Ensino Doméstico (ED) ou homeschooling é uma prática de ensino leccionado no domicílio do aluno, por um familiar ou por pessoa que com ele habite, e que se torna responsável pela acção educativa.
Esta modalidade de educação domiciliar, onde a instrução é dada em família e não nas escolas, tornou-se um fenómeno social com mais de dois milhões de estudantes e com uma taxa de crescimento anual entre os 7 e os 15%. Nasceu nos Estados Unidos, na década de sessenta, está legalizada e é muito comum em países como Estados Unidos, Áustria, Bélgica, Canadá, Austrália, França, Noruega, Portugal, Rússia, Itália e Nova Zelândia, o que significa que sendo a escolaridade obrigatória, as crianças não têm forçosamente que frequentar uma escola pública ou privada.
O ED desenrola-se tendo por base as metas curriculares estabelecidas pelos respectivos Ministérios da Educação mas adaptadas ao indivíduo e, ao que lhe é significativo, por acreditar que toda a pessoa é única e irrepetível nas suas 5 dimensões: física, social, emocional, racional e transcendente. Desenvolve-se e transmite-se em família, inserida na comunidade educativa, respeitando os valores educacionais integrais: morais e cristãos, as características e os talentos individuais de cada membro e a participação plena e harmoniosa na sociedade.
Pode parecer que o homeschooling exige menos dos estudantes e prejudique o desenvolvimento intelectual dos mesmos, mas isso não acontece. Em alguns países onde a prática está regulamentada, é exigida uma avaliação anual dos alunos educados em casa, na qual eles precisam de provar que estão a par dos conteúdos correspondentes ao seu ano escolar. O teste avalia ainda a capacidades dos estudantes de responder a perguntas, fazer deduções com base nas suas observações, de raciocinar logicamente, usar computadores, avaliar riscos, optimizar recursos e produzir um trabalho final.
É um projecto educacional abrangente, criativo e ambicioso que deve ser vivido e apoiado em comunidade educativa para melhor desenvolvermos toda a potencialidade de cada um dos envolvidos.
Não frequentando a escola diariamente pode parecer que as oportunidades de socialização ficam bastante reduzidas, mas os pais com crianças em ensino doméstico procuram inscrevê-los em actividades extra (desporto, música, informática, línguas, escutismo, etc.), não só para poderem aprender outros conteúdos, mas sobretudo para terem oportunidade de estarem com outras crianças da sua idade, relacionando-se com elas, partilhando experiências e adquirindo competências sociais.
Também as famílias que praticam o ensino doméstico estão conectadas umas com as outras através das redes sociais (fóruns, blogues, sites e grupos do Facebook), boletins, reuniões, excursões com quem partilham dúvidas, dificuldades e actividades.
Sendo as famílias livres de escolher esta modalidade de ensino, basta para isso, assinalar na matrícula a sua preferência e apresentar as habilitações académicas do responsável pelo percurso de aprendizagem da criança.
Para se frequentar ensino doméstico, e contrariamente ao que muitas pessoas possam imaginar, é necessário ritmo, disciplina e auto-regulação. É importante não esquecer que, apesar de toda a liberdade inerente, há exames obrigatórios para realizar no final de cada ciclo, pelo que a criança poderá não estar convenientemente preparada se não houver alguma regulação do processo de aprendizagem.
Caso pondere a opção de ensino doméstico, sugiro que pesquise, que leia, que se informe e que envolva a sua família numa decisão que é tão importante. Deve ter em conta os prós e os contras, uma vez que apesar de existirem casos de sucesso, também haverá casos onde o ensino doméstico não funcionou. Não se esqueça que cada caso é um caso, cada família é uma família, e que nem tudo o que serve a uns serve para todos. https://ensinodomesticocatolico.wordpress.com ou https://maeducadora.wordpress.com
No entanto, não há dúvida que número dos adeptos do ensino doméstico se acentuou imenso nas últimas décadas, após a publicação de várias obras sobre pedagogia centradas nos aspectos negativos do ensino publico, da agressividade na dinâmica social do ambiente escolar, receio de possíveis perigos, como drogas, bullying, sexualidade precoce, conservação de valores morais, culturais, ideológicos e religiosos, flexibilidade de conteúdo curricular, experimentação de modelos educativos que se adaptem ao desenvolvimento particular do aluno, flexibilidade geográfica e de horários.
Maria Susana Mexia |
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