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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Mesmo irmãos

Os anos passaram depressa. Fomos solteiros, casados, pais e, agora, já somos avós. No entanto, há algo que fomos e continuamos a ser: irmãos, mesmo irmãos.

Sim, somos mesmo irmãos. Tivemos sempre, o mesmo pai e a mesma mãe. Vivemos na casa dos nossos pais e nós, as irmãs, dormíamos e estudávamos no mesmo quarto. Tivemos os mesmos avós e os mesmos primos. Tivemos a mesma comida às refeições e a mesma educação de hábitos, costumes e tradições que nos preparavam para conviver de modo agradável e respeitador com as pessoas que nos rodeavam. Tivemos oportunidade de escolher a nossa profissão, o nosso cônjuge, e de acompanhar os estudos, os namoros e o amadurecimento uns dos outros à medida que nos íamos desenvolvendo. 

Além disso, tivemos os mesmos avós – paternos e maternos – com os respectivos tios e primos. Também eles eram mesmo irmãos. Foi só na nossa geração que surgiram, entre os nossos primos, os meio irmãos, ou irmãos a 50%.  Mas nós, sem qualquer mérito da nossa parte, somos, e continuamos a ser, mesmo irmãos.

É verdade que já não vivemos na mesma casa; todos casámos, tivemos os nossos filhos e cumprimos, bem ou menos bem, com as nossas responsabilidades de pessoas adultas. A vida foi-nos levando de um lado para outro: à procura de um apartamento barato para princípio de vida; na busca de paz e segurança em tempo de guerra ou revolução; na procura de melhores condições de trabalho no país ou no estrangeiro... A experiência de cada um era diferente, mas encontrávamo-nos sempre em casa dos pais pelos Natais ou aniversários porque somos mesmo irmãos.

Cada um fez as suas escolhas de vida. Cada um pensa conforme as suas convicções. Cada um educou os filhos como achou melhor ou como pôde. Cada um sofreu as suas dificuldades e doenças, mas sempre fomos ajudados, confortados e apoiados pelos nossos pais, porque somos mesmo irmãos. 

Agora, continuamos a ir a casa dos pais para apoiar a nossa mãe, já viúva, muito idosa e debilitada de corpo e espírito, mas com o mesmo carinho e orgulho em nós. É ainda ela quem nos une e faz sentir queridos e amados. É ali, ao pé da mãe, que nos continuamos a encontrar e sentir em casa, mesmo irmãos. E não é apenas para festejar o dia dos irmãos!
 
Isabel Vasco Costa



Tudo

A palavra vem sublinhada, porque o Papa Francisco, falando na Capelinha das Aparições, assim o fez. Usou-a dentro do contexto da misericórdia de Deus que “perdoa tudo, TUDO”. Lembram-se? Foi a sua repetição pausada e pronunciada num tom de voz mais forte, sublinhando o tudo, que inspirou a pergunta a que este artigo pretende responder: “Que quer dizer este tudo?” É evidente que uma resposta deste calibre (não nos esqueçamos que estamos a falar de tudo) não cabe num breve texto. Bastará pensar um pouco e deixar-nos levar pelo desafio que o Papa deixou. Vamos a isto.

Tudo, referia-se a todos os pecados possíveis, claro, mas no local em que foi pronunciado (em Fátima), creio que podemos pôr em destaque o “pecado da carne”, aquele que Nossa Senhora disse ser o que levava mais pessoas para o inferno e que os pastorinhos, na sua inocência e pobreza, julgaram ser “comer carne”

Por outro lado, pareceu-nos poder descobrir três dimensões neste tudo, coisa que não acontece em mais nenhum perdão, seja ele judicial, familiar, fiscal, de dívidas, falso testemunho... 

A primeira dimensão do tudo diz respeito ao “tamanho” do pecado. Desde que haja arrependimento e vontade firme de não voltar a cometê-lo, o perdão aplica-se a esse volume do pecado (ex.: roubo de um, cem ou mil milhões de euros). O homem, finito no tempo, no espaço e nas suas capacidades, jamais poderá pecar (roubar) tudo, mas Deus pode perdoar tudo, pois é infinito. 

A segunda dimensão do tudo, refere-se a toda a diversidade de pecados possíveis. Deus pode e quer perdoar todos os pecados dos homens com uma única exceção: não perdoa quando o homem não quer ser perdoado. É o chamado pecado contra o Espírito Santo que se pode reduzir à soberba. Consiste em não querer acreditar na existência de Deus (portanto não necessito pedir-lhe perdão) ou na sua misericórdia (como Judas: o meu pecado é tão grande que não há perdão para ele).

Então, se Deus perdoa tudo em quantidade e tudo em variedade de pecados, ainda sobra perdão divino, depois de serem perdoados todos os pecados, de todos os homens e de todos os tempos.  

Esta constatação leva-nos à terceira dimensão do tudo que consiste na aplicação do que “sobra” desta misericórdia. Para onde vai ela? Uma vez arrependido e confiante na bondade de Deus, o homem confessa-se, cumpre a penitência estipulada pelo confessor e fica com a certeza de estar perdoado. Cada confissão não é um “produto único”, vem em “pacote”. Além da eficácia do perdão, traz consigo: alegria, maior capacidade de resistir às tentações, desejo eficaz de praticar boas ações, fortaleza para cumprir com os seus deveres de estado, coragem e inspiração para fazer apostolado, vontade de rezar pelas almas do purgatório... E muito mais! É um tudo de bens divinos impossível de imaginar e que se manifesta desde carismas pouco comuns até à heroicidade do sorriso do doente para quem o cuida. 

Esta última dimensão do tudo – a dos extras do perdão divino – pode ser muito bem aproveitada à semelhança do que fez Santa Maria Madalena, que passou a servir o Senhor, ou a samaritana, que foi fazer apostolado na sua terra: “Vinde ver, encontrei o Messias. Disse-me tudo o que fiz”

Esta “sorte” de chegar a receber a misericórdia divina (e reportamo-nos ao exemplo do pecado da carne), começa geralmente por “boas” conversas com pessoas “boas”, não necessariamente sacerdotes ou religiosos. Depois, numa segunda fase, mesmo que ainda não se esteja em condições de receber o sacramento do perdão, é bom ter direção espiritual com um sacerdote piedoso que possa avaliar o estado dessa alma, aconselhar e acompanhar a evolução espiritual de quem está a mudar de vida, até que chegue o momento de já poder receber a absolvição.

