Em
silêncio e de olhar fixo na terra, de novo... Há poucos dias faleceu D. António
Francisco dos Santos; este
domingo, morreu D. Manuel Martins, aos 90 anos. Um bispo cujo cargo
não fagilizou o caráter e de quem ouvi um dia dizer que quando um filho faz uma
asneira pode precisar mais de um beijo do que de um castigo.
Primeiro
bispo de Setúbal entre 1975 e 1998, fica na História da diocese e do país
pela determinação e frontalidade que colocava nas suas intervenções sociais,
na defesa da liberdade e na denúncia das desigualdades entre os humanos.
Assim o recordou o presidente
da República, o primeiro-ministro
português, o porta-voz
da Conferência Episcopal Portuguesa, o bispo de
Angra, entre muitas
outras reações.
De
palavra firme e oportuna, o bispo de Setúbal entre 1975 e 1998 comprova que,
no seu caso, o cargo não diminui o caráter. Pelo menos na denuncia das
injustiças e no combate à fome numa região em reconstrução social. Quando
chegou à Diocese do Sado, disse: “Nasci bispo em Setúbal, agora sou de
Setúbal. Aqui anunciarei o Evangelho da justiça, da paz e do amor”. Uma
afirmação que repetiu 4 décadas depois, na celebração
dos 40 anos de ordenação episcopal.
Foi
nessa ocasião que ouvi uma das suas frases que mais recordo: “Um filho
que procede mal pode precisar de um beijo". Um bom conselho para os
pais, fundamentado por certo na sua experiência de "paternidade"
junto de tantos desempregados, toxicodependentes e esfomeados que encontrava
nas madrugadas de cada dia.
Obrigado,
D. Manuel Martins!
Paulo Rocha
PS. As
exéquias fúnebres de D. Manuel Martins vão celebrar-se na terça-feira, pelas
15h00, no Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos - Porto), terra natal do
bispo emérito de Setúbal; o seu corpo vai estar em câmara ardente no
Mosteiro, esta segunda-feira, entre as 09h00 e as 24h00, e terça-feira,
dia 26, entre as 09h00 e as 12h00.
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segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Quando o cargo não diminui o caráter
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