O primeiro livro publicado em Portugal, segundo a técnica de caracteres móveis, inventada por Gutenberg, no sec.XV, na Alemanha, foi o Pentateuco, em hebraico, saído das oficinas de Samuel Gascon, em Faro, em 26 de março de 1487. Foi, portanto, 26 de março o dia escolhido pela Sociedade Portuguesa de Autores, para se comemorar o Dia do Livro Português.
Cinco séculos depois, o que é o Livro Português? Porquê dedicar-lhe uma comemoração especial? Para o festejarmos? Para refletir sobre ele. Sim, para refletir. O livro português é toda uma literatura riquíssima que existe desde o princípio da nossa nacionalidade: ele são as Cantigas de Amigo, deliciosas na sua simplicidade campestre em que a rapariga chora as saudades do seu amigo que anda longe, pescando no mar alto, ou lutando contra os mouros; ele são as Cantigas de Amor, mais elaboradas, em contexto de corte, em que o poeta declara o seu sofrimento, a coita, perante a indiferença da amada. Salientamos dentre estes poetas o nosso D. Dinis, Rei-Poeta, Rei-Lavrador, plantador de naus a haver, como lhe chamou Fernando Pessoa, outro entre os maiores do Livro Português.
E vamos passando ao longo dos séculos, por todos quanto construíram o Livro Português.
Um século depois da impressão do 1º livro português, é impressa, em 24 de Setembro de 1471, a obra maior da nossa literatura: Os Lusíadas, do enorme Luís de Camões. E o Livro Português vai avançando, na voz vigorosa do Padre António Vieira, com os seus magníficos Sermões, defendendo os pequenos, fustigando os grandes, na escrita dos escritores românticos escrevendo para o povo, nos romances de Eça denunciando os vícios, nos neo-realistas gritando as injustiças sociais. Tantos que não mencionei, de igual valor, que nos foram formando o Livro Português.
Cecília Rezende
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