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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Alianças em tempos de guerra


«Com a Revolução Constitucional de 1820 inicia-se, em Portugal, a época do Liberalismo. Se analisarmos as diversas legislações, as diferentes instituições e os costumes da nossa vida moderna portuguesa, concluiremos que, em grande parte, têm as suas origens na época liberal. Por isso, “a época do liberalismo”(…) constitui um momento fundador. (…) quase tudo teve as suas origens e ficou esboçado sob o domínio liberal, incluindo, como seria de esperar, o lugar da Igreja na vida pública portuguesa. (…)

Atualmente, costumamos identificar “liberalismo” mais com opções económicas do que políticas, porém, os ideais liberais do século XIX não se reduziram à fundação e implementação da “economia de mercado”, mas foram mais longe, assumindo-se como um projeto político transformador da sociedade, no qual a “questão religiosa” se tornou crucial. (…)

Em Portugal, este radicalismo foi assumido sobretudo por muitos que entre 1880 e 1900 passaram dos meios liberais para o então chamado movimento republicano. Proclamada a republica em 5 de outubro de 1910, no dia 8 do mesmo mês deu-se início à perseguição da Igreja, com o primeiro decreto do ministro da Justiça, Afonso Costa, que mandava pôr em vigor as leis de Pombal contra os jesuítas e as de Joaquim António de Aguiar contra as casas religiosas. (…)

Nesta era de pressão do racionalismo e do controlo científico, percebemos um aumento de aparições, algumas das quais deram lugar a contínuas peregrinações e exercem profunda influência na vida dos fiéis. A partir do século XIX e até aos nossos dias, vivemos a era das grandes aparições marianas examinadas e aprovadas a nível diocesano e aceites ou recomendadas pelos romanos pontífices ( Santa Catarina Labouré – 1803; La Salette – 1846; Lourdes – 1858; Pontmain – 1871; Fátima – 1917; Beauraing – 1932 e Banneaux – 1933). Todas elas estão unidas a mensagens e às vezes a “segredos”. Os videntes não pertencem à categoria dos apóstolos e dos profetas como nos primeiros tempos, nem dos religiosos da Idade Média, mas são geralmente crianças de camadas sociais baixas. Se o povo se sintoniza imediatamente com elas e acolhe a sua mensagem, os teólogos têm de se debruçar sobre os fenómenos e têm de se ocupar em estabelecer o grau de credibilidade que se deve reconhecer as tais videntes. (…)

No turbulento ano de 1917, em plena Primeira Guerra Mundial e no contexto da Revolução Bolchevique, Nossa Senhora fez uma aliança com o povo desta Terra de Santa Maria. Perante os dramas da Humanidade, a Mãe de Deus, segundo afirmou São João Paulo II na sua visita a Fátima em 1982, não poderia deixar de ouvir os clamores dos seus filhos feridos: eis a resposta do Céu às constantes alianças do povo português com a sua Padroeira. (…)

De facto o centro da mensagem de Fátima é a veemente incitação a que nos convertamos a Deus de todo o coração… ». In: NOSSA SENHORA E A HISTÓRIA DE PORTUGAL – ALIANÇAS COM SANTA MARIA, de D. Francisco José Senra Coelho, PAULUS Editora, 2017. 

Nunca é demasiado recordar o nosso passado, nomeadamente em tempos de fugacidade, onde tudo parece voar, fugir e desmoronar-se. 

Nada nem ninguém é fruto do acaso, mas consequência dum projecto divino. Saber de onde vimos ajuda a compreender para onde vamos e por que caminho nos convém ir…

Com tanta agitação mediática, aconselho vivamente os leitores a procurarem informação credível e a conhecer a História nas suas fontes originais... 

Rafael S. Silva



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