Vivemos num mundo em que tudo ou quase tudo se encontra simplificado. Carregamos num botão e a roupa fica lavada. Carregamos noutro e é a loiça que fica lavada, ou a sopa que fica feita. Pessoalmente, aprecio muito tudo aquilo que me substitui o trabalho de braço e me deixa tempo livre para fazer outras coisa bem mais interessantes.
O pior é quando um botão ou a ausência dele nos priva desse mundo maravilhoso. Foi o que me aconteceu no domingo passado que devia ser de almoço com os meus netos e um botão alterou o projeto.
Acordei e estendi o braço para acender o candeeiro. Não houve luz. Bom! Falha de eletricidade! Fazer o circo do costume: ver os disjuntores, um por um, ver o geral, ver o quadro, ver a luz do prédio, sim havia luz nas escadas, falar com uma vizinha que também não tinha. Bom, ligar para a E. D. P. Começa então o cabo dos trabalhos. Fui procurar o número na Internet, mas não tinha ligação. Não havia eletricidade! Como as faturas são eletrónicas, também não tinha acesso a elas. Então, fui às pastas antigas ver se ainda havia alguma em papel onde estivesse o número. Encontrei uma carta abençoada, do tempo da pré-história, a comunicar- me que tinha uma fatura por pagar. Lá estava o número. Por força do hábito, liguei do telefone fixo, mas surdo e mudo. Pois! Não havia eletricidade. Mas, admirável mundo novo, o Tm salvou a situação. Então, lá chamei, só que era preciso um número qualquer, que não figurava na carta e, sem isso, o sistema não respondia. Bem, lamentei-me, queria ir almoçar com os netos, mas com o problema resolvido. Então, através doutros códigos, lá se conseguiu. Repeti o que já tinha feito, agora com a supervisão do técnico, levantar cada disjuntor devagarinho, um por um, e tudo em ordem. O problema não era meu, tinha de vir alguém a casa. Enquanto esperava, fui fazer o pequeno-almoço. Bem clicava no isqueiro para ligar o lume e nada. Claro, o isqueiro é elétrico. Aí foi fácil: os bons velhos fósforos resolveram a situação. A seguir, foi a vez da água quente. Só saía fria, porque a ligação também era elétrica. Então, enquanto esperava a vinda do técnico, sentei-me a ler, à luz do dia, um bom livro em papel. Sim, nem mesmo podia fazer a cama, porque também ela é elétrica. E pus-me a pensar se valerá a pena substituir a velha placa a gás por uma de indução e digitalizar a minha biblioteca. Acho que não.
Cecília Rezende
Sem comentários:
Enviar um comentário