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domingo, 17 de setembro de 2017

Aparições marianas em Portugal. Porquê? - Milagrosa independência - Segunda parte

Na Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385, D. Nuno Álvares Pereira comandou a vanguarda do exército Português, que enfrentava um inimigo quatro a seis vezes mais poderoso, vencendo-o mais pelo poder da oração e da sua estratégia militar (táctica do combate em quadrado) do que pelo poder das armas.

Esta batalha viria a ser decisiva para o fim da instabilidade política de 1383-1385 e um marco muito importante na História de Portugal porque evitou que o País caísse nas mãos de Castela e perdesse a sua independência.

Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, em Outubro de 1385, foi travada em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde. Conta-se que na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Temendo-se o pior, o seu escudeiro acabou por encontrá-lo em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: "Nada de orações, que morremos todos! Responde então D. Nuno, suavemente: "Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar". Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa.

Diz-se que foi sua mãe quem bordou o famoso Estandarte com a Cruz de Cristo, a cena do calvário em que Cristo diz para São João “Eis a tua Mãe” e para a Virgem; “Eis o teu Filho”, e as imagens de Maria com o Deus Menino, e os seus patronos São Tiago e São Jorge. Era diante deste estandarte que D. Nuno se ajoelhava e orava fervorosamente, antes de todas as batalhas, pedindo mais a paz e o bem das almas dos que iriam combater e falecer, do que propriamente uma vitoria triunfal para os seus exércitos.

D. João I manda erguer, por sugestão de D. Nuno, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, em acção de graças à Virgem pela vitória de Aljubarrota. Luís de Camões faz referência ao Condestável várias vezes em «Os Lusíadas». O "forte Nuno", como Camões o designa, aparece logo evocado na 12ª estrofe do canto primeiro, "por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço", e no canto oitavo, estrofe 32, 5.º verso, "Ditosa Pátria que tal filho teve".

D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, por ser devotíssimo da Virgem Santa Maria, que respondeu às suas preces em Valverde, Atoleiros e Aljubarrota, mandou construir a Igreja de N. ª Sr. ª da Conceição em Vila Viçosa, e encomendou, para o efeito, em Inglaterra a imagem de Nossa Senhora da Conceição. E quando ingressa no Convento do Carmo em Lisboa como irmão leigo, usa apenas o nome de Frei Nuno de Santa Maria.

Ao morrer a 14 de Agosto de 1433, aos 76 anos de idade, o primeiro Rei da dinastia de Avis, D. João I, sentia-se velho e alquebrado, devido a tantas lutas que teve de travar com Castela para garantir a independência da Pátria, mas também a nível interno, para garantir a unidade nacional e a supremacia da Coroa e ainda devido à difícil situação financeira de Portugal. Em todo este percurso, apoiou-se sempre na Padroeira, servindo-se das dificuldades para mais aprofundar a Consagração Mariana em que nasceu Portugal, tornando-se Nossa Senhora, a Madrinha da nossa independência.   
  
A branca e luminosa Rainha do Santíssimo Rosário apareceu em Fátima para recordar aos homens que não obstante os tempos tempestuosos, A teriam sempre como Aliada e Vencedora de todas as batalhas. Daí a recomendação da reza do Terço e a devoção ao Seu Imaculado Coração para restabelecer a comunhão do mundo com Deus, superar a força do pecado e salvar o homem do próprio homem que perdeu o sentido de tudo o que era verdadeiramente humano e se brutalizou numa destruição e mortandade sem igual ao longo de toda a história: duas guerras mundiais com milhões de mortos e muito mais de feridos; o surgimento do totalitarismo- nazista, fascista e bolchevique- intrinsecamente violento e com os seus campos de concentração e genocídios; o ateísmo militante, com perseguições religiosas sistemáticas; a sequência de revoluções e guerras civis, incluindo o amplo uso da tortura; a corrida às armas nucleares que gerou o perigo duma guerra e ameaçou destruir o planeta e o flagelo do terrorismo que alastra nos nossos dias tornando-se uma calamidade sem fim à vista.

As aparições foram a última aliança de Nossa Senhora com Portugal, uma resposta do Céu às contínuas Alianças dum povo e duma nação que, desde os primórdios, elegeram a Virgem Maria como sua Padroeira.

«Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste Maria da tua boca, não se afaste do teu coração; e, para conseguires a sua ajuda intercessora, não te afastes tu dos exemplos da sua virtude. Não te extraviarás se a seguires, não desesperarás se a invocas, não te perderás se nela pensas. Se Ela te sustiver entre as suas mãos, não cairás, se te proteger, nada terás a recear; não te fatigarás, se Ela for o teu guia; chegarás felizmente ao porto, se Ela te amparar». S. Bernardo

Maria Susana Mexia



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