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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Unidade, Solidariedade e Coesão Social

Há já alguns dias, mais precisamente a 19 de Novembro de 2017, comemorou-se o 1º Dia Mundial dos Pobres. Nesse mesmo dia senti uma enorme ambivalência dentro de mim que não me permitiu escrever este artigo, ou seja, por um lado encontrava-me feliz por mais esta iniciativa tomada pelo Santo Padre, na sequência do Jubileu da Misericórdia. A proclamação deste dia tem como objetivo primordial o de as comunidades cristãs se tornarem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e pelos mais carenciados…”. O Papa convida a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar, neste dia, o olhar em todos aqueles que estendem as suas mãos, invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade… Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que infelizmente ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão. Referiu ainda a necessidade de “Amar com obras e não com palavras”. 

Na realidade, nesta minha ambivalência, não por discordar de todo do Papa, mas, unicamente, pelo facto de tantos séculos depois da vinda de Cristo, ainda ser necessário apelar à boa vontade do ser humano. Bem sei que Jesus disse que haveria sempre pobres entre nós. Claro que sim e por diferentes motivos, tais como os cataclismos, as guerras, incêndios, entre outros. Mas, com todos os mecanismos possíveis para apoiar. Tanto sofrimento desnecessário, tantas lutas, tantas guerras, tantos atentados, os muros que se constroem… Tudo isto sem necessidade. Sim, o que falha? Continuamos a apelar ao progresso, ao desenvolvimento sustentável, à solidariedade, à paz… Dominus meus, Deus meus. Onde falhamos? Na verdade são os homens os responsáveis, onde me incluo.

Será que fazemos o suficiente para acabar com a pobreza e tudo o que a envolve e provoca? Hoje em dia somos mais conscientes, mais informados, a sociedade civil tem voz, (pelo menos em alguns locais e países). Contudo, parece que continua a ser necessário celebrar os dias mundiais para chamar a atenção de todos nós. O meu coração chora, chora mesmo, de cansaço, de inércia, de impotência. Até quando? Que mais se pode fazer? 

Bem sei que a vida hoje em dia tem outro grau de exigência, mais solicitações e dispersões, em particular para quem vive na cidade. Também o composto do agregado familiar é menor. Temos de nos desdobrar para tentar conciliar todos os afazeres familiares, em particular, quando existem dependentes e ascendentes a cargo, as obrigações profissionais, ficando em consequência, menos tempo disponível para as ações de cariz social. Mas os equilíbrios existem, pois existem pessoas com uma maior disponibilidade e com a formação necessária para os casos mais específicos que requerem um maior cuidado. Também os diferentes movimentos promovidos pela sociedade civil têm um papel preponderante e de louvar. A própria ONU tem como objetivo principal a erradicação da pobreza em pelo menos metade, até ao ano 2030. Constitui mesmo o Objetivo nº1 do Desenvolvimento Sustentável a Erradicação da Pobreza. 

Pensei concluir este artigo recordando que no dia 26 de Novembro foi celebrada na Cova da Iria a Missa que marcou o encerramento das Celebrações do Centenário das Aparições da Virgem Maria em Fátima. O bispo de Leiria-Fátima referiu na ocasião que os agora santos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto eram “exemplo vivo de acolhimento, na sua entrega a Deus e no seu amor pelos pobres, doentes e aflitos, bem como na sua oração pela paz no mundo”. Eram apenas duas crianças, o que prova, que todos podemos de algum modo contribuir para a erradicação da pobreza.

Concluo, recordando que se aproxima a data da Novena da Imaculada Conceição, Rainha da Esperança, da Família, da Paz, que nos apresenta a figura da humanidade perfeita. Mãe do Céu, rogai por todos nós para que a pobreza em todas as suas formas venha a ser ultrapassada, fazendo apenas parte integrante da história do passado.

Maria Helena Paes







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