Fechou-se o ciclo das férias. Abre-se agora outro. Na realidade tornou-se importante usufruir de um período de descanso, fazer coisas diferentes do habitual, relaxar, pôr a leitura em dia, fazer uma pausa nas preocupações do diárias, usufruir da presença da família, o que às vezes nos obriga a trabalhar mais do que habitualmente, mas fazendo-o com o maior gosto. Muito me ajudou um pensamento de S. Josemaria no seu livro Sulco: “Sempre entendi o descanso como afastamento do trabalho diário: nunca como dias de ócio. Descanso significa represar: acumular forças. Ideias, planos… Em poucas palavras: mudar de ocupação para voltar depois com novos brios- à atividade habitual”.
Bem, no meu caso particular, com as forças retemperadas, tudo parece tornar-se agora mais fácil. Aproxima-se a passos largos o regresso às aulas. Torna-se necessário enquanto avó dar o meu modesto contributo para que tudo corra pelo melhor com as crianças no processo de aprendizagem, de socialização, de aquisição de novos conhecimentos e competências, sobretudo, dos valores que se irão materializar futuramente no seu enriquecimento intelectual, cultural, relacional, comportamental permitindo que adquiram as bases essenciais, se possíveis sólidas, para enfrentarem o futuro que a Deus pertence.
Começo a ficar algo stressada a pensar na correria que aí vem. Mas como é bom os avós poderem ser úteis aos filhos e netos! Bem, o melhor é não me agitar muito e viver o tempo presente. Mas o meu coração ainda se encontra na Vila da Ericeira. Que férias fantásticas, também repletas de história! Há tanto para contar… O melhor mesmo é regressar ainda que seja em pensamento. Posto isto regresso à Praia do Sul com um dia esplendoroso de sol, as gaivotas senhoriais a esvoaçarem num céu muito azul, mas também com muitas algas, água fria para meu gosto, as crianças a brincarem numa piscina natural. Quanta alegria! Olho para o relógio, faz-se tarde para ir assistir à missa que será celebrada na Igreja paroquial de S. Pedro da Ericeira. Não a conhecia pelo que tinha alguma curiosidade. Na documentação que me tinha sido facultada, referia que era o templo maior e mais rico desta vila, que se encontra documentada desde 1446, sendo na época uma pequena capela fora da vila, que só terá passado a igreja matriz em 1530, época a que pertence a imagem renascentista de S. Pedro, situada sobre a porta lateral. Na capela batismal existe ainda uma cantaria de recorte manuelino que constitui o seu elemento mais antigo. Na primeira metade do século XVII, fizeram-se importantes obras de renovação que foram concluídas em 1745 em que se contratou a feitura do retábulo-mor, estilo rococó, tal como os belíssimos painéis de azulejo de nave, onde se encontram representadas cenas da vida do orago. Na capela-mor, em talha dourada e cantaria, Veem-se quatro telas alusivas ao ciclo de pesca milagrosa de S. Pedro, um dos doze apóstolos que Jesus escolheu, pescador no mar de Tiberíades, na Galileia, sendo por este motivo, patrono dos pescadores. A S. Pedro Jesus confiou a missão de, em seu nome, ser “pastor” universal. “Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
A brochura recolhida na Igreja de S. Pedro recorda-nos que: “Uma igreja é lugar de memória viva de Deus…, um lugar da presença de Cristo, onde escutamos a Sua palavra e celebramos os Sacramentos que nos renovam, nos fortalecem e nos unem… Somos pedras vivas da Igreja de Cristo…, peregrinos a caminho dos novos céus e da nova terra, o Reino de Deus”.
Fiquei maravilhada com a beleza desta Igreja, bem como a atenção, amor e dinamismo do seu pároco. Não resisto a referir um episódio a que tive ocasião de assistir: Quando o sacerdote ia começar a fazer a sua homília, um jovem que assistia à missa entrou em fase de descompensação, tendo começado a gritar, interrompendo a celebração. A assistência atrás de mim agitou-se um pouco, certamente no intuito de ajudar. Não me quis virar, dado que a igreja estava repleta; logo, haveria participantes bem mais perto que poderiam apoiar o caso. Depois de a situação se encontrar ultrapassada, tranquilamente o sacerdote retomou a homília, não sem antes, no intuito de nos tranquilizar, o que muito agradeci intimamente, já que, como todos certamente, estava preocupada, referiu o seguinte: “Está com a mãe, está bem!” Esta frase teve um efeito tranquilizante enorme. Depois acrescentou que o jovem estava a atravessar um período mais complicado devido ao falecimento recente de um amigo. Por fim, no final da oração dos fiéis, todos rezámos pelo jovem e pelo seu amigo.
Fiquei muito sensibilizada pela positiva com este episódio, pelo seu esclarecimento, pela oração comunitária. Bem-haja! Que Nossa Senhora o ajude a levar a sua missão em frente. A oração é sempre fecunda, aproxima-nos de Deus que nos ouve sempre.
Maria Helena Paes |
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