De facto, têm sido sobretudo os pecados da carne os que se evidenciam pelo número, pela variedade e pelo escândalo (levam outros a pecar) nos tempos atuais. É gratificante verificar como ficam agradecidas, a Deus e aos amigos que as ajudaram, as pessoas que se converteram ou voltaram à Fé. Dedicam tempo ao estudo e à sua formação cristã, pois não se contentam com conhecimentos medíocres. Mudam de vida. Anseiam por receber os sacramentos da confissão e Eucaristia com frequência. Tornam-se mais responsáveis, maduras, piedosas, amáveis, caritativas, cumpridoras das suas obrigações familiares, religiosas, profissionais, sociais, de cidadania. Ganham um novo alento que as leva a aconselhar os amigos, colegas ou conhecidos que, tristes e inquietos, se encontram em situações semelhantes. Voltaram a acreditar na bondade que está escondida em todos os corações e, sobretudo, no tudo do perdão divino.

Isabel Vasco Costa



O Nosso Reconhecimento ao Anjo da Guarda de Portugal

Aproxima-se o dia 10 de Junho em que se comemora o Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas, sendo igualmente dedicado ao Anjo da Guarda de Portugal. Data de 1504 a instituição da festa do “Anjo Custódio de Portugal”, sendo no entanto bem mais antiga esta devoção, que quase viria a desaparecer depois do século XVII. No entanto seria restaurada em 1952, quando o Papa Pio XII manda inserir no Calendário Litúrgico Português, no sentido de comemorar o Dia de Portugal no dia 10 de Junho o Santo Anjo da Guarda de Portugal, Anjo da Paz, da Pátria e da Eucaristia. A proteção divina sobre a pátria portuguesa está patente desde os primórdios da nossa nacionalidade: a lenda do milagre da batalha de Ourique contra os muçulmanos, em que o rei D. Afonso Henriques teve a visão de Jesus crucificado, rodeado de anjos, garantindo-lhe a sua vitória no combate e a futura proteção do reino. Esta vitória viria a tornar D. Afonso Henriques, no primeiro Rei de Portugal. Por este motivo, o monarca mandou incluir na bandeira de Portugal cinco quinas ou escudos, com a representação das cinco chagas de Cristo.

A festa do Anjo da Guarda de Portugal realizava-se no terceiro domingo de Julho desde 1504, ano em que o rei D. Manuel I, escreveu às Câmaras de Évora e de Coimbra, a informar do pedido feito ao Papa Leão X, “com os Prelados dos nossos reinos, da instituição da festa do Anjo Custódio do Reino de Portugal”. No Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, encontra-se uma escultura em calcário de Diogo Pires, datada de 1518-1520, que representa bem a Imagem do Ano Custódio de Portugal.

Em virtude de nos encontrarmos a celebrar o Centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima aos Pastorinhos na Cova da Iria, constitui uma altura propícia para referir as três aparições deste Anjo da Guarda aos recém-proclamados santos – Francisco e Jacinta Marto - em Fátima pelo Papa Francisco. A estes pastorinhos São Francisco e Santa Jacinta Marto, bem como à sua prima Lúcia, na primavera de 1916 enquanto se encontravam a pastorear na Loca do Cabeço, apareceu-lhes um anjo, “mais branco que a neve” que lhes disse: Não tenhais medo, sou o Anjo da Paz, orai comigo, ensinando-lhes a lindíssima oração que hoje em dia proferimos recorrentemente: “Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam”. A segunda aparição teria lugar no poço do Arneiro, no quintal da casa de Lúcia, enquanto brincavam, dizendo o Santo Anjo: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os corações santíssimos de Jesus e de Maria, têm sobre vós desígnios de Misericórdia… eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal”. A terceira aparição teve lugar novamente na Loca do Cabeço. O Anjo surgiu com um cálice e uma hóstia, de que pingavam gotas de sangue no cálice, tendo-lhes então ensinado a seguinte oração: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente. E ofereço-vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido e pelos méritos do Seu Sacratíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pecadores”.

Na realidade é incontestável a importância dos Anjos da Guarda cuja devoção foi cultivada desde os começos do cristianismo. A sua festa, com caráter universal para toda a Igreja, foi instituída pelo Papa Clemente X no século XVI. São mensageiros de Deus, São as criaturas mais perfeitas da Criação, contemplam Deus face a face, enquanto criaturas já glorificadas, que vivem inteiramente dedicadas ao serviço e ao louvor de Deus. O próprio significado da palavra anjo – enviado - exprime a sua função de mensageiro de Deus junto dos homens, particularmente em momentos decisivos da História da Salvação. A fé cristã crê também que cada nação, em particular, tem um Anjo da Guarda a velar por ela. Posto isto, sendo que se aproxima a data celebrativa em memória do Santo Anjo da Guarda de Portugal, dia 10 de Junho, não poderia deixar de enfatizar e de dar graças, enquanto portuguesa, ao nosso Anjo da Guarda de Portugal, tudo o que de bom, ao longo de centenas de anos, nos tem proporcionado, enquanto mensageiro de Jesus Cristo e de Sua Mãe Maria Santíssima.

Termino citando São Lucas (2, 8-13): “O Anjo do Senhor aproximou-se deles (pastores) e a glória do Senhor cercou-os de luz, e eles tiveram muito medo. Disse-lhes o Anjo: “Não temais, pois venho trazer-vos uma boa nova, que será grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje… um Salvador… De súbito, juntou-se ao Anjo a multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que Ele ama”.

