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quinta-feira, 23 de junho de 2022

Beja: Comissão Sinodal concluiu com «realismo e tristeza» que a Igreja «continua muito centrada na figura do padre e na hierarquia»

Jornada Mundial da Juventude 2023 tem mobilizado todas as pessoas, «criando alguma novidade e empenho»

Beja, 23 jun 2022 (Ecclesia) – A Comissão Sinodal da Diocese de Beja concluiu, “com realismo e tristeza”, que a Igreja na região “continua muito centrada na figura do padre e na hierarquia”, e o seu interesse e/ou envolvimento “faz toda a diferença”.

“A Igreja presente nesta porção do Alentejo, na opinião de padres e leigos mais comprometidos, continua excessivamente clericalista, centralista, formal e ritualista”, lê-se na na síntese diocesana da consulta para o Sínodo dos Bispos 2021-2023, enviada à Agência ECCLESIA.

Sentimos que a influência da Igreja na sociedade ultrapassa, contudo, o reduzido número de fiéis praticantes que somos, mas esta situação tende a piorar se a Igreja se fechar sobre si mesma, perder vitalidade, e as comunidades não se regenerarem através de um novo impulso missionário, que desperte os cristãos e atraia os que ‘estão fora’”.

Alguns contributos, referiram-se à “falta de formação do laicado”, que, associada ao seu reduzido número e à sua dispersão por todas as áreas da vida eclesial, “afasta a presença da Igreja dos setores vitais onde se constrói o futuro desta região”, e em muitos contextos a presença e a ação da Igreja “são quase irrelevantes e pouco significativas”.

Existem setores que estão “completamente à margem” da vida da Igreja, como a cultura, música, comunicação social, política, associativismo, desporto, mundo do trabalho, educação, saúde.

Alguns contributos alertaram para uma imagem de “divisão e falta de comunhão”, visível no clero e nos leigos, enquanto os encontros do clero mais jovem com o bispo diocesano são “um sinal de esperança”, e observam também que se faz “muito pouco pela Pastoral Vocacional, em geral”, e a falta de vocações, nomeadamente sacerdotais, “é preocupante”.

“É expressa a opinião de que não somos Igreja Missionária, pois, abandonámos a missão e as missões, e falta novidade, arrojo, audácia nas propostas que fazemos, que não são atrativas nem conduzem ao envolvimento e compromisso dos cristãos, sobretudo dos mais jovens, que se sentem pouco ouvidos e acolhidos nas suas propostas”, acrescenta.

Na Diocese de Beja, a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 apareceu como “o grande elemento catalisador e dinamizador” dos mais novos e, consequentemente, dos adultos, dos adolescentes e das crianças, “criando alguma novidade e empenho, também no seio das Comunidades Cristãs”.

Destaca-se, o crescimento e consolidação da Pastoral sóciocaritativa em toda a diocese mas existem setores que “merecem ainda mais atenção”, como migrantes; toxicodependentes; recasados; minorias; desmotivados e indiferentes; idosos não-institucionalizados; pessoas em situação de sem-abrigo; grupos LGBTQI+ -, e deve continuar a trabalhar nas respostas para estes grupos que “não se devem sentir marginalizados por parte da Igreja”.

síntese diocesana de Beja indica que os jovens insistiram, “em quase todos os contributos”, que as assembleias e eucaristias precisam de ser “mais vivas, envolventes, calorosas”, onde deve “reinar um verdadeiro ambiente de família”, com maior participação, “com cânticos igualmente dinâmicos e apelativos”, aproximar o celebrante da assembleia, e homilias “mais preparadas, breves”, centradas nas leituras bíblicas para torná-las “interpretáveis à luz dos dias de hoje”.

Dar “mais espaço às mulheres” na estrutura da Igreja Universal, diocesana e paroquial, e “repensar a ligação entre sacerdócio e celibato”, foram outros destaques; para algumas pessoas, importa replicar projetos como o “Átrio dos Gentios”, apostando em chegar “aos de fora”, ultrapassando a existência apenas de uma pastoral de “manutenção, e pessoas “não católicas e/ou não praticantes” referiram-se à “importância do testemunho”.

O Sínodo 2021-2023, subordinado ao tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão, ’promove um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

CB/PR









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