Tarde me apercebi que as respostas estão dentro de nós. Depositamos esperança numa ou noutra solução, num futuro acontecimento que nos vai dar uma solução para as nossas questões interiores, as nossas expetativas, os nossos sonhos, mas depois vem a desilusão. Se não lutarmos afincadamente por aquilo que ambicionamos, ninguém o fará por nós. Pode existir uma ajuda pontual, uma opinião, uma orientação, mas a solução, essa, temos de a procurar no nosso interior, em diálogo com Deus. Ut videam. Veio-me ao pensamento uma frase que alguém uma vez disse. Se queremos que nos saia a lotaria, ao menos temos de a comprar. Esta é a realidade. As coisas que ambicionamos não caem do céu, temos de nos esforçar por as obter, ou seja nada se faz sem esforço. Depois, sabe-nos melhor o resultado obtido, através do nosso empenho e motivação. Podemos até não o alcançar, mas fica-nos a satisfação interior de que ao menos independentemente do resultado obtido, lutámos por isso, não estivemos parados no nosso cantinho, na nossa comodidade, à espera que as soluções viessem ao nosso encontro, ou em alternativa, caiam do céu. Apercebemo-nos então de que na realidade não passavam de meras ilusões, sem fundamento e base sólida, enquanto fuga para uma realidade que considerávamos menos agradável. Tudo tem o seu tempo. Mas também é sobejamente conhecida a frase de Wiston Churchill: “O pessimista vê dificuldades em cada oportunidade, o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”. Os conservadores de Churchill, apesar da vitória na Segunda Guerra Mundial em 1945, perderiam as eleições que se lhe seguiram a favor dos trabalhistas. Também é igualmente conhecida a sua frase: “O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo”.
Também me veio ao pensamento que só Deus nunca nos desilude porque está sempre connosco, a nosso lado, nos bons e maus momentos, ajudando-nos a recriar a esperança dentro de nós próprios e ao nosso redor.
Quando a juventude começa a faltar é nesses momentos que a sabedoria vence. Como alguém referiu: ”Cultura é tudo aquilo que nos resta depois de termos esquecido o que aprendemos”. Mas não é completamente verdade. Hoje em dia com a formação ao longo da vida, com as novas tecnologias, se nos esforçarmos por continuar a investir na aquisição de outros conhecimentos e competências, a cultura permanece. Temos de manter a nossa identidade. Os novos tempos exigem uma maior pró-atividade. Por uma questão de graça, comento uma pergunta da minha neta, com os seus seis anos, veio-me solicitar o meu apoio para resolver um problema no seu tablet questionando primeiro. “Vovó, és info-excluída”? Na realidade, às vezes também tenho algum grau de dificuldade com as novas tecnologias. Considero que as crianças possuem mais rapidez e apetência. Mas não quero mesmo que me considere info-excluída!
E temos um exemplo inquestionável, que nos enche de orgulho. O Papa Francisco, que constitui um verdadeiro exemplo de luta, em prol da paz, na defesa dos oprimidos, dos migrantes, dos mais desfavorecidos. Apela com frequência à solidariedade dos povos, ao fim dos diferentes conflitos existentes por esse mundo fora que causam tantas e tantas vítimas, também apela à preservação do meio ambiente. Intercede pelos que não têm voz. Nos diferentes dias alusivos aos “dias mundiais” que pretendem chamar a atenção para as necessidades reais da humanidade, as suas mensagens não deixam ninguém indiferente. Aos 81 anos possui uma energia invejável. Prova disso, são as suas diferentes viagens pelos vários países que careçam de algum apoio, ou, como em Portugal este ano em Fátima, onde celebrou o Centenário das Aparições da Virgem aos Pastorinhos e a canonização de Francisco e de Jacinta. A sua enorme força, humanidade e simplicidade só pode vir de um grande amor a Deus e ao próximo. Na sua viagem ao Peru, referiu ao visitar um lar para crianças em risco: “O vosso olhar e a vossa vida requerem um compromisso e esforços cada vez maiores para não ficarmos cegos e indiferentes perante tantas outras crianças que sofrem e passam necessidades. Não há dúvida que sois o tesouro mais precioso de que devemos cuidar”.
Chegado este momento, sinto a necessidade de exclamar: “Meu Deus, como às vezes, se torna longa e sinuosa a estrada da vida que temos de percorrer, cada um à sua maneira”! Mas continuo a referir Francisco ainda no Peru, dirigindo-se a membros do clero e de instituições religiosas, enquanto conselho, tendo dado enfase à capacidade de “rir-se de si mesmo”.
“Aprender a rir de si mesmo dá-nos a capacidade espiritual de estar diante do Senhor com os nossos próprios limites, erros e pecados, mas também com os próprios sucessos e com a alegria de saber que Ele está a nosso lado. Um bonito teste espiritual é interrogarmo-nos sobre a capacidade de rir de nós mesmos”. O Papa recomendou dois “comprimidos”. “Falar com Jesus, Nossa Senhora na oração para pedir a “graça da alegria”; e “olhar-se ao espelho”. “Este sou eu? Isso faz-te rir. Ah, ah, ah! E isso não é narcisismo, pelo contrário, aqui funciona como cura”. Sustentou ainda que o encontro com Jesus “muda a vida, estabelece um antes e um depois”… convidando os presentes a servir os outros com “amor entranhado, amor de misericórdia”.
Termino estas considerações voltando ao título: “As Respostas Encontram-se Dentro de Nós”.
Maria Helena Paes |
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