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Presidente da Cáritas Portuguesa recorda contactos diretos com a religiosa
Setúbal, 01 set 2016 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa,
Eugénio Fonseca, considera que foram a simplicidade e proximidade com os
pobres de Madre Teresa de Calcutá que levaram a uma santidade que o
povo já reconhecia, mesmo antes de anunciada a canonização.
A cerimónia em que a religiosa vai ser proclamada santa está marcada
para este domingo, na Praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma
em Lisboa), sob a presidência do Papa Francisco.
Para assinalar esta celebração, Eugénio Fonseca assina o texto ‘Os
pobres fizeram-na uma santa’, que vai integrar a próxima edição do
Semanário ECCLESIA, no qual o presidente da Cáritas Portuguesa recorda
as duas visitas que a fundadora das Missionárias da Caridade realizou a
Portugal, em 1982 e 1987.
Eugénio Fonseca, que teve ocasião de acompanhar Madre Teresa de
Calcutá, evoca a “simplicidade” da padroeira da instituição a que
preside e os seus gestos de “proximidade”.
“Transportava um saco de pano com duas pegas em madeira; com um olhar
que nos inundava de paz; um pouquinho já corcunda pelos milhares de
vezes que se inclinou para afagar os moribundos e os paupérrimos que
abundavam pelas ruas de Calcutá para os levantar e levar para sua casa, e
não por se ter curvado perante os poderosos para obter qualquer tipo de
privilégio; um andar sereno para conseguir fazer-se mais próxima”,
relata.
Na primeira visita a Portugal, para conhecer as condições em que as
Missionárias da Caridade trabalhavam na Diocese de Setúbal, a futura
santa encontrou-se com D. Manuel Martins, primeiro bispo sadino, e
mostrou o seu desagrado.
“As primeiras Irmãs foram habitar num apartamento para os lados do
Bairro da Camarinha. Recordo que isso não agradou à Madre Teresa que
preveniu o senhor bispo que daria ordens às suas irmãs para levarem os
indigentes que encontrassem nas ruas de Setúbal para casa dele. Dava uma
semana para que fosse encontrada uma moradia com espaço suficiente para
essa finalidade”, observou.
A exigência foi cumprida com brevidade, facto que alegrou a Madre
Teresa e levou-a a dar à nova casa o nome de «Causa da nossa alegria».
Eugénio Fonseca lembra ainda um encontro na Sé de Setúbal, onde a religiosa falou e rezou com as pessoas que enchiam o espaço.
À saída, “o povo só a queria tocar, pois estava já certo da sua santidade”.
O presidente da Cáritas Portuguesa guarda na memória a vontade de as
pessoas lhe “atirarem dinheiro, anéis e fios de ouro, pequenas folhas
escritas talvez com pedidos”.
“Impressionaram-me, particularmente, dois factos: uma mulher, com
cabelo já grisalho, que tirou o anel de noivado do dedo e o colocou no
saco; um jovenzinho escuteiro, estando já nós dentro da carrinha, bateu
no vidro, comovido, tirou o seu lenço de escuteiro que trazia ao pescoço
e disse no seu trémulo inglês: ‘não tenho dinheiro para os seus pobres,
mas dou-lhe o que, agora, mais valor tem para mim!’”, assinala.
Um testemunho de Eugénio Fonseca vai integrar a edição do programa
‘70x7’, este domingo, na RTP2, dedicado a Madre Teresa de Calcutá.
A futura santa, vencedora do prémio Nobel da Paz, faleceu em 1997 e foi beatificada por João Paulo II em 2003.
A canonização, ato reservado ao Papa desde o século XIII, é a
confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno
de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser
apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
LS
in
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