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segunda-feira, 12 de junho de 2023

“Só a fraternidade cria humanidade” – dizem 30 Prémios Nobel reunidos no Vaticano

Iniciativa da Fundação Fratelli Tutti

 | 10 Jun 2023

Selfie na conta de Twitter de Maria Ressa, com alguns dos Nobel presentes no Vaticano. https://twitter.com/mariaressa/status/1667424193045213184

Selfie da filipina Maria Ressa publicada na sua conta de Twitter, com alguns dos prémios Nobel presentes no Vaticano. 

 

Um grito de “não mais à guerra!”, a certeza de que “só a fraternidade cria humanidade” e o reconhecimento de que “fazer crescer a semente da fraternidade espiritual começa por nós” e que “cabe à nossa liberdade querer a fraternidade e construí-la juntos” são as afirmações principais da Declaração da Fraternidade assinada por 30 prémios Nobel reunidos no Vaticano durante o I Encontro Mundial da Fraternidade Humana — “NotAlone”, que decorreu neste sábado, 10 de junho.

A declaração pode ser lida na íntegra na agência Vatican News e nela são retomadas várias das propostas centrais da encíclica Fratelli Tutti (FT) do Papa Francisco, bem como um forte apelo à paz: “É a paz, a justiça e a igualdade que devem guiar o destino de toda a humanidade. Não ao medo, não à violência sexual e doméstica! Cessem os conflitos armados. Digamos basta às armas nucleares e às minas terrestres. Basta de migrações forçadas, limpeza étnica, ditaduras, corrupção e escravidão”.

Coube aos Prémios Nobel da Paz Muhammad Yunus e Nadia Murad lerem, em nome das três dezenas de laureados, a Declaração da Fraternidade aos jovens reunidos na Praça de São Pedro durante a tarde de sábado [ver 7MARGENS].

Segundo o semanário católico Alfa y Ómega, Nadia Murad (que foi prémio Nobel da Paz em 2018) sublinhou o combate à violência sexual, a escravidão ou a limpeza étnica — “três infortúnios” que esta yazidi ameaçada pelo Estado Islâmico sofreu na própria pele — apontando a necessidade de “os países promoverem forças conjuntas para criar sociedades de paz como, por exemplo, a instituição de um Ministério para a paz”.

O texto lido junta sempre o apelo aos países, povos e seus dirigentes com o compromisso dos signatários e de todo os que quiserem aderir à declaração. Neste capítulo sublinha que “a compaixão, a partilha, a generosidade, a sobriedade e a responsabilidade são para nós as escolhas que alimentam a fraternidade pessoal, a fraternidade do coração” e ”juntos, escolhemos viver as nossas relações baseadas na fraternidade, alimentadas pelo diálogo e pelo perdão, que “não implica esquecimento” (FT, n. 250), mas o renunciar “a deixar-se dominar pela mesma força destruidora  (FT, n. 251) da qual todos sofremos as consequências”.

Inspirando-se na ecologia integral desenhada por Francisco na Laudato Si’, a declaração afirma também o compromisso com o planeta: “Juntos, queremos construir uma fraternidade ambiental, fazer as pazes com a natureza, reconhecendo que ‘tudo está em relação’: o destino do mundo, o cuidado da criação, a harmonia da natureza e estilos de vida sustentáveis.” E termina com uma certeza: “Só a fraternidade cria humanidade”.

A intervenção cirúrgica, a que o Papa foi submetido durante a semana, provocou alterações neste encontro, com o cardeal Pietro Parolin a substituir Francisco no encontro, que decorreu no Palácio da Cancelleria, fora dos muros do Vaticano. Entre os laureados presentes estiveram Denis Mukwege, Maria Ressa, Óscar Arias, Nadia Murad, Juan Manuel Santos, Jody Williams, Leymah Gbowee, Muhammad Yunus, Shirin Ebadi, Olekssandra Matviichik e Tawakkol Karman.

Foto publicada na conta de Twitter de Maria Ressa, com alguns dos Nobel presentes no Vaticano. https://twitter.com/mariaressa/status/1667424193045213184

Foto publicada na conta de Twitter de Maria Ressa, com alguns dos Nobel presentes no Vaticano.



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