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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Ensino doméstico - Quando o mundo é a escola


Uma das questões, que mais dúvidas suscita, é como se processa a socialização das crianças e jovens das famílias que optam pelo ensino doméstico (ED) ou homeschooling. 

De alguma forma, na nossa sociedade, crê-se que a socialização é um processo que só ocorre numa escola. Creio ser muito redutor, que a socialização e a aprendizagem de uma criança se faça exclusivamente nesse meio em que a sua socialização está assente com o convívio de crianças da mesma faixa etária, e provavelmente apenas da mesma turma.

A criança aprende com os seus pares, mas também convivendo com pessoas de todas as faixas etárias, etnias, religiões, etc. O mundo enquanto palco de multiculturalidade é muito mais alargado e vasto que a escola ao fundo da nossa rua. 

Mas para que isso seja uma realidade as famílias que optam pelo ED têm um desafio interessante nas suas mãos. Os pais que optam por esta modalidade de ensino, não têm barreiras físicas que impeçam que as crianças aprendam nas várias tarefas e cenários do quotidiano, mas para isso acontecer é necessário trabalho e organização.

É importante que haja crianças disponíveis para que os filhos convivam durante os dias da semana. Seja nas várias atividades do dia a dia, nas atividades extra-curriculares mas também em cenários de brincadeira livre por períodos alargados. Isso é exigente, e requer um dos maiores esforços dos pais. No entanto, essa exigência é muito positiva porque a família terá de sair dela própria e encontrar outras famílias para partilhar o seu crescimento.

Uma das principais motivações neste processo, é assim, encontrar outras famílias em regime de ED para partilharmos e crescermos durante o percurso - combinar tempos de brincadeira livre, passeios, visitas de estudo. 

Foi com esta atenção que o projeto PONTES (rede de famílias que desenvolvem e promovem encontros e atividades de educação integral: cultural e cristã) se iniciou. 

Hoje contamos com um ano e meio de clubes gratuitos e com regularidade semanal promovidos pelo PONTES. Nos clubes, os pais partilham talentos, convivem, trocam experiências, discutem temas de interesse. Os clubes são abertos a todos os que queiram participar construtivamente neste projeto independentemente das suas opções educativas e religiosas.

A amizade, partilha e conhecimento que se construiu ao longo deste tempo, dá-nos a convicção que é um bom caminho. Um caminho partilhado é sempre mais frutífero. 
Com interesse:


Helena Atalaia



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