Maria Helena Paes



Neste caso eu diria: da necessidade de escrever sobre o inimaginável

É ainda com os olhos esbugalhados que me atiro ao papel para partilhar convosco este artigo que acabo de ler, por aconselhamento de um amigo, no Jornal OBSERVADOR, no dia 23-5, da autoria da Dr.ª Laurinda Alves e com o título: Anda um pai a criar uma filha para isto…

Sem saber muito bem por qual ponta lhe pegar, eu transcrevo a primeira parte do texto em questão para que o leitor possa avaliar da gravidade da situação: 

“Indo directamente ao assunto e usando a terminologia dos próprios alunos universitários que montaram as barracas das Queimas das Fitas, este ano houve tendas particularmente más em alguns dos queimódromos: a “Tenda das Tetas”, onde bastava “mostrar as mamas” para ter bebidas à borla, e a barraca onde as raparigas também não pagavam se dessem beijos na boca umas das outras. Não estamos a falar de beijinhos infantis (que já seriam de mau gosto, até para raparigas que vivem a sua homossexualidade com autenticidade e sem exibicionismos), mas de beijos pornograficamente demorados, elaborados, incitados e aplaudidos pelos rapazes em volta. Beijos de bordel, dados em estado líquido, note-se, com níveis de alcoolémia de rebentar qualquer escala”.

Por cima da minha idade e experiência de vida eu julgava que já não iria encontrar muitas coisas que me surpreendessem ou que não fossem previsíveis, mas constatei que me enganei e é com muita pena que o confesso.

Não vou tecer considerandos sobre o que motivou o dito artigo, a autora com a sua sensibilidade feminina, o seu saber profissional e o bom senso que lhe habita já o fez, mas não posso deixar de lamentar estas tão vergonhosas atitudes que denigrem a imagem não só dos jovens universitários, como de todos nós que o permitimos, dos nossos bons costumes, dos nossos valores e da imagem do nosso país.

Estamos alarmados com os ataques terroristas que se praticam um pouco por esse mundo, como o que agora ocorreu em Manchester e deixamos que à nossa beira proliferem estas obscenidades entre os nossos, nos locais mais improváveis e com protagonistas que deveriam estar a preparar-se para uma vida de trabalho honesto, etc, etc… e depois vêm falar de violência doméstica, maus tratos às crianças, bullying entre outras formas de terrorismo?

Caros amigos ponhamos os pés no chão e pensemos bem no que de mal, muito mau, anda por aí a acontecer, vimos, ouvimos, lemos e pensamos, não podemos ignorar, permitir nem calar.

José M. Esteves 





Conquistar o céu através da fé e da esperança

Há uns dias fui tomar chá com uma amiga. Confidenciei-lhe que tencionava escrever um artigo subordinado a este tema. Contudo, ainda não tinha surgido a inspiração de como o iria desenvolver.

Carecia de um exemplo real que ilustrasse bem este meu sentir. De repente veio ao meu pensamento o Cardeal vietnamita François-Xavier Nguyễn Van Tuân, enquanto exemplo de uma vida de sofrimento, fé e de esperança. Ficou decidido. Iria mesmo contar um pouco da sua história. Na minha memória surgiram igualmente as seguintes palavras relativamente à fé: “São tantos os antigos a atestar-nos as grandezas da fé, que se diria uma nuvem a rodear-nos… Fitemos os olhos em Jesus, o guia da nossa fé, que ele leva à perfeição”, e ainda as palavras de Jesus para a mulher que padecia de uma doença há doze anos, que tinha gasto todos os seus bens sem obter qualquer resultado. Cheia de fé aproximou-se de Jesus, tocou-Lhe na capa, dizendo consigo: ”Se eu ao menos Lhe tocar nas vestes ficarei curada”. Jesus notou logo em Si que tinha saído uma força… ”Minha filha, foi a tua fé que te salvou! Vai em paz e fica sarada do teu mal”.

Depois deste enquadramento passo a referir um pouco da vida do Cardeal Van Tuân, que nasceu em Abril de 1928, no Vietnam, numa família de religião católica. Foi ordenado sacerdote em 1953. Esteve preso durante mais de treze anos, nove dos quais numa cela solitária. Durante este período escreveu o livro “O Caminho da Esperança”, um verdadeiro testemunho espiritual. A sua prisão pelo regime comunista teve como base a sua nomeação como arcebispo coadjutor de Saigão em 1975 pelo Papa Paulo VI, dando ênfase de que esta nomeação constituía um “complot” entre o Vaticano e o regime comunista.

Já na prisão Van Tuân referiu que todos os prisioneiros, aguardavam a cada momento a sua libertação. Contudo, o futuro Cardeal decidiu: “não esperarei pela libertação, vou viver o momento presente, enchendo-o de amor”. Durante vários meses esteve confinado a uma cela minúscula, sem janela, húmida, na qual para respirar passava horas, com o rosto num pequeno buraco no chão. A cama encontrava-se coberta de fungos. Os nove primeiros anos foram terríveis: “Uma tortura mental, no vazio absoluto, sem trabalho, caminhando dentro da cela, desde a manhã até às nove e meia da noite, para não ser destruído pela artrose, no limite da loucura”.

Procurava conversar com os guardas que resistiam mas que eram seduzidos pela sua gentileza e inteligência. No início de cada semana os guardas eram substituídos, mas posteriormente ficou uma dupla de guardas fixa, a quem tratava por amigos, porque era esse o ensinamento do Senhor. No ano de 1975, fez sinal a um menino de sete anos, chamado Quang, que regressava da missa às 5 horas, ainda escuro, pedindo-lhe que sua mãe comprasse blocos velhos de calendários e lhos entregasse também de noite. Todas as noites de outubro a novembro de 1975, passou a escrever na prisão, uma mensagem para o seu povo. Todas as manhas o menino vinha recolher as mensagens. Assim foi igualmente escrito o livro “O Caminho de Esperança”. Van Tuân escreveu a amigos a solicitar que lhe enviassem um pouco de vinho, como remédio, para doenças estomacais. Face a este contexto, todas os dias, três gotas de vinho e uma gota de água, eram suficientes para trazer “Jesus na Eucaristia” à prisão. Os pedacinhos de pão, consagrados, eram conservados em papel de cigarro guardado no bolso, com reverência. De madrugada, o futuro Cardeal e os poucos católicos detidos, conseguiam encontrar um meio, para adorar o Senhor escondido com eles.

Van Tuân foi libertado em 1988. Em 1991 deixou o Vietname e foi para Roma, onde tomou conhecimento que o Governo não desejava que regressasse ao seu país. Em 1994, foi nomeado, vice-presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, tendo falecido no ano 2002.

