Marvin Berkowitz é codiretor do Centro para o Carácter e Cidadania, da Universidade St. Louis, do Missouri, Estados Unidos da América. Creio que podemos afirmar que o grande desafio que abraçou foi o de procurar, encontrar e preparar (ou formar) boas pessoas capazes de desenvolver o potencial de bondade existente em cada homem.
O Professor Berkowitz define carácter em poucas palavras: “É o desenvolvimento da tendência de um indivíduo para querer, e ser capaz, de fazer o bem.” É essa a razão que o leva todos os anos a Singapura para apoiar o Ministério da Educação, pois o governo desta cidade-estado considera como prioridade a formação do bom carácter dos seus cidadãos. E este professor gosta de citar Theodore Roosevelt: “Educar a mente de uma pessoa e deixar de parte a sua moral é educar uma ameaça para a sociedade”.
Considera que esta boa educação começa com os pais e deve continuar nas escolas, aconselhando-as a seguir cinco passos nucleares que resumimos aqui:
1º) O carácter deve ser uma autêntica “prioridade” nos colégios. Deve orientar o caminho, na teoria e na prática, e ser uma parcela preferencial no destino dos recursos.
2º) Os colégios devem promover “relações” positivas de forma estratégica e intencional entre todos os grupos da escola (corpo diretivo, professores, alunos, pais, pessoal auxiliar,...).
3º) Deve orientar-se de forma eficaz para a interiorização de valores éticos fundamentais através da motivação “intrínseca”. Isto significa que devem evitar-se os elementos motivadores extrínsecos como prémios, recompensas e cerimónias de reconhecimento público, e determinar-se em dar exemplo de bom carácter e reservar os elogios para a esfera privada.
4º) Todos os adultos do ambiente escolar devem ser um “exemplo” daquilo que esperam ver nos seus alunos.
5º) “Partilhar poder”. É imprescindível ouvir e dar capacidade de decisão a todos os utentes escolares. Os alunos necessitam de ter uma voz autêntica, e o corpo diretivo deve nivelar a estrutura de governo, particularmente no respeitante ao seu pessoal. Poucos são os colégios que fazem isto e menos ainda os que o fazem bem.
E continua: Todos somos coautores e coproprietários desta viagem humana fundamental. Toda a sociedade sã quer que os seus cidadãos se preocupem pelo bem-estar dos outros, se responsabilizem pelas suas ações ou digam a verdade. Um dos maiores desafios na educação do carácter está em separar as verdades morais universais das convenções culturais. Devemos educar as novas gerações para que garantam a vida democrática e cuidem do mundo.
Estará esta tarefa ao alcance de todos? Atrevemo-nos a dizer que sim. S. Josemaria Escrivá, com a sua experiência de formador de almas, afirmava que bastava “raspar um pouco os corações para neles descobrir filões de bondade”, mesmo nos mais empedernidos. O desafio é aliciante e gratificante. Que o digam os pais e formadores! Geralmente, a boa semente lançada (com empenho e sacrifício, é certo) prende mais fundo e voa para mais longe, no tempo e no espaço, do que se tinha sonhado.
Fontes: “Nuestro Tiempo”, número 694, Universidade de Navarra e pesquisa na internet.
Isabel Vasco Costa
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