Páginas

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Rezar e “invadir” o Capitólio para protestar contra a política migratória de Trump


Freira a ser levada pela policia: “O tratamento dos migrantes deveria ofender todas as pessoas de fé”. Foto: Direitos reservados, reproduzida do Vatican News
A irmã Patricia M- Murphy, 90 anos, foi uma das 70 pessoas detidas quinta-feira, 18 de Julho, em pleno átrio do Senado dos Estados Unidos, numa acção de desobediência civil e protesto contra a política migratória da Administração Trump. A irmã Patricia, conta o Huffington Post,
vive em Chicago e há muitos anos que luta pelos direitos de imigrantes presos e indocumentados. Há 13 anos, acrescenta o Vatican News, ela organiza, todas as sextas-feiras, vigílias de oração em frente à agência de migração.
“O tratamento dos migrantes deveria ofender todas as pessoas de fé”, disse a irmã Pat, como é conhecida, citada ainda no Vatican News.
No momento da detenção, a irmã Patricia continuou a segurar nas mãos um pequeno cartaz onde se lê “Parem a desumanidade. Fim da detenção de crianças”. A irmã Ann Scholz, da Conferência das superioras das religiosas dos EUA, acrescentou: “Estamos aqui porque o Evangelho nos obriga a agir e estamos indignadas com o horrível tratamento reservado às famílias, em particular, às crianças.”
A manifestação, diz o Vatican News, foi promovida por várias organizações católicas – entre as quais a Conferência dos Superiores Maiores de congregações religiosas masculinas, Conferência Jesuíta do Canadá e dos EUA, Conferência das Religiosas dos Estados Unidos e Pax Christi EUA. O protesto visava as políticas de imigração postas em prática na fronteira dos EUA com México, nomeadamente as medidas contra as crianças.
Num vídeo publicado no canal Youtube, podem ver-se os manifestantes na Sala Oval do Senado, colocados em círculo, cada um deles ostentado uma foto de crianças que morreram em instalações de concentração de imigrantes. Cinco deles, entretanto, deitam-se no chão formando uma cruz. Durante vários minutos, vão dizendo os nomes das crianças: Darlyn, Jakelin, Felipe, Juan, Wilmer, Carlos…

Momentos antes, conta ainda o Vatican News, no exterior do edifício, tinham estado a rezar e a ouvir testemunhos de “migrantes aterrorizados com a ideia de perder os seus filhos”. Várias mensagens de bispos em apoio do protesto foram também lidas.
A polícia interveio após alguns minutos, acabando por prender perto de 70 pessoas. Várias freiras, responsáveis de paróquias e outros líderes católicos foram retirados do local e algemados, enquanto rezavam.
De acordo com o Vatican News, a manifestação de quinta-feira foi apenas uma das muitas ocorridas em várias cidades dos EUA desde sábado. O anúncio da grande deportação anunciada pelo Presidente dos Estados Unidos mobilizou centenas de pessoas de todas as religiões: terça-feira, por exemplo, dez manifestantes judeus foram também presos, acusados de terem entrado ilegalmente na sede da Agência para controlo de fronteiras e da imigração em Washington, enquanto uma centena de pessoas faziam uma barreira humana tentando evitar as operações de “limpeza” dos agentes de polícia.
Todos estes movimentos exigem uma mudança radical nas leis de migração e o fim da detenção de migrantes em centros de concentração na fronteira com o México. Nesses lugares, predominam imagens de crianças, separadas dos pais e mantidas em cercas insalubres – imagens que já provocaram a indignação de muita gente.
“Luzes pela liberdade” é o título dados aos protestos, que têm como símbolo a Estátua da Liberdade, um ícone do acolhimento de imigrantes nos EUA.
Alguns dos manifestantes formando uma cruz no chão do Capitólio. Foto reproduzida do Vatican News.

Vatican News recorda que o cardeal Timothy M. Dolan, arcebispo de Nova Iorque, no final da missa de domingo passado, na Capela de Santa Francisca Cabrini, padroeira dos imigrantes, denunciou a atitude negativa em relação aos refugiados e requerentes de asilo, num país que, por definição, “é nação de imigrantes”, lamentando o “ódio” que hoje existe contra os migrantes.
No Texas, o bispo de Brownsville, Daniel Flores, disse que “as ameaças de deportação são cruéis para as famílias e crianças, e que a separação dos pais de seus filhos, sem sequer a possibilidade de comparecer no tribunal, é reprovável”. As leis, acrescentou, “deveriam tratar famílias e crianças de maneira diferente de como são tratados os chefes do tráfico” de droga.
in



Sem comentários:

Enviar um comentário