Está em curso o seu processo de beatificação. O Papa Bento XVI referiu-se ao Cardeal Van Tuân, como exemplo de que a oração constitui um modelo de esperança. “Treze anos em prisões vietnamitas; deles nove anos em isolamento: a sua experiência de esperança graças à oração, permitiu-lhe constituir para os homens de todo o mundo, uma testemunha de esperança, daquela grande esperança que não declina, mesmo nas noites de solidão”.

Santa Maria, Mãe do Amor Formoso, do Temor, da Ciência e da Santa Esperança, rogai e intercedei por nós, para que nunca percamos a fé e a esperança, mesmo nos momentos mais conturbados, permitindo assim, que um dia possamos conquistar o Céu.

Maria Helena Paes



28 de maio: Dia Mundial do Brincar

Brincar é um direito!


A sua importância é hoje reconhecida por estudiosos, educadores e organismos governamentais. A Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959), no artigo 7º, junta o direito à educação ao direito a brincar: “a criança tem direito a brincar e a divertir-se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir o exercício pleno desse direito.” Brincar é  essencial para o desenvolvimento integral das crianças. Brincando adquirem habilidades sociais, afectivas, cognitivas e motoras que influenciam o desenvolvimento do pensamento, da linguagem, da imaginação e da criatividade. Vivem a solidariedade, a alegria, a justiça, a responsabilidade, valores fundamentais para o desenvolvimento afectivo, ético e moral.

Mas, o acto de brincar não é menos importante na idade adulta. O universo infantil continua presente através de memórias de experiências vividas: uma festa de aniversário, uma viagem de férias, as tardes na casa dos avós e também os brinquedos e as brincadeiras preferidos. O segredo está em resgatar esses momentos da infância e, brincando, fortalecer as relações intergeracionais – entre crianças e adultos, pais e filhos, avós e netos. Passeios e jogos em espaços amplos e ao ar livre, brincadeiras novas ou tradicionais são um programa gratificante para hoje e, certamente, para recordar com afecto por toda a vida.

No entanto, não podemos esquecer que, ainda hoje, há milhares de crianças que não podem brincar – e tantas vezes nem vão à escola – por mil e uma razões que não deveriam existir. Um grande desafio para os nossos dias: que os adultos se tornem incentivadores do tempo livre e das brincadeiras das crianças e que sejam parceiros disponíveis renovando a sua capacidade de brincar. 

a autora escreve segundo a antiga ortografia.

Rosa Ventura



A marca registada de uma época

Por vezes chega a notícia de que alguém famoso teve um final trágico, como foi o caso de Amy Winehouse. Ainda hoje entristeço ao escutá-la cantando Body and Soul, com Tony Bennett. O que você fez consigo, moça? Que pena! Um enorme desperdício de vida, sobretudo, e de muito talento. Tinha asas de águia, mas voou como ave menor. Faltou um sentido para a existência.

A falta de um norte também pode ser visível em situações coletivas, complexas. Casos de um povo, ou mesmo de um continente. Sabe-se, por exemplo, que os países da parte mais abastada da Europa têm taxa de natalidade insuficiente para manterem sua população, que envelheceria e decresceria com vigor ainda maior não fosse o aporte de imigrantes. Gente sobretudo da África e do Oriente Médio, empurrada por conflitos armados ou pela precariedade sob a qual viviam em seus países de origem. Tentar uma nova vida em outro lugar faz parte da história humana e contribui para a mistura de gens e culturas desde que o homem pisou na Terra. O próprio Noé, para tomarmos um exemplo clássico, não aportou sua arca na mesma ravina da qual partiu ...

Brincadeiras à parte, qual a razão para que alemães, italianos e vizinhos gerem menos filhos que o necessário para que a população simplesmente se mantenha? Seria a pobreza? Quando eram miseráveis, quando viviam sob a dominação de um senhor de gleba, procriavam muito mais. Estarão doentes? Seus hospitais longe estão de estarem abarrotados, mas as maternidades andam subutilizadas. Seria a insegurança de um futuro negro, com guerra à vista? Não parece. A economia anda bem e a Europa talvez jamais tenha vivido um período similar de paz.

A despeito disto, a natalidade na Itália é acachapante, algo que um Átila ameaçando Roma não causou. Algo que a Alemanha nazista, em meio à guerra, com seus filhos a tombar por todos os fronts, não viveu. Quem poderia imaginar que etnias tão abastadas brigariam com o futuro? Mas se as mulheres não são inférteis, se a sexualidade jamais foi tão livre e se os homens parecem saudáveis, como explicar que a Europa viva uma ameaça de que nem a peste negra, nem a gripe espanhola, nem as guerras napoleônicas, nem a peste bubônica foram capazes?

Em minhas andanças convivi com alguns casais de países chamados desenvolvidos e não raras vezes percebi que alguns deles nunca teriam mais que um filho, dois no máximo. Cheguei a escutar que a felicidade é não ter filhos. Como manifestação isolada, só me resta respeitar. Ninguém é obrigado a casar e os sacerdotes aí estão como exemplo milenar. Tampouco os que casam têm a obrigação de gerar descendentes. Grandes homens, como Albert Schweitzer, benemérito insuperável em terras africanas, tiveram um só filho. Outros tantos, nenhum. O que intriga é o comportamento coletivo que conduz à decadência demográfica.

Sempre desconfiei que os fenômenos sociológicos que observamos em algumas sociedades materialmente muito desenvolvidas tivessem a digital do egoísmo e a contribuição de um certo agnosticismo, quando não de um ateísmo não militante ou sequer admitido. Dias atrás tropecei no livro “The new Vichy Syndrome: Why european intelectuals surrender to barbarism”, do psiquiatra inglês Anthony Daniels. Em três de seus capítulos o autor dá o recado que traduz muito do que desejaria expressar sobre a vida sem transcendência, a transcendência neopagã e a transcendência das pequenas causas, como a luta pelos direitos dos animais e o feminismo.

Daniels registra também que a essência da vida sem transcendência é a busca do máximo desfrute. Os apetites ficam no comando e o sujeito passa a viver sob a ditadura de satisfazê-los. No passado chamava-se isto de hedonismo. Hoje utiliza-se algumas expressões como “dei um presente para mim mesmo”, “eu mereço”, “quero qualidade de vida” e o “temos que aproveitar”.

