Bom dia! Se ficou intrigado com o título desta mensagem, fique comigo até ao fim. Vai valer a pena, acredito. E coragem, que pelo meio há 16 notícias e uma confissão. O Papa chegou a Lisboa e que festa foi! Milhares de pessoas nas ruas, a acompanhar a passagem de Francisco, que teve um programa institucional – e não só. O discurso inaugural foi quase uma declaração de amor a Portugal, à sua história e à sua cultura – de Camões a Sophia. Marcelo Rebelo de Sousa, que recebeu Francisco com um sorriso constante, elogiou a “procura das periferias”, neste pontificado. Não surpreendeu, por isso, que no CCB se tenha falado da Ucrânia ou da crise ambiental. Horas mais tarde, após novo banho de multidão, o Papa dirigiu-se ao Mosteiro dos Jerónimos para traçar rumos de futuro aos católicos portugueses. Com uma linha fundamental da sua liderança: na Igreja cabem “todos, todos, todos”. Logo nesta homilia, Francisco abordou os “escândalos” que abalaram a Igreja e pediu que se ouçam as vítimas. Pouco depois, na Nunciatura, num encontro privado, deu o exemplo e recebeu 13 vítimas de abusos sexuais por membros do clero, saudado pela Conferência Episcopal Portuguesa.
O programa da JMJ foi mais disperso, esta quarta-feira, mas não menos intenso. Foram muitos os encontros de grupos, movimentos e institutos religiosos, como os Salesianos, que reuniram cerca de 9 mil jovens. Foi também o dia do desporto, mostrando que através do futebol também se pode conhecer Jesus Cristo. A manhã marcou a estreia do novo modelo de catequeses, o ‘Rise Up’, cuja primeira sessão foi dedicada aos temas da ‘Laudato Si’ e da ecologia integral. A reportagem da ECCLESIA esteve lá, para lhe contar, como esteve num dos projetos mais bonitos da JMJ, o ‘Igrejas Irmãs’. Se há histórias de que vamos atrás, outras vêm até nós, particularmente no Centro de Imprensa da JMJ 2023. Por lá passou esta quarta-feira Antonella Sciarrone, do Dicastério para a Cultura e Educação, que elogiou o compromisso das novas gerações. Outra voz importante foi a da irmã Nathalie Becquart, subsecretária-geral do Sínodo dos Bispos, que valorizou a experiência vivida nesta Jornada de Lisboa.
Hoje, o Papa passa pela Universidade Católica Portuguesa e o projeto ‘Scholas Occurrentes’, em Cascais, antes da celebração de acolhimento, na Colina do Encontro, naquele que vai ser o primeiro grande momento celebrativo entre Francisco e os jovens da JMJ Lisboa 2023. Agora a confissão: quando o meu diretor me pediu para escrever esta mensagem, hesitei - tinha acordado às 4 da manhã, em Roma, para poder acompanhar o Papa Francisco na sua viagem para Portugal, e escrevo agora mais de 20 horas depois. Mas não poderia deixar de vos falar sobre o dia em que um Papa citou nos seus discursos um dos poetas do meu coração, Daniel Faria. Deixo-lhe a ele as últimas palavras, com um dos poemas que me acompanha sempre: "Antes que a tua única herança seja a lembrança/Antes que o fio de prata se rompa e a roldana rebente no poço/Antes de tudo isto/Põe uma escada e sobe ao cimo do que vês”. Octávio Carmo |
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