O último ataque contra cristãos no Mali, dias 9 e 10 de Junho, que matou mais de uma centena de pessoas no centro do país, é um “exemplo trágico da violência que está a espalhar-se por muitas regiões da África” e que combina “uma receita” que junta “grupos étnicos, tribais e religiosos da região do Sahel em África, e que foi instigada pela inserção do islão radical nos últimos tempos”.
A afirmação é do responsável de comunicação internacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS),Edward Clancy. Citado na página digital da instituição, o responsável diz que os países daquela região africana podem vir a tornar-se “lugares muito perigosos para os fiéis cristãos, assim como para os muçulmanos que não estão alinhados com a filosofia radical”.
O ataque ocorreu na aldeia deSobame Ba e terá sido aparentemente perpetrado por grupos jihadistas extremistas. O medo entre as populações leva os habitantes locais a deixarem as suas povoações depois de, em Março, cerca de 160 pastores fulanis terem sido mortos, num ataque também no centro do país, que motivou até a demissão do primeiro-ministro Soumeylou Maïga.
“Os atacantes tiveram tempo para massacrar, queimar e destruir tudo”, relatou um morador local à Deutsche Welle, citado pela página da AIS.
No Mali, a grande maioria da população é muçulmana, havendo apenas dois por cento de cristãos. A crescente influência jihadista no país tem degradado o equilíbrio existente na convivência entre as comunidades muçulmanas e católicas. A perseguição aos cristãos materializa-se em raptos, como o de Fevereiro de 2017, de uma irmã franciscana colombiana, numa zona rural situada a cerca de 400 quilómetros da capital do país, Bamaco.
O último relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela AIS em 2018 e que avalia o panorama entre Junho de 2016 e Junho de 2018, refere que a situação de segurança no Mali “permaneceu muito instável” durante aquele período. “Vários grupos terroristas islâmicos, como por exemplo o autoproclamado Estado Islâmico ou a Al-Qaeda no Magrebe fizeram valer a sua influência neste país”, descreve o documento.
A ameaça terrorista naquela zona africana levou a que os cinco países da região do Sahel(Mali, Burkina Faso, Mauritânia, Níger e Chade) criassem uma força militar anti-terrorista conjunta da África Ocidental. Esta força militar está no terreno no Mali, em conjunto com uma presença considerável de tropas francesas e capacetes azuis da ONU.
Este esforço militar, no entanto, não se tem revelado suficiente para deter as acções terroristas. O relatório da AIS evidencia as centenas de perdas humanas de militares malianos no norte e centro do país. E destaca sobretudo o facto de “para os capacetes azuis da ONU, nenhum teatro de operações no mundo é mais perigoso do que o do Mali: 21 membros armados da missão de paz da ONU e sete funcionários civis da ONU morreram em 2017”.
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