Acordar de madrugada para conferir se um filho dorme bem, confortá-lo para que vença seus medos, velar sua febre, dividir com ele seus recursos, doar seu tempo e consolar-se com as limitações inerentes que a prole impõe, são sacrifícios que muitos evitam. É uma escolha, mas pode trair em alguns casos mero egoísmo, como o endeusamento da carreira, do sucesso e das comodidades miúdas. Muito se critica os períodos da história considerados obscurantistas. Isto é matéria para boas discussões, amaciadas com vinho tinto, mas desde já voto na vida sem transcendência como uma das mais obscurantistas e tolas que alguém pode levar. 

J. B. Teixeira



A Vida, o maior dom!...

Recordamos um texto de `El libro de los abrazos` que ilustra bem este pensamento.

Diz o autor: “Um homem do povo de Neguá, na costa da Colômbia, conseguiu subir ao céu. No regresso contou que tinha contemplado, desde lá de cima, a vida humana. Disse que somos “como um mar de foguitos”. O mundo é isso – revelou – um montão de gente, um mar de foguitos…

Cada pessoa brilha com a sua luz própria entre todas as demais. Não há dois fogos iguais. Há fogos grandes, fogos pequenos e fogos de todas as cores. Há gente de fogo sereno, que nem se apercebe do vento, e gente de fogo louco que enche o ar de chispas.

Alguns fogos-fátuos não alumiam nem queimam; mas outros fazem arder a vida com tanta garra que não se pode olhá-los sem pestanejar e, quem se aproxima incendeia-se…

Cada pessoa brilha com a sua luz própria, é um fogo único, não há dois fogos iguais.

Fomos presos à vida sem pedi-la, nem merecê-la e nas nossas mãos está a possibilidade de viver, acalentando corações e iluminando caminhos… ou viver queimando esperanças e semeando a morte.

A vida é o dom mais maravilhoso, a base de todos os demais, dom que nos foi dado gratuitamente, como o mais sublime dos presentes. Somos pessoas únicas e irrepetíveis, com um corpo próprio, uns sentimentos, umas aspirações e uns sonhos que só são nossos. Desta realidade deriva a necessidade de uma educação que cultive em todos nós a capacidade de assombro, de agradecimento e de humildade…

Somos um mistério entre mistérios, num mundo de surpresas e de assombros. Cada pessoa é um cúmulo insondável de realidades e possibilidades. Ninguém deveria sentir-se desvalido e sem importância. Cada um de nós é um montão de maravilhas e todos temos como pessoas um valor incomensurável…

Todos, além de sermos infinitamente queridos por um Deus criador, misericordioso e bom, que nos chamou à vida por amor, presenteou-nos com a natureza e chamou-nos para sermos felizes. De tudo isto, resulta a necessidade de recuperar o assombro e o agradecimento.

Cultivar o assombro
Somos um mistério entre mistérios, num mundo de surpresas e de espantos. Tudo, desde a célula e o átomo que escapam à perceção do nosso olhar até ao oceano de estrelas mais numerosas que as areias dos mares, é um mistério inexplicável. A cultura light leva-nos a admirar bagatelas que o mercado cria para atafulhar o nosso coração, deixando-nos incapazes de contemplar assombrados o profundo mistério que se oculta em tudo: a pedra, a água, a vida…tudo é milagre à nossa volta, tudo nos fala de Deus.

Cada pessoa é um cúmulo insondável de realidades e possibilidades. Ninguém deveria sentir-se desvalido e sem importância… Somos todos um montão de maravilhas e todos temos como pessoas um imenso valor…

Cultivar o agradecimento
Do reconhecimento que somos maravilhosos, e dos inumeráveis prodígios que nos rodeiam e de que usufruímos gratuitamente, deve brotar um profundo agradecimento, cantando à vida: “graças à vida que me há dado tanto!”…

Cultivar a humildade
Assombro, agradecimento e humildade. Humildade do mendigo que reconhece que nada tem, que não se sente superior a ninguém, que é capaz de agradecer o que se lhe brinda…

Como orgulhar-nos do que não é nosso, do que nos foi dado?! Somos privilegiados, sem dúvida, todos aqueles aos que nos foi dado muito. Tornando-nos em consequência, devedores de todos os que não receberam tanto… Assim, cabe-nos retribuir, como devedores cumpridores e agradecidos!...

Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário



Das hostes do nada

Pode virar moda as pessoas se identificarem nas redes sociais como cristãos por batismo. Como a dizer: meus caros, fui forçado na infância por meus pais e padrinhos. Como se houvesse padecido de uma violência que ora denuncia. Subliminar a esta espécie de reclame pessoal, entretanto, creio existir pela negação uma segunda afirmação: não sou lá muito cristão e de fato nem sei mais o que sou. Esta faceta da realidade em países como Brasil, Portugal, Espanha e Itália seria inimaginável meio século atrás, quando todo e qualquer nascituro seria por certo mais um cristão que acabara de chegar ao mundo. E a pia batismal o esperava, para júbilo de todos.

Observa-se que de uns tempos para cá as classes mais privilegiadas pela sorte têm caído na armadilha de atribuírem à fé cristã o irracionalismo. Ou seja, a crença nas coisas cristãs seria adequada apenas para analfabetos e ignorantes. Ou para pobretões. Uma coisa ultrapassada, incompatível com a vida de quem pensa, de quem lança mão da modernidade, de quem não acredita em conversa mole, de quem não se deixa enganar pelo papo furado de um  religioso. Curiosamente estas pessoas - em número visivelmente crescente e com duvidosa caridade,- indagam sobre o futuro da Igreja. Como se estivessem de fato preocupados com seu destino, quando mais não foram que detratores pertinazes ao longo de suas existências.

