D. Ângelo Bagnasco diz que
“é hora de acordar” e desafia cristãos a lutarem pela afirmação da
sua fé
Arcebispo de Génova
presidiu à segunda Peregrinação Internacional Aniversária do ano
Centenário das Aparições, sob o tema ‘Glória a Ti, Rainha da Paz’,
que hoje terminou em Fátima
O arcebispo de Génova e presidente do Conselho das Conferências
Episcopais da Europa (CCEE) afirmou que “é a hora” dos cristãos
acordarem e proclamarem a sua fé.
“Queridos amigos, a história que vivemos tem muitas nuvens, mas é a
hora do acordar. O ocidente parece perder a sua própria humanidade,
procurando ilusões que fazem muitas promessas mas que degradam. O
mundo proclama a vida e semeia a morte; declara a solidariedade e
fecha-se, prega o amor mas é individualista” afirmou D. Ângelo
Bagnasco durante a homilia da Missa internacional da Peregrinação
Aniversária de Junho, no Santuário de Fátima.
Para o cardeal genovês, o mundo vive hoje uma situação semelhante à
de há cem anos e as pessoas “começam a interrogar-se sobre o futuro
do mundo, sobre o destino da vida”.
“Como naquele 13 de Outubro de 1917 se começaram a ver uns flashes de
luz, assim no coração dos homens começam a surgir as perguntas
verdadeiramente importantes, a necessidade de verdade, a sede de amor
e de bem. Este é o acordar que já começou e que não vai parar”
destacou o presidente da CCEE.
A
importância de Fátima
D. Ângelo Bagnasco sublinhou a importância da resposta de Fátima
neste contexto “de tribulações e esperanças”.
“Em Fátima respira-se a fé! Onde está a Mãe, ali está o Filho, o
encontro é mais intenso, a caridade cresce, a fé é mais clara e
límpida: mais límpida porque mais essencial” referiu.
“Estamos aqui como peregrinos com as nossas tribulações e esperanças;
mas estamos aqui também como povo de Deus que representa a Igreja
dispersa por toda a terra; mais ainda, aos pés da virgem, queremos
trazer as angustias e os pedidos de toda a humanidade perdida e
sofredora, necessitada de luz e de amor”, disse ainda.
Sobre o lugar e o acontecimento de Fátima, o cardeal Ângelo Bangasco
afirmou que na mensagem deixada por Nossa Senhora os cristãos
encontram as respostas para a sua salvação e para a salvação do
mundo.
A Mensagem
de Fátima
“Porque vêm as pessoas a Fátima? Porque o coração humano tem
necessidade de palavras de vida eterna; porque todos desejamos uma
mãe que nos dê alento e nos acompanhe; porque o homem procura a
redenção das próprias fraquezas; porque a humanidade está fascinada
com a luz que brilha no meio das trevas; porque é atraída pela oração
que revela aquilo que somos, pequenos diante da majestade de Deus e
tomados sob o cuidado do sacrifício de Cristo”, disse.
“Redenção e pecado, luz e trevas, oração e conversão, amor,
sacrifício, salvação eterna… não é isto a substância da fé? E não
isto a mensagem de Fátima, o caminho da vida cristã? À luz da vida
dos pastorinhos, o fruto destas palavras não será a paz do coração e
a alegria da alma, seja qual for a circunstância?” questionou.
“Em Fátima continua a brilhar o sol, a luz que brota do seio da
Virgem Santa: Jesus Cristo”, concluiu o arcebispo de Génova.
O Alerta
para o perigo da desfiguração da fé
Já ontem na Missa internacional, depois da Procissão das Velas, D.
Ângelo Bagnasco, disse que os católicos devem rejeitar o perigo de
“desfigurar a fé”.
“Desfigurar a fé significa desfigurar o rosto de Jesus, significa
tirar do Evangelho a espinha dorsal da graça, da vida sobrenatural; é
reduzi-lo a um manual de sabedoria humana. As aparições de Nossa
Senhora convocam-nos ao coração da fé, sem o qual a vida seria
assimilada pela lógica do mundo”, afirmou.
O cardeal italiano, que proclamou a sua intervenção em português,
recordou a recente canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta
Marto, presidida pelo Papa Francisco a 13 de maio, e falou de um
Santuário “tão grande quanto o mundo”.
“Em Fátima tudo acontece na luz: os relâmpagos, a luz sobre a árvore,
o milagre do sol… tudo é luminoso. Mesmo as palavras mais sérias e as
mensagens mais exigentes iluminam a fé, a vida da Igreja, a história
do mundo”, assinalou.
O presidente do CCEE sublinhou a importância de duas palavras, na
Cova da Iria, “oração e penitência”.
Fátima como
um manto de luz
“Uma certa maneira de contar as notícias hoje em dia quer fazer-nos
crer que tudo é sombrio e que já não há esperança. Mas a realidade
não é assim: se olharmos as coisas mais de perto, descobrimos Deus em
ação”, advertiu.
D. Ângelo Bagnasco defendeu que esta recomendação à oração e
penitência não transmite uma “visão triste e sombria do mundo e da
vida”, mas, pelo contrário, exprime “a seriedade do amor de Deus por
nós que somos obra das suas mãos”.
O arcebispo genovês pediu aos peregrinos que não sigam o “modo de
pensar do mundo”, mas confiem na promessa deixada pela Virgem Maria
em Fátima, cujo “coração triunfa já secretamente em tantos corações:
é o triunfo de Belém, de Nazaré, do Calvário, é um triunfo secreto,
mas não menos glorioso, fascinante e eficaz”.
A segunda Peregrinação Internacional Aniversária do ano Centenário
das Aparições, sob o tema ‘Glória a Ti, Rainha da Paz’, trouxe a
Fátima um enorme grupo de peregrinos italianos, sendo considerada a
Peregrinação Nacional de Itália ao Santuário de Fátima.
Inscreveram-se no serviço de peregrinos 23 grupos italianos,
perfazendo um total de 1620 peregrinos deste país. Para além dos
grupos italianos, inscreveram-se mais 141 grupos de peregrinos num
total de 6623 peregrinos de 37 países, entre eles Estados Unidos,
Polónia, Vietname, Filipinas, Coreia do Sul, Singapura ou ilhas
Maurícias.
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