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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Mesmo que o Céu me Caia em Cima


O Monte Branco, a mais alta montanha dos Alpes e da União Europeia, que se estende pela Suíça, a Alemanha, a Itália e a França, foi uma das paisagens mais belas que tive a oportunidade de ver em toda a minha vida, no cume de um monte, no cantão suíço de Genebra, não muito longe da cidade com o mesmo nome, coberto de neve, rodeado por montes igualmente cobertos de neve, de um branco infindável, o impressionante silêncio da natureza e o céu azul num dia ímpar de sol. A natureza é muito pródiga na realidade. Há quanto tempo almejava estar ali bem de perto a vivenciar esse momento, já que só conhecia ao Alpes de passagem, quando os sobrevoava de avião. Quisera prolongar aquele momento ad eternum. Senti aqui a nossa impotência e a manifesta grandeza de Deus, a quem humildemente agradeci, a possibilidade de usufruir de um momento inesquecível. Num restaurante situado também no mesmo monte, ecoava o som do “Hino à Alegria”, composto por Ludwig van Beethoven, que foi adotado pelo Conselho da Europa em 1972 e mais tarde pela União Europeia enquanto seu hino oficial, em 1985, com o objetivo de exaltar os ideais europeus de liberdade, de paz e de solidariedade, utilizando a linguagem oficial da música. Reforço que senti ali a enorme grandeza do nosso Pai do Céu, comparada com a nossa pequenez, e muito grata porque, se somos seus filhos, também somos seus herdeiros. Perante este momento único, sublime, proporcionado pela natureza em que nem sequer sentia o frio gélido dos Alpes Suíços mas apenas uma sensação de paz e de bem-estar. Se o céu me caísse em cima naquele momento partiria feliz. Bem, talvez não, constitui apenas uma expressão, porque não tinha a família toda comigo. Era então muito nova, com inúmeros projetos para realizar, não me faltava o empenho e a criatividade.

Recordo que um dia alguém que muito admiro, me confidenciou: “Quando somos novos tudo parece realizável. Temos muito tempo pela frente. Com os anos, vem a maturidade, já pensamos duas vezes antes de avançar. Mantenha-se sempre com um espírito jovem, não perca os seus sonhos e projetos”. Quantas vezes, ao longo da minha vida, terei pensado nestas palavras! A vida, às vezes encarrega-se de nos trocar as voltas, contudo, o importante é nunca perder a esperança.

Mas a neve trouxe-me à memória um outro momento vivenciado. Tinha recebido uma bolsa para frequentar um seminário em Salzburgo (Áustria). De 10 1 17 de Julho de 1994, estive a adquirir novos conhecimentos e competências numa área que me era muito cara, subordinado ao tema: “Non-Governmental Organizations in Democratic Societies”, que teve lugar na Schloss Leopoldskron. A organização preocupou-se igualmente que a par da aquisição de conhecimentos de carater cientifico, também existissem momentos culturais e musicais, tendo promovido um passeio pela cidade e um concerto no Palácio situado ao lado, onde foi realizado o filme “Música no Coração”.

Face a este contexto, prometi a mim própria que não poderia deixar de mostrar aos meus filhos, este local maravilhoso. Posto isto, nas férias de Natal, deslocámo-nos a essa cidade inesquecível, que, se encontrava coberta de neve. Os mercadinhos de Natal, o convívio na rua, apaixonaram-nos. E, como não podia deixar de ser, programámos uma visita a uma estância de esqui “Obertauern”. Foi uma experiência única: poder observar os meus filhos a darem os primeiros passos algo receosos na neve e a rir com as suas quedas. Quanto a mim, preferi passear pela neve e observá-los. Não tinha a grandiosidade do Monte Branco mas certamente não deixava de fazer jus à sua beleza.

Recordo ainda que assistimos à Missa na Catedral de Salzburgo edifício de rara beleza datado do século XVII, situada no centro da cidade e dedicada a São Ruperto de Salzburgo, fundador desta cidade encantadora Depois, passeámos na feira artesanal situada em frente. A certa altura, um coro vestido com os seus fatos tradicionais tiroleses, surgiu nas escadas da Catedral e cantou músicas de Natal, entre elas a famosa “Noite Feliz” composta em 1818 bem perto de Salzburgo, em Oberdorf. Depois chegou a vez de usufruirmos de um momento musical. A Ópera das Marionetas, que os meus filhos muito apreciaram. Houve ainda um momento para subirmos no mais antigo funicular da Áustria até ao majestoso Castelo Wohensalzburg.

E o artigo vai longo. Mas não posso deixar de referir que foi a cidade onde nasceu Wolfgang Amadeus Mozart e que aí fixou a sua residência. Por toda a parte os chocolates com a sua fotografia não deixavam de todo esquecer este facto. Como não podia deixar de ser, visitámos a sua casa.

Hoje em dia a neve faz-me recordar os cabelos brancos. Fico maravilhada quando observo um casal de idosos, com os seus cabelos brancos, que ultrapassaram todas as vicissitudes que o viver a vida acarreta, mantendo-se unidos. Não há nada mais bonito.

Termino sem que o céu ainda me tenha caído em cima, mas agradecendo a Santa Maria, todos os bons momentos que vivenciei durante toda a minha vida, pedindo-lhe que continue a interceder por todos nós em particular pelos leitores.

Maria Helena Paes







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