A crença na Conceição Imaculada da Virgem Maria perde-se no tempo. No ano 656, no X Concílio de Trento, foi fixado o dia 8 de Dezembro como festa principal da Imaculada, sendo comemorada na Igreja Oriental, na Península Ibéria, na Irlanda e em Inglaterra.
Portugal nasceu sob o signo de Deus e o Milagre de Ourique. O nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques foi um grande devoto de Nossa Senhora e desde os primeiros alvores da nacionalidade, a Virgem Santíssima conquistou com esse título o coração dos portugueses e por todo o reino se foram erguendo muitos templos em Sua honra.
Conta-se que, um pouco antes da Batalha de Ourique, D. Afonso Henriques foi visitado por um velho homem, que o rei acreditava já ter visto em sonhos. O homem fez-lhe uma revelação profética da vitória. Disse-lhe também para, na noite seguinte, sair do acampamento sozinho, logo que ouvisse a sineta da ermida onde o velho vivia. O rei assim fez. Foi então que um raio de luz iluminou tudo em seu redor, deixando-o distinguir, aos poucos, o Sinal da Cruz e Jesus Cristo crucificado. Emocionado, ajoelhou-se e ouviu a voz do Senhor, que lhe prometeu a vitória naquela e noutras contendas. No dia seguinte, D. Afonso Henriques venceu a batalha.
Em homenagem a este milagre decidiu que a bandeira portuguesa passaria a ter cinco escudos ou quinas, em cruz, representando os cinco reis vencidos e as cinco chagas de cristo.
Luís de Camões faz referência a esta Batalha várias vezes em «Os Lusíadas», canto III, estâncias 42-53.
Anos mais tarde, quando naquele longínquo mês de Maio de 1147, o nosso primeiro Rei meditava no plano da reconquista de Lisboa aos mouros, eis que do mar imenso surge o auxílio necessário: a Virgem Maria! Uma Sua imagem, lindíssima, vem na primeira linha da luzida Armada de Cruzados, composta por cerca de 13 mil homens distribuídos por 200 navios, provenientes da Alemanha, da Flandres, da Normandia e, maioritariamente, da Inglaterra. Havia partido do porto inglês de Dartmouth e dirigia-se à Terra Santa para resgatar aos infiéis os Lugares de Jesus.
Sabendo o nosso piedoso monarca qual o destino dos Cruzados, pede-lhes ajuda na conquista de Lisboa, argumentando que muito agradaria a Deus que nesta terra mais ocidental da Europa, aonde havia chegado o Apóstolo São Tiago Maior, se consolidasse a fé cristã. Depois de terem estado vários dias aportados no Porto onde decorreram as negociações sob a mediação do Bispo do Porto, D. Pedro de Pitões, fundeiam no Tejo a 29 de Junho de 1147. A tomada de Lisboa irá demorar 4 meses!
O Rei fez um voto que de imediato cumpriu quando as portas da cidade se abriram, em 25 de Outubro de 1147, quatro dias após a rendição do governador muçulmano: edificar em honra da Santíssima Virgem um templo onde o povo de Lisboa pudesse venerar aquela sagrada imagem e que permanecesse como memória, para os vindouros, da protecção prestada pela soberana Rainha àqueles valentes soldados que, movidos pela fé cristã, animados pela esperança e abrasados pela caridade, de forma humanamente inexplicável, dado o poderio das forças infiéis, dilataram o reinado de Cristo e conquistaram a cidade de Lisboa.
Nesse local, a 21 de Novembro do ano da conquista, D. Afonso Henriques lançou a primeira pedra da Igreja para onde foi trasladada a sagrada imagem da Virgem Maria que o povo começou a invocar como a Nossa Senhora dos Mártires, em honra dos seus mártires. Pela sua importância religiosa e pastoral nos finais do século XIV, o Papa Urbano XIV elevou a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires à dignidade de Basílica. A Liturgia assinala a 13 de Outubro o aniversário da dedicação de Nossa Senhora dos Mártires.
Assim foi, anos a fio, até que a comemoração do início das aparições de Nossa Senhora em Fátima, na Cova da Iria, foi elevada à categoria de Festa, a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Coincidência significativa, como relatam os jornais da época, quando naquele Domingo, 13 de Maio de 1917, ao meio dia, a Senhora mais brilhante que o sol, apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta, na Basílica dos Mártires, a abarrotar de fiéis, celebrava-se um solene Te Deum em honra da Padroeira.
Em meados do século XIX, como consequência do anticlericalismo radical de alguns historiadores, nomeadamente, Alexandre Herculano, foram retirados estes episódios da História de Portugal, passando alguns a ser considerados meras lendas. Não obstante a intenção de apagar da memória do nosso povo todas as marcas religiosas que fazem parte duma cultura assente na fé, vivida e praticada ao longo de séculos, somos confrontados com um crescente inimaginável de devoção e de adoração a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com consequente aproximação e praticas religiosas plenas de fervor, vindas não só do nosso povo, mas também de todo o mundo, como nos é dado presenciar em Fátima, aquando da vinda do Papa Francisco como peregrino, em Maio, mas também em muitas outras ocasiões em que se vêem preregrinos de todas as nações, raças e línguas.
Perante os dramas da humanidade, no turbulento ano de 1917, em plena Primeira Guerra Mundial e no contexto da Revolução de Bolchevique, Nossa Senhora desceu à terra, ao seio do povo de quem era a Padroeira, para nos desafiar, convocar e comprometer com a grande Missão de que era portadora: O triunfo do Seu Imaculado Coração como garantia do dom da paz para o mundo.
A sombra luminosa de Fátima cobriu o mundo do século XX, o século mais terrível e sangrento de toda a história mundial, a Virgem desceu do Céu e veio junto do povo que, ao longo da sua existência como nação, sempre A teve a seu lado como Nobre Padroeira e Mãe Santíssima.
Maria Susana Mexia |
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