muerte a los que escribí”.
La experiencia mística en la abadía benedictina
Así, sin darse cuenta de Mao estaba pasando a Cristo aunque el proceso todavía estaba en marcha. “En cierto modo –señala- siempre he tratado de servir a la gente. Y pasé de una lucha política a una lucha contra mí mismo”.
En la abadía de Fontgombault vivió una experiencia mística que transformó su vida
Pero fue en 2005 cuando Pierre tuvo una experiencia mística que le transformó de inmediato y le llevó de lleno a la Iglesia Católica. Se vio obligado, “a regañadientes”, a acompañar a su madre a una misa de domingo en la abadía benedictina de Fontgombault. Acabó yendo, pero con una “disposición hostil”, recalca.
“Había ido para acompañar a mi madre a misa y fui visitado por Cristo. Eso lo sentí físicamente”, cuenta sobre esta experiencia mística. Así, relata que “de repente me sentí atado a la asamblea, a los monjes en el coro, a sus canciones y a la propia abadía”.
Pierre recuerda verse como si todos los allí presentes, él incluido, fueran un solo cuerpo. “Aunque muchas cosas no me gustaban de la Iglesia dije: ¡Quiero esto!”.
Un nuevo estilo de vida monástico
Este antiguo activista de izquierdas volvía a la Iglesia que había abandonado casi en la infancia. Echando la vista atrás asegura que “la vida es una continuidad total. Son estas rupturas las que alimentan el camino. No tuve vidas diferentes, mi vida y mi búsqueda espiritual son el resultado de un viaje”.
Fascinado por esta vida monástica empezó a leer y a investigar sobre San Benito y San Bernardo de Claraval. En 2007 supo que había laicos que vivían en comunidad siguiendo la regla benedictina y decidió adoptar este tipo de vida. “Hablé de inmediato con esta comunidad donde podría rezar y vivir como cisterciense”. Este lugar era una “fraternidad” situada cerca de la antigua abadía de Claraval.
Ahora vive allí y sigue desde su estado laico siguiendo el ora et labora, que le “ayuda a mantenerse en contacto con Cristo. Con la comunidad monástica asiste a los servicios religiosos a lo que añade su tiempo de oración personal. Con respecto al trabajo sigue escribiendo, investiga, hace una labor divulgativa de los santos mientras además cuida los espacios verdes de la fraternidad y visita a los presos de una cárcel cercana.
Von der Leyen não foi apenas debitar mais um discurso. Refugiou-se em Taizé durante 48 horas, para conhecer a comunidade ecuménica, falar com os jovens e participar nas atividades que pautam o ritmo das pessoas. Imagem captada da transmissão do YouTube.
A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, surgiu este sábado em Taizé, no Sul de França, a falar das grandes opções das políticas da União, como havia sido anunciado, mas também a falar das motivações profundas de crente, que não são indiferentes à sua ação política.
A primeira surpresa, tanto para os que estavam esta semana naquela comunidade como para os que a seguiam pela Internet, foi que Von der Leyen não foi apenas debitar mais um discurso. Refugiou-se ali durante 48 horas, para conhecer a comunidade ecuménica, falar com os jovens e participar nas atividades que pautam o ritmo das pessoas. “A experiência ultrapassou as expectativas”, nas suas palavras.
Nunca tendo ido a Taizé,há muitos anos que ela se sentia perto do “espírito de Taizé”. Como explicou no início da sua intervenção, a pedido do irmão Aloïs, prior da comunidade, quando era jovem, há perto de meio século, os irmãos e primos vinham da Alemanha até àquela aldeia onde o irmão Roger Schütz decidira, décadas antes, criar um centro de acolhimento de refugiados. Foi uma época de “escuridão e de dúvidas” na família de Ursula von der Leyen, pois uma irmã com 11 anos tinha morrido de cancro. A verdade é que os familiares regressavam “diferentes”, como ela confessou.
Sabia-se que a presidente vem de uma família luterana e que é mãe de sete filhos. Mas neste sábado, no período de diálogo com os presentes, a primeira pergunta, vinda de um jovem de Hong Kong, não teve muito a ver com conteúdo da intervenção que acabara de escutar. Ele pretendia saber que papel tem Deus nas decisões políticas da presidente da CE.
Ela não se fez rogada na resposta. “Está sempre presente, porque a fé está sempre presente na pessoa que sou”, começou por dizer. Está presente também, no sentido de que tem a noção de que “um dia, terá de prestar contas pelo que fez e deixou de fazer”. Finalmente, porque, nos dias mais complicados e angustiantes, tem um mote que a acompanha — “Independentemente daquilo que venha, não posso cair mais fundo que não seja nas mãos de Deus” — e isso dá-lhe um sentimento de que Deus está com ela.
