O mês de Junho convida a festas e arraiais ao ar livre que, sob a proteção dos santos populares, são propícios aos amores. Este ano, temo-nos deparado com algumas novidades, a primeira das quais nos chegou pela boca do Papa Francisco: “Temos mãe!” Esta breve frase, proferida no mês de Maio, convida a meditar no amor materno, sendo Nossa Senhora o seu melhor exemplo, pois nos ensina como se deve amar os filhos. É um amor autêntico, mas misterioso. Como pode uma mãe aceitar que o Filho deixe a sua casa para ir pregar, sabendo que terá de sofrer e ser morto em consequência dessa pregação? Até aí deve ir o respeito dos pais pela vocação dos filhos? Até aí deve ir a oferta de seus filhos que os pais fazem à sociedade, à pátria, a Deus...? No final do mês de Junho, encontramos a resposta por ocasião da festa do Sagrado Coração de Jesus: “Sim”.
Camila descobriu esse amor de modo inopinado. Andava esgotada por trabalhos, lutos e desgostos. Para se consolar, entrou na matriz da sua terra disposta a “oferecer” as suas penas ao sacrário. Porém, quando já se encontrava ajoelhada na primeira fila da igreja, ergueu os olhos e deparou-se com uma enorme e fidedigna imagem de um Cristo na Cruz, belo, imponente e sofredor. No seu íntimo, a oração mudou: “Não, Jesus, já basta o que sofreis, devolvei-me os sofrimentos que vim trazer-vos. Vós mos destes. São meus. Dai-mos de volta.” Logo uma enorme paz a invadiu. Estava feliz por corresponder ao amor divino. Para amar são necessários dois! E ela quis amar também.
Tinha razão, Camila. O tempo é de amores: terminam as aulas e, após os exames, há tempo para descansar e conviver. Stº António, S. João e S. Pedro, aí estão para nos estimularem, acompanhando os ensinamentos do Coração de Jesus, o amor do próprio Deus por nós. Nada menos! Que espanto!
A primeira reação deve ser, como a de Camila, agradecer e retribuir esse amor. O amor de Deus por mim é exclusivo? Pois o meu amor por Ele também deve ser exclusivo. E se, à sua semelhança, o amor do marido pela mulher é exclusivo, também o amor da esposa pelo marido o deve ser. O amor de Deus por cada pessoa é eterno? Pois deve ser eterno o amor por Deus. Deus quis amar os homens através de outros homens? Então, aceitaremos ser transmissores desse amor divino, cuidando dos que nos rodeiam. Deus amou-nos sem se poupar a trabalhos, incómodos, sacrifícios, sofrimento atrozes e até à própria morte? Suspirando, lutando contra os nossos sentidos e apetites, aprenderemos a amar com inteligência e vontade.
Chegam, depois, o verão e o outono com os seus frutos saborosos, resultado da perseverança nos múltiplos cuidados. Também os filhos amadureceram, tornaram-se responsáveis, trabalhadores, honestos, capazes (também eles) de amar. E a vida continua. É tempo de amores.
Isabel
Vasco Costa
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