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segunda-feira, 12 de junho de 2017

A Santíssima Trindade faz irradiar «uma nova luz sobre a terra»

Palavras do papa antes do angelus do 11 de junho de 2017

Angelus 11/06/2017, CTV
Angelus 11/06/2017, CTV
«Deus procura-nos atende-nos e ama-nos sempre em primeiro lugar. É como a flor da amendoeira, como diz o profeta: ela é a primeira a despontar», explicou o papa Francisco antes do angelus deste domingo, 11 de junho de 2017, na Praça de S. Pedro, na festa da Santíssima Trindade, na presença de 15.000 pessoas.
Porque a Santíssima Trindade « fez irradiar uma nova luz sobre a terra e no coração de todo o ser humano que a acolhe; uma luz que revela os lados sombrios, as durezas que nos impedem de dar bons frutos de caridade e de misericórdia».
«A comunidade cristã, sublinhou o papa, apesar de todos os limites humanos, pode tornar-se um reflexo da comunhão da Trindade, da sua bondade e da sua beleza. Mas isso, como o próprio S. Paulo o testemunha, passa necessariamente pela experiência da misericórdia de Deus, do seu perdão».
O papa convidou os batizados a rezarem à Virgem Maria para que ela os ajude “a entrar cada vez mais, (…) na comunhão trinitária, para viver e testemunhar o amor que dá sentido à vida.
Eis a nossa tradução das palavras do papa Francisco antes da oração do ângelus.
AB
Antes do Angelus
Caros irmãos e irmãs, as minhas saudações!
As leituras bíblicas deste domingo, festa da Santíssima Trindade, ajudam-nos a entrar no mistério da identidade de Deus.
A segunda leitura apresenta os votos que S. Paulo dirige à comunidade de Corinto: « Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós» (2 Cor 13, 13).
Esta «bênção» do apóstolo é o fruto da sua experiência pessoal do amor de Deus, esse amor que o Cristo ressuscitado lhe revelou, que transformou a sua vida e o «empurrou» a levar o evangelho aos gentios.
A partir dessa experiência de graça, Paulo pode exortar os cristãos por estas palavras: «sede alegres, procurai a perfeição, encorajai-vos mutuamente, […] vivei em paz» (v. 11). A comunidade cristã, apesar de todos os limites humanos, pode tornar-se um reflexo da comunhão da Trindade, da sua bondade, da sua beleza. Mas isso, como o próprio Paulo o testemunha, passa necessariamente pela experiência da misericórdia de Deus, do seu perdão.
É o que acontece aos judeus no caminho do Êxodo. Quando o povo rompeu a aliança, Deus apresentou-se a Moisés na nuvem para renovar o pacto, proclamando o seu nome e o seu significado: «o Senhor, Deus misericordioso e compassivo, lento para a ira e rico em amor e em fidelidade» (Ex 34, 6). Este nome exprime que Deus não é distante nem fechado em si mesmo, mas que é Vida que quer comunicar-se, que é abertura, que é Amor que resgata o homem da sua infidelidade, porque se oferece a nós para preencher os nossos limites e as nossas carências, para perdoar os nossos erros, para nos reconduzir ao caminho da justiça e da verdade. Esta revelação de Deus chegou à sua plenitude no Novo Testamento, graças à palavra de Cristo a da sua missão salvífica. Jesus manifestou-nos a face de Deus, Um na substância e Trino nas pessoas. Deus é na totalidade e unicamente Amor, numa relação subsistente que cria, resgata e santifica todas as coisas: Pai, Filho e Espírito Santo.
O Evangelho de hoje «coloca em cena» Nicodemos, que, embora ocupasse um posto importante na comunidade civil e religiosa da época, não parou de procurar Deus. E eis que ele se apercebeu do eco da voz de Deus em Jesus. No decorrer do diálogo nocturno com o Nazareno, Nicodemos compreende finalmente que ele é já procurado e atendido por Deus, que Deus o ama pessoalmente.
Deus toma a iniciativa: vem à nossa procura, atende-nos e ama-nos sempre em primeiro. É como a flor da amendoeira, como diz o profeta: ela é a primeira a florir (cf Jer 1, 11-12).
Jesus fala a Nicodemos deste modo: «Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho único, para que quem acredita nele não se perca, mas obtenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Em que consiste essa vida eterna? É o amor gratuito e sem medida do Pai que Jesus deu sobre a cruz, oferecendo a sua vida para nossa salvação. Esse amor, pela ação do Espírito Santo, fez irradiar uma nova luz sobre a terra e em todo o coração humano que o acolhe, uma luz que revela os lados sombrios, as durezas que nos impedem de dar bons frutos de caridade e de misericórdia.
Que a Virgem Maria nos ajude a entrar cada vez mais, com todo o nosso ser, na comunhão trinitária, para viver e ser testemunhas do amor que dá um sentido à nossa existência.
© Tradução de ZENIT, P. Joaquim Domingos Luís
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