Três desafios: a paz, o planeta e a solidariedade intergeracional
A conferência propriamente dita, sobre a atualidade europeia, foi inspirada na parábola dos talentos, sobre a qual se havia refletido em Taizé, no sentido de tesouros que nos são confiados e aos quais podemos ser ou não fieis, dependendo dos objetivos que queremos dar à vida.
Nesta linha, Ursula von der Leyen disse que cada geração tem “uma missão” relacionada com os tesouros que lhe foram confiados. Assim, a geração dos fundadores da União Europeia, perante uma Europa dividida e dilacerada pela guerra, deu-se como tarefa pacificar a sociedade e unificar o continente. Essa missão permitiu passar à geração da atual presidente da CE o que chamou “um imenso tesouro” de uma Europa em paz e com prosperidade, uma União que é uma “democracia de democracias”, ainda assente em valores que não pode descuidar, porque são frágeis e carecem de aprofundamento.
E chegou à questão-chave: que continente quer e pode a geração atual deixar à geração seguinte, a daqueles que escutavam a oradora? Em resposta a dirigente europeia apontou três grandes desideratos: o compromisso com a paz; o compromisso com o planeta; e a solidariedade entre as gerações.
“A paz é hoje um bem partilhado entre os 27 países da União e é impensável que os seus membros entrem em guerra entre si”, observou. Mas a verdade, continuou ela, é que aquilo que parecia impensável aconteceu: a guerra desencadeou-se nas fronteiras da Europa, em virtude da invasão por parte da Rússia.
O valor da paz, que é fundador da União, saltou de novo para o centro da política europeia, com os objetivos de assegurar a paz e a segurança na Europa. E, sublinhou a oradora, foi porque os valores básicos que sustentam a União foram postos em causa, que esta se colocou ao lado da Ucrânia e tem estado a ajudá-la.
“Meus amigos, se a Rússia parar de lutar, deixa de haver guerra na Ucrânia; mas se a Ucrânia deixar de lutar, deixa de haver Ucrânia”, enfatizou Von der Leyen, num ponto sublinhado por forte aplauso da assistência.
Quanto ao segundo desiderato, relacionado com a Casa Comum, começou por afirmar que “a Criação foi-nos confiada, mas a Criação não nos pertence e nós esquecemos isso”. “O tesouro que herdámos e que devíamos preservar e cuidar devorámo-lo bocado a bocado, numa economia que extrai, consome e deita fora. Isto não pode continuar”, afirmou. Neste contexto, referiu a importância do “Pacto Ecológico Europeu” que, entre outros objetivos, pretende aproveitar a atual situação de crise (relacionada com a guerra) para acelerar a transição para as energias limpas, reconhecendo, embora, que tanto a pandemia como, já em 2022, a invasão da Ucrânia fizeram retardar os planos, para responder a situações de emergência.
As responsabilidades globais com o planeta dependem de aspetos geoestratégicos, mas são uma questão de sobrevivência e, nessa medida, são responsabilidade da atual geração para com as próximas gerações. E isto é algo que tem a ver com a solidariedade intergeracional, o terceiro ponto da conferencista.
A esperança de Ursula e a ‘radical incerteza’ dos jovens
Ursula von der Leyen disse-se consciente deste desafio, também em termos pessoais e familiares, e reconheceu que se está a colocar um fardo pesado nas gerações mais novas; desde logo, o fardo “da radical incerteza” em que estão cada vez mais a viver. Citou, a propósito, o Papa Francisco que, para caraterizar este momento, afirmou: “Sempre que um jovem cai, toda a humanidade cai. No entanto, quando um jovem se levanta novamente, o mundo inteiro também se levanta.”
Afirmou-se confiante no futuro, dando como exemplo o que, durante a fase mais complicada da pandemia, os mais novos deram no apoio aos mais velhos, desde logo aos avós, e citando também os gestos de milhares de jovens que se voluntariaram para apoiar os refugiados da guerra na Ucrânia. Citou, por outro lado, várias iniciativas da União Europeia para apoiar os jovens, nomeadamente nos campos da formação e emprego.
Num dos momentos de contacto com os jovens, Ursula von der Leyen esteve com um pequeno grupo de jovens portugueses, que com ela cantaram o hino da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, como se pode ver num vídeo publicado pelo DN.
(Esta notícia foi escrita com base na audição da conferência, procurando ser fiel aos pontos essenciais do que foi dito. Entretanto, o texto foi disponibilizado na página da Comissão Europeia.)