Procuro aparentar calma, serenidade, tranquilidade, ainda que no fundo do coração um certo desassossego esteja latente. Penso na minha Mãe do Céu. Penso igualmente em Jesus. Eles sabem o que se passa, são os primeiros a saber. Certamente não vão ficar alheios a tanto sofrimento, a tanta ansiedade e vão ajudar. Às vezes os acontecimentos parecem não fazer sentido. Quando tudo aparentava começar a encaixar, surge o imprevisto, o que estava latente mas adiado sine die com a esperança que nunca viesse a acontecer. Mas os milagres acontecem. Peço-te, Virgem Maria, mais este favor. Tu, que és Mãe, sabes que os teus filhos estão sempre necessitados do teu apoio, da tua intercessão. Não é verdade que se diz que a Jesus se vai por Maria? Ainda há poucos dias terminou a Novena da Imaculada Conceição; estamos no Advento, logo, posso pedir-te esta prenda com muito amor. Por favor intercede junto do teu Filho para que tudo corra pelo melhor. Lembra-te desta tua filha que não te merece mas que ousa pedir o teu apoio. No teu regaço deixo as minhas preocupações. Sei que não me encontro só nesta caminhada que não me vais abandonar. Mas faça-se, cumpra-se, a amabilíssima vontade do Teu Filho.
O vento sopra com força. Chove. Por toda a parte surgem árvores caídas, pequenos acidentes provocados pela tempestade. Ao menos, depois dos terríveis incêndios deste ano, da seca severa e extrema, agora chove e nalgumas zonas neva. Quase tudo tem um lado positivo versus um negativo. O que é bom para umas coisas tem um lado negativo para outras. E a vida continua, imparável, impiedosa, apesar de todos os acontecimentos. O relógio não para, tem de cumprir a sua missão de dar horas. Jerusalém o que vai ser de ti, agora que alguns se lembraram de te reconhecer enquanto capital de Israel? Torna-se necessário sermos semeadores de paz. Não fomentar a guerra, as divisões. Tudo me faz recordar o quadro o grito do pintor norueguês Edvard Munch, uma obra expressionista, que o Museu Albertina alberga, em Viena de Áustria. Impressionou-me tanto esta pintura, por simbolizar magistralmente o ar de desespero, de conflitos, de dor, de angústia, das dificuldades da vida, de melancolia, de ansiedade, traduzidos num grito que vem do fundo do coração. Edvard Munch referiu: “A natureza não é só o que é visível ao olhar…, inclui também as pinturas interiores da alma”. Muito sofrido, na sua vida familiar, as suas pinturas deixam transparecer a fragilidade e a transitoriedade da vida.
Mas precisamente, porque depois da tempestade vem a bonança, com algum grau de frequência, esta parece tardar em aparecer. Há alguns dias, veio-me ao pensamento a importância da oração, mais precisamente a oração em cadeia com um objetivo determinado. Isto porque tinha recebido um email dos Estados Unidos, em que um movimento católico salientava a importância de se congregarem esforços, de se apoiarem as famílias, através da oração, em prol de uma intenção comum, recorrendo à intercessão de Nossa Senhora de Fátima. Fiquei a refletir sobre o assunto. A invocação de Nossa Senhora de Fátima ultrapassou as fronteiras, é universal, venerada em todo o mundo! A devoção ao terço enquanto uma força insubstituível para se obterem graças criou diversos movimentos. Veio-me ao pensamento a comunhão dos santos. Por ironia do destino, conhecia a pessoa que liderava o movimento. Pareceu-me bastante séria, credível, com boas intenções. Ainda bem que surgem coisas boas. Ajudam muito, particularmente quando se vivenciam momentos mais difíceis e em que nos falta alguma energia para rezarmos tão bem conforme gostaríamos. Mas Deus é Pai e compreende a nossa dificuldade. Mas também é bom saber que há outras pessoas que rezam por nós. Assim, o pedido que fazemos, através da oração, tem mais força. O próprio Jesus disse: “ Se dois ou mais se reunirem em meu nome, sobre qualquer coisa que queiram pedir, meu Pai que está no Céu o concederá. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio deles”.
Concluo, referindo que o grito do fundo do coração, pode bem vir a ser de alegria, por uma graça concedida. Como já atrás referi, a Jesus vai-se por Maria, Rainha da Família. O terço tem muito poder para obter as graças que necessitamos. Os milagres acontecem…
Maria Helena Paes |
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