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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Cuidado! Querem baralhar-nos…


Nos últimos tempos, vá-se lá saber porquê (?), tem-se difundido cada vez mais a chamada ideologia do género ou gender. Porém, nem todas as pessoas disso se apercebem e muitos desconhecemos o seu alcance social e cultural, bem como os perigos que daqui podem advir, porque não se trata apenas de uma simples moda intelectual ou de um capricho de jovens, mas refere-se a um movimento cultural engendrado e com reflexos na estrutura da família, na esfera política e legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.

Sempre ouvi dizer que a pessoa humana é a totalidade unificada do corpo e da alma, existe necessariamente, como homem ou mulher. Por conseguinte, a dimensão sexuada, a masculinidade ou feminilidade, é constitutiva da própria pessoa, é o seu modo de ser e não um simples atributo. É a própria pessoa que se exprime através da sexualidade e a diferença sexual tem um significado no plano da criação: exprime uma abertura recíproca à alteridade e à diferença, as quais, na sua complementaridade, se tornam enriquecedoras e fecundas.

Virem agora “afirmar e defender” que o ser masculino ou feminino não passa de uma construção mental e artificial, que deve ser desconstruída e rejeitar tudo o que tenha a ver com os dados biológicos para se fixarem na dimensão cultural, entendida como mentalidade pessoal e social é coisa que, de todo, não consigo entender, nem me parece minimamente normal ou real, mas sim uma invenção ideológica com outros fins…

A ideologia do género recusa a complementaridade natural entre os sexos; dissocia a sexualidade da procriação; sobrepõe a filiação intencional à biológica; pretende desconstruir a matriz heterossexual da sociedade (a família assente na união entre um homem e uma mulher, deixa de ser o modelo de referência e passa a ser um entre vários).

No plano estritamente científico, obviamente, é ilusória a pretensão de prescindir dos dados biológicos na identificação das diferenças entre homens e mulheres. Estas diferenças partem da estrutura genética das células do corpo humano, pelo que nem sequer a intervenção cirúrgica nos órgãos sexuais externos permitiria uma verdadeira mudança de sexo.

A pessoa humana é um espírito encarnado numa unidade bio-psico-social. Não é só corpo, mas é também corpo. As dimensões corporal e espiritual devem harmonizar-se, sem oposição. Do mesmo modo, também as dimensões natural e cultural. A cultura vai para além da natureza, mas não se lhe deve opor, como se dela tivesse que se libertar.
  
Aparentando bons sentimentos e em nome de um alegado progresso, alegados direitos, e até num alegado humanismo a Ideologia de Género é uma moda muito negativa para a Humanidade, prejudica a realização pessoal e, a médio prazo, defrauda a sociedade. Não exprime a verdade da pessoa, mas distorce-a ideologicamente.

Importa aprofundar o alcance da ideologia do género, pois ela representa uma autêntica revolução antropológica. Reflete um subjetivismo relativista levado ao extremo, negando o significado da realidade objetiva. Nega a verdade como algo que não pode ser construído, mas nos é dado e por nós descoberto e recebido. Recusa a moral como uma ordem objetiva de que não podemos dispor. Rejeita o significado do corpo: a pessoa não seria uma unidade incindível, espiritual e corpórea, mas um espírito que tem um corpo a ela extrínseco, disponível e manipulável. Contradiz a natureza como dado a acolher e respeitar. Contraria uma certa forma de ecologia humana, chocante numa época em que tanto se exalta a necessidade de respeito pela harmonia pré-estabelecida subjacente ao equilíbrio ecológico ambiental.

Joana Cordeiro



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