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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Ideia luminosa

Há anúncios e propagandas engraçados, mas a empresa edp teve uma ideia luminosa: oferece eletricidade gratuita (durante um mês, se me não engano) às famílias que “dão à luz” no primeiro dia de cada mês e a notícia vem acompanhada com as imagens de uma lâmpada acesa e de um recém nascido a sorrir, talvez aquecido pelo calor emanado da lâmpada. Além de luminosa e cheia de ternura, a ideia é oportuna: ajudar e incentivar as famílias a “dar à luz” no momento em que a natalidade no nosso país volta a baixar. 

Esta ideia luminosa, convida a pensar na esperança de iluminar a nossa inteligência, clarificando o caminho que se deseja seguir: não matar o futuro, não perder a esperança de continuar a construir Portugal. Encantam-nos as famílias numerosas que conhecemos, algumas com mais de dez filhos. Costumam ser pessoas habituadas a executar várias tarefas diferentes desde a infância. Recordo o caso de um pai de sete filhos que enviuvou bastante cedo. Acompanhou o mais velho ao liceu, onde lhe ensinou como se preenchiam os papéis, onde devia levar o dinheiro para evitar assaltos, quais os transportes que devia tomar, etc.. No ano seguinte, encarregou este filho de ensinar o mesmo ao irmão, e assim por diante. Todos eles aprendiam do pai, que sempre os orientava e ensinava durante as refeições, através do irmão imediatamente acima; todos eles ensinavam o irmão seguinte, todos eles sabiam executar as tarefas domésticas: pôr a mesa, mudar uma lâmpada, passar a ferro, pregar um botão, lavar a loiça, pintar paredes... Todos se fizeram bons amigos, bons  profissionais e constituíram famílias estáveis. Ajudavam-se uns aos outros, pois tinham profissões diferentes, o que representava uma mais- valia nos orçamentos familiares dos que estavam em começo de vida profissional. Eram o exemplo do que deve acontecer a nível nacional. “Tens uma cabeça, dois braços e duas pernas, se usares bem a cabeça, eles irão levar-te onde queres e serás feliz”, costumava dizer-lhes. E eles foram “a luz dos meus olhos, o orgulho da minha velhice”.

Os filhos vêm dar uma nova luz à humanidade. Têm o dom de suscitar sentimentos nobres e belos. O pai e a mãe “crescem” perante as dificuldades, “crescem” em coragem, em capacidade de trabalho, em resistência física, em nobreza de carácter... em capacidade de amar sem nada pedir em troca. Por amarem os filhos, é mais fácil os pais amarem-se entre si quando passou o entusiasmo da juventude porque estão habituados a viver o verdadeiro amor, essa luz que não se apaga com a idade.

Concluindo:

GOSTO  

Gosto de ouvir um canário
E o sussurro de uma fonte.
Gosto de ver em cenário
A lua detrás de um monte.
Gosto de molhar os pés
Na espuma branca das ondas,
Sentir que as nuvens no céu
Me cobrem de suas sombras.
Gosto das uvas maduras
E das rosas em botão,
Do cheiro duma criança,
De afagá-la com a mão.
Gosto muito que se gostem
Os que se devem gostar
E se gostam como gosta
Quem os fez assim amar.
Gosto do pai e da mãe
Que passam juntos a vida,
Trabalhando sem queixumes
Mas moídos de fadiga.
Gosto dos avós cansados
Olhando para os seus netos
Contam histórias da vida
Para que fiquem quietos.
Gosto da água fresquinha,
Da sopa quente e do pão,
De ver uns olhos sorrindo
Reflexos do coração.
Gosto de te dar um gosto
Gosto que gostes de mim
Mas o que me dá mais gosto
É o eu gostar de Ti.


Isabel Vasco Costa




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