Em pleno mês de fevereiro tive que enfrentar a grama alta de nosso pátio, do qual nos havíamos ausentado por dois meses. Enquanto tosava o topete daquele mato pisei em um formigueiro, cujos soldados me aplicaram várias picadas. Comecei a cortar a grama a meia distância, com os braços quase estendidos, afinal uma picada não é nada mas as muitas que levei já começavam a incomodar. Quando me aproximei do muro lateral percebi que havia uma cachopa de marimbondos. Fechada, não denunciava a presença dos temíveis insetos. Desci o pé e arriei a construção. Como se fossem uma esquadrilha de defesa algumas dezenas se puseram a voar. Saí de perto, satisfeito pelo resultado. Ora bolas, aquilo não era lugar para marimbondos.

Minha avó paterna morava num sobrado velho, de madeira, na rua Assis Brasil, em cujos beirais os marimbondos construíam habitações populosas. Meu tio e padrinho de quando em vez tocava fogo naquela turma, com a ajuda de uma taquara e de um chumaço embebido em querosene. Que perigo! Quando a cachopa enfim vinha ao chão, após a perigosa operação, minha pobre vó devia respirar aliviada e quem sabe agradecia a Deus diante das imagens que mantinha em seu quarto em dois oratórios de madeira. Enquanto cortava a grama e amargava o veneno das formigas nos dedos dos pés algo me picou prá valer no calcanhar. Um marimbondo perdido e irado me confundiu com algum Aquiles. Doeu, mas pelo menos esqueci as picadas das formigas.

Assim tenho visto os ataques ao cristianismo. Das formigas e de vez em quando de insetos maiores, como os marimbondos, como a mensagem que recebi de um conhecido. Voltou à cantilena de que o mundo esclarecido já se afastou há tempo do cristianismo, como deu-se na desenvolvida Europa. Respondi que o cristianismo padece como um todo num mundo secularizado, indiferente, ávido por poder e glória. Um mundo esquecido de que somos pequenas criaturas. E que o abismo do apocalipse pessoal se aproxima, portemos nós celulares ou tablets ou nada disto, tenhamos nós um burro ou um Audi. A tecnologia não muda nosso drama final, tomemos cachaça ou champanhe francês. E esta realidade não se alterará jamais, esteja o homem num casebre ou contando partículas subatômicas ou muito dinheiro.

E a quantidade de cristãos no mundo? Respondi que supostamente tem diminuído, mas que não há porque cair em desânimo. Os cristãos são o sal da terra e como sabemos pequenas pitadas de sal dão sabor a grandes panelas. O homem moderno, o europeu agnóstico ou ateu - este homem embevecido que deixou Deus para trás,- é como uma criança que imagina fugir de casa vestindo pijama, com um urso de pelúcia à mão. Não devemos nos preocupar com o cristianismo, que estará de pé no fim dos tempos. Devemos nos preocupar com a horda humana que caminha a esmo. Que bebe dos melhores licores e mesmo assim não sacia sua sede.

O cristianismo sempre terá os homens de que necessita, em todo tempo e lugar. Como teve em plena decadência São Francisco de Assis. Ou Teresa de Calcutá, recentemente, a Madre canonizada. E terá outros santos na hora e lugar mais justos. Formigas e marimbondos perguntam o que será da Igreja. Eu me pergunto o que será deles.

J. B. Teixeira



Era un evangelizador protestante: hablando con no creyentes y estudiando la Biblia se hizo católico

Don Johnson es un experto en apologética y evangelización, y católico desde 2015

Hasta 2015 Don Johnson era un evangelizador protestante, pero sus intensos estudios le llevaron al catolicismo
31 mayo 2017


Don Johnson, norteamericano, se volcó en su formación como evangelizador protestante, pensando sobre todo en hablar de Dios y de Cristo a las personas alejadas de la fe, los escépticos que desconfían (o a veces simplemente desconocen) de la Biblia y el mensaje cristiano. 


Estudió muy en serio y sacó un título en Teología, Misiones y Estudios Interculturales del San Jose Christian College, y otro de Apologética Cristiana en Biola University. Todo eso le ayudaría para su libro "Como hablar a un escéptico: una guía fácil para conversaciones naturales y apologética eficaz" (aquí en Amazon en inglés). 

Sin embargo, a medida que profundizaba en el diálogo con escépticos, notaba dos puntos débiles que le hacían pensar. 

Por un lado, algunos escépticos le decían: "Tu forma de presentar a Dios y la salvación no me parece mal, pero en la calle de enfrente hay otros clérigos que, con la misma Biblia, dicen cosas muy distintas. ¿Por qué quedarme con tu interpretación personal?"

Otros escépticos, en una cantidad considerable, comentaban otra cosa que les indignaba sobre la salvación. ¿De verdad basta cumplir un mero trámite, como decir 'reconozco a Jesús como mi Señor y Salvador' para ir al Cielo, en caso de que exista? ¿Es que a Dios no le interesa mejorar a la persona, no le interesan sus actos buenos o malos, solo quiere que se cumpla un ritual? Eso es lo que planteaban.

Fue hablando con los escépticos como Don Johnson profundizó en las cosas de la fe, sus creencias básicas... y así acabó estudiando a los cristianos antiguos, a los Reformadores protestantes del siglo XVI y, después, las respuestas de la Iglesia Católica. 


"Mamá, ¿qué he de hacer para salvarme?"
En realidad, todo empezó cuando tenía unos 6 o 7 años, explica en su testimonio en CHNetwork.org. Algo le llamó la atención en la iglesia un domingo y en casa llamó a su madre. "Mamá, ven a mi habitación. ¿Cómo he de hacer para salvarme?" La mamá rezó con él una oración de arrepentimiento y de confianza.

Decir "Señor Jesús, confío en ti, perdóname por mis pecados, llévame a la vida eterna" es un momento importante, incluso transformador, en la vida de un cristiano, pequeño o mayor. "Al terminar sentí un gran gozo y alivio. Sabía que iba a ir al Cielo porque Jesús había muerto por mí". 

La salvación ¿es un seguro anti-incendio?
Pero en el resto de su vida infantil y en su adolescencia su vida de oración, o de virtud, fue entre mediocre y mala. ¿Para qué mejorar, para qué rezar, si en cualquier caso ya tenía la "póliza de seguros" para ir al Cielo

De hecho, "salvarse", para él, era haber cumplido estos requisitos que decía el pastor ("arrepiéntete, ten fe, entrega tu vida a Cristo..."), que eran como unas oraciones para recitar. "Era como un seguro anti-incendios, te protegía del fuego del infierno". Por otro lado, era también una forma de ser "adoptado" por Dios, "una especie de nuevo guardián legal pero que no vive contigo, como un huérfano que sigue en el orfanato aunque le han dado un nuevo apellido y sabe que le espera una herencia".

Repasando la Biblia, la salvación es ¡un proceso!
Pero ya como adulto joven se despertó en él más interés por la fe, por compartirla, y por leer la Biblia. Estudió intensamente la relación entre el Antiguo Testamento y el Nuevo. Y empezó a ver la salvación de otra manera. Dios, al redimir, no solo perdona a la persona: también transforma a la persona, la hace nueva, la santifica... Y eso es un proceso: con la Gracia de Dios, el cristiano va siendo transformado para ser más parecido a Cristo.


La salvación era, por lo tanto, un proceso, un viaje a recorrer, una batalla que combatir. "Entender eso llevó mi relación con Dios a una mayor profundidad", explica. 

Ahora, cuando lo explicaba así a las personas alejadas de la fe, que Dios no solo perdona, sino que transforma con la Gracia, que acompaña en la vida, en un proceso de santificación, muchos lo veían mejor. Eso incluía apostar por un cambio de vida, por mejorar como persona con la ayuda de Dios. Atraía a bastantes personas. 

"Esto va contra nuestra declaración escrita"
Pero cuando predicó esto en cierta congregación protestante, un feligrés le dijo: "Eso que enseñas va contra nuestra declaración escrita de creencias". Efectivamente, es común que cada pequeña comunidad protestante tenga escrita su propia "declaración de creencias", aunque muchos feligreses no la conozcan con detalle. En este caso, la declaración decía que "la salvación es una transacción legal que se hace solo una vez y que debía entenderse como algo separado a cualquier llamado a una vida santa"

Don Johnson decidió estudiar más el tema de la doctrina de la justificación. ¿Qué significaba salvarse? ¿Cómo nos salva Cristo mediante su entrega en la Cruz y su Gracia? 

En el siglo XVI, los Reformadores protestantes parecían proponer lo que hoy los protestantes llaman "justificación forense": Dios declara 'legalmente' justo (ante la Ley de Dios) a la persona, aunque no haya cambiado por dentro su corazón, deseos, afectos... Pero eso, que de niño servía a Don de "póliza contra el fuego", ahora, con la Biblia en la mano, no le parecía expresar bien lo que Dios hace con el pecador arrepentido. 

Tampoco los cristianos antiguos, los Padres de la Iglesia, habían creído en eso: ellos siempre hablaban de un proceso transformador, de que la salvación consistía en ser transformados para parecernos más y a más a Cristo, ser "otros Cristos"...  

La llamada "justificación forense" parecía ser una novedad del siglo XVI planteada por los Reformadores. 

"Sola Scriptura": un añadido protestante del siglo XVI
Y estudiando la Reforma, Don comprendió que la idea protestante de "sola Scriptura" (que la Biblia es la única guía para la vida de fe del hombre) tampoco era algo que creyeran los cristianos antiguos. Era una doctrina novedosa aparecida en el siglo XVI. Y lo cierto es que invocando el "sola Scriptura" unos protestantes defienden unas doctrinas y otros las contrarias. 

"Jesús no hizo caer del cielo un libro y dijo 'haced lo que podáis para encontrar vuestra opción según vuestra interpretación'. Él designó Apóstoles y les dio Su autoridad para liderar en Su nombre. Ahora tenía una respuesta para dar a los escépticos: yo no les daría mi mera opinión personal, sino las enseñanzas de la Iglesia que Cristo fundó".


Don Johnson entendió que la postura de la Iglesia Católica era la que mejor encajaba con la Biblia y los hechos históricos. Estudió y leyó a Scott Hahn, Jeff Cavins, Juan Pablo II, Benedicto XVI, Jean Danielou y Louis Bouyer. Se apuntó a estudiar teología a la Universidad Franciscana de Steubenville. "Una tras otra, todas mis objeciones eran respondidas". 

Los sacramentos, ¿no son demasiado físicos?
Pero le costaba entender los sacramentos, tan físicos... él venía de una tradición nada litúrgica ni sacramental. ¿De verdad era tan importante usar la materia -agua, pan, vino, esposos- para que Dios transmitiese gracia?

Por un lado, llegó a la conclusión de que los judíos de la época de Jesús no eran gnósticos: veían el mundo sacramentalmente. Cuando Jesús dijo "esta es mi carne, esta es mi sangre", lo entendieron sacramentalmente, no como un mero símbolo. Por otra parte él, que hablando con escépticos les decía "hay otro mundo más allá de los sentidos, te pierdes cosas buenas que son reales"... ¿no estaba siendo injustamente escéptico con el catolicismo y sus sacramentos? 

"También me dí cuenta de que ansiaba la Eucaristía y la intimidad con Cristo que me prometía. Esa fue la pieza final del puzzle y fui recibido en la Iglsia católica en la Vigilia Pascual de 2015".

Hoy sigue anunciando esta salvación transformadora desde su ministerio evangelizador: donjohnsonministries.org 


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Francesco Totti: se va una leyenda del fútbol, un soldado del Papa y un hombre «agradecido a Dios»

Se retira tras jugar 25 temporadas en el mismo equipo: «El Papa es mi gran capitán»

El mundo del fútbol despidió este pasado domingo a Francesco Totti, que no pudo contener las lágrimas de emoción
31 mayo 2017


Francesco Totti es una leyenda del fútbol. Este domingo se retiraba el que ha sido un ejemplo para millones de aficionados y para el resto de futbolistas profesionales. A los 40 años y acompañado de su esposa y de sus tres hijos se despedía entre lágrimas de la afición de la Roma, el club de su vida donde ha competido durante 25 temporadas como profesional y cuya camiseta solo la ha cambiado para jugar con la selección italiana.

Totti es algo más que una estrella del fútbol que ha ganado un Mundial, una Liga, dos Copas de Italia, dos Supercopa o una Bota de Oro. Es un símbolo, uno de los últimos que ha resistido al llamado “fútbol moderno”. Sencillo y amante de su ciudad decidió jugar en el equipo que le vio crecer a pesar de las numerosas ofertas que tuvo para salir, especialmente una del Real Madrid. Perdió millones pero nunca se ha arrepentido.

Un ejemplo de sencillez en el fútbol de élite
Y por ello es un ídolo que pese a la fama no quiere ser más que nadie. Es el romano que siempre fue. “La única cosa que me pido a mí mismo, a Totti, es seguir siendo siempre, en el alma, el Francesco que he sido toda la vida”, decía en una entrevista el atacante italiano.


Pero además de encarnar los valores del fútbol más puro, Francesco Totti se ha caracterizado siempre por su declarada fe católica, creencias que nunca ocultó y de las que no tenía problemas en hablar de forma sencilla, tal y como hace con todas las cosas.

Agradecido a Dios
Además, como buen católico y romano, siempre ha defendido al Papa y se ha mostrado orgullosos de ellos, tanto de san Juan Pablo II, al que conoció de niño, como de Benedicto XVI y Francisco.


Este futbolista, que en su carrera ha disputado 786 partidos oficiales y ha marcado 307 goles, confesaba en el programa A sua Imagine que “cada vez que meto un gol, beso el anillo de matrimonio y agradezco al Señor por haberme regalado una vida plena de satisfacciones. No sólo en el campo de fútbol sino sobre todo en la vida cotidiana con Ilary y nuestros hijos”.

Totti se casó en 2005 con su mujer en la basílica romana de Santa María in Aracoeli y la ceremonia fue retransmitida en directo por televisión y seguida por más de un millón de espectadores.

Devoto de la Virgen del Divino Amor
Devoto de la Virgen del Divino Amor, muy querida por todos los romanos, confesaba tener una “relación profunda” con la fe desde las cosas más sencillas a las más profundas. “Siempre he dado una gran importancia a ciertos gestos, desde el signo de la cruz a la oración”, aseguraba el ya exfutbolista de la Roma.


En su opinión, “el hombre no ha nacido por casualidad y la fe le indica el camino. Luego yo he tenido mucha suerte y por eso, además de creer, agradezco a Dios. Además buscaré siempre compartir con el prójimo parte de los bueno que me ha sido dado”.

Y así lo ha hecho. Totti ha liderado numerosas obras benéficas. En Italia ha sido blanco de miles de chistes que le retratan como una persona simple. Sin embargo, lejos de ofenderse por ello, recopiló todas estas bromas y editó un libro cuyos beneficios fueron destinados a ayudar a niños pobres.

¿Qué es la fe para Totti?
Para él, “la fe es creer a corazón abierto y sin condiciones; es también por eso que las palabras fe (fede) y confianza (fiducia) son tan similares”. Esta concepción de la fe en Dios también la aplicó en su amor a los colores del único equipo en el que jugó.

Su familia, el otro gran pilar en el que se apoya, le ha permitido ver a Dios también. Así afirma ver su mano en el nacimiento de sus hijos: “Creo que fueron los momentos más bellos de toda mi existencia que me han hecho feliz y realizado. Es un discurso de amor. El amor por nuestros seres queridos, y sobre todo por los hijos, pienso que es similar a lo que Dios hace para cada uno de nosotros, porque la fe y el amor van de la mano”.

Totti nunca olvidará el día que siendo niño conoció a san Juan Pablo II

El encuentro con Juan Pablo II que le marcó de niño
Precisamente, recibió la fe siendo niño. “La fe ha sido siempre muy importante en mi vida, primero gracias a mi madre Fiorella, católica devota, y luego gracias a acontecimientos clave. Nunca he olvidado la caricia en la cabeza que me dio siendo niño Juan Pablo II cuando nos visitó en Primaria, recuerdo que me causó una gran impresión la fuerza que emanaba”.

Recordando al Papa polaco días antes de que fuera beatificado, Totti recordaba ese primer encuentro: “Tenía ocho o nueve años y estaba acompañado de mi madre. El Papa estaba pasando cuando de repente se detuvo y puso su mano en mi frente. Fue un gran emoción para mí y sobre todo me llamaron la atención sus ojos y su energía que emanaban un aura de tranquilidad y paz”. Después ya como una estrella del fútbol tuvo la ocasión de verle en más ocasiones.

Esta fe de niño la siguió alimentando haciendo de monaguillo en la parroquia en la via Latina a la que acudía con su familia, en la catequesis con el padre Aldo y luego con los consejos espirituales de don Fernando. Así hasta acudir cada sábado a misa a la capilla que la Roma tenía en sus instalaciones deportivas.


El Papa, "mi gran capitán"
Totti, el gran capitán de la Roma, considera que hay un capitán aún mayor en Roma. Para él, el Papa, ya fuera Juan Pablo II, Benedicto XVI o Francisco, es “el gran capitán del equipo”.  Y por ello, se mostró públicamente muy “triste” tras conocer la renuncia de Benedicto XVI, al que tenía mucho cariño y que le regaló un Rosario que conserva y utiliza.

“El Papa es el hombre que Dios nos envía para que le represente en la tierra”, decía Totti antes de la elección de Francisco, que se mostró extremadamente “feliz” después de que el Papa argentino convocase el Jubileo de la Misericordia. “Cada día nos da humildad, sencillez y serenidad por encima de todo. Una vez  más nos ha sorprendido con el anuncio del Año Santo Extraordinario”.

"Mantener el gusto por las cosas pequeñas y sencillas"
Ahora que se retira del fútbol solo espera poder haber hecho el bien a otras personas. “El fútbol es una distracción tanto para el que lo practica como para los espectadores, por lo que es bueno para deshacerse del estrés y de los pensamientos negativos. Entonces es una forma de cultura porque enseña cómo convivir con los demás, para hacerse frente a uno mismo, para comprender la importancia de las reglas. Entre los muchos valores que creo que se deben enseñar el primero y más importante es el respeto a los demás. Y cuando respetamos al otro demostramos que somos un pueblo civilizado”.

Y como recordatorio final para todos, el gran capitán de la Roma pide “mantener el gusto por las cosas pequeñas y sencillas”. Ahí encontró él la felicidad pese a tener al alcance otras más grandes que, sin duda, no le habrían realizado